Serviço (2013) - Castello Branco
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Serviço. Essa foi a palavra que mais ouvi na minha infância. Ter sido criado em um monastério não fez de mim um monge, nem me deixou mais próximo de Deus do que você, porém, me trouxe o real significado de fé e o discernimento do que podemos buscar com isso. Quando fiz 4 anos, me batizei “Niska”, que vem de “Niskalkat”, um dos livros de José Trigueirinho Netto sobre os tempos de emergência. Lá, a gente vai mudando de nome de acordo com a mudança de ciclo, pra que o novo nos traga boas novas e o velho “eu” se desfaça. Fiz pães, remédios, músicas e orações. Cuidava dos reinos e nas horas vagas eu tinha um violão. Lembro que meu pai me trouxe uma revista de banca que eu levava pra cima e pra baixo como o único e maior presente do mundo, porque lá, afinal, eu não tinha nada, mas tínhamos tudo. Aprendi com muito dos colaboradores que, entre um serviço e outro, foram me ensinando os “porquês” do braço e das notas, assim eu aprendi violão. Mas não que isso seja importante porque o que eu aprendi lá foi e é muito mais presente na minha vida hoje do que o meu violão. Pensamento controlado, concentrado em realizar o positivo, sem conflito mental com o óbvio. Amar. Intuir. E isso eu aprendi limpando estábulo, capinando, ouvindo Pãma e aos domingos, lendo Paul Bruton. Quando vim morar no Rio de Janeiro, fui aprendendo a ser o inteiro. Busquei muito e nunca escondi meu amor pelo que é feito com amor, seja qualquer coisa do mundo. Nunca ignorei som nenhum, ainda mais quando sinto que há uma honestidade naquilo. Quando tinha dezoito, criei a R.Sigma. Comecei isso por amor e eu sabia. Quando saí disso foi por amor, mas não sabia, tem vezes que a gente não sabe na hora. Hoje eu sei, porque depois que nasce um ciclo como este que veio, a gente vê o pé e se é pé de amor é amor mas se for pé de dor, é dor. Esse disco tem tanto de mim quanto as partes do meu corpo, e assim como uma verdade não é pra ser verdade e sim para ser entendida, ele vem cheio de verdades que não são verdades, são entendimentos, meus e de todos os que fizeram parte desse processo. Mais uma vez não me interessa que som eu faço, com os dedos eu faço um, se me der um elástico eu posso te fazer mais dois, a questão é que tudo isso serviu ao todo e o todo fez exatamente o seu papel; ser o todo. Nós somos o aqui, nós somos o agora.
Amor e Luz,
Castellobranco.
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