Pular para o conteúdo principal

Pílulas dos livros de Mayrant Gallo (1999 a 2014)

Mayrant Gallo (fotos de Cosac & Naify, Ricardo Prado, Vinicius Xavier, Lima Trindade, Elieser Cesar, Gal Meirelles e divulgação, interferidas por Mirdad)

A seção Pílulas se despede do Blog do Ël Mirdad apresentando fragmentos de 11 livros do escritor baiano Mayrant Gallo, que tanto admiro. Em 2002, graças ao livro “Pés quentes nas noites frias”, decidi escrever ficção – até então, só produzia poemas. Entre 2011 e 2013, na Putzgrillo Cultura, produzi o projeto que culminou no lançamento do romance “Os encantos do sol”, patrocinado pela Petrobras e Minc/Governo Federal. Em 2014, Mayrant revisou o meu livro de contos “O grito do mar na noite”, e ampliamos a parceria; ele continuará revisando os meus livros, além de editá-los – detalhes em breve. E em 2015, montei uma antologia de contos de Mayrant Gallo intitulada de “O abismo cor de chumbo”, e participarei do projeto para publicá-la, visando uma grande editora nacional – considero o autor o melhor em atividade na Bahia.

Entre o final do ano passado e o início desse 2015 reli dez dos onze livros que tenho (dos lançados, só faltou “Dia sim e sempre”, de poemas), e resolvi terminar a seção Pílulas com essa pequena degustação que ofereço aos frequentadores do blog. Considero, dentre as obras lançadas (ele continuará a lançar livros, muitos!), “O inédito de Kafka” o melhor livro de Mayrant Gallo até então, e o seu melhor texto a premiada novela “Moinhos”, presente no livro “Três infâncias”. Boa leitura!


O inédito de Kafka
(Cosac&Naify, 2003)
Contos
Pílulas aqui
“(...) sempre tem alguém que faz antes de nós o que pensamos fazer”

-----------

Brancos reflexos ao longe
(Livro.com, 2011)
Contos
Pílulas aqui
“(...) seu destino mudara, embora continuasse o mesmo”

-----------

Três infâncias
(Casarão do Verbo, 2011)
Novela | Conto | Miniconto
Pílulas aqui
“(...) meu mundo era o eco dos meus passos sobre caminhos novos”

-----------

Pés quentes nas noites frias
(Funceb-EGBA, 1999)
Contos
Pílulas aqui
“A nudez esclarece as pessoas”

-----------

Cidade singular
(Kalango, 2013)
Contos
Pílulas aqui
“O Gordo tinha uma teoria: mulheres se deitam à noite com possibilidades e despertam pela manhã com frustrações”

-----------

Nem mesmo os passarinhos tristes
(Multifoco, 2010)
Minicontos
Pílulas aqui
“Disse que ia sair para comprar cigarros... E o fez mesmo. Voltou para casa e está dormindo”

-----------

O gol esquecido
(A Girafa, 2014)
Contos
Pílulas aqui
“Assombrava-me a afirmação de que o que acontece já aconteceu. De que o presente foi, o futuro é, e o passado será. De que o que se diz já foi dito”

-----------

As aventuras de Nicolau & Ricardo: detetives
(Penalux, 2014)
Minicontos
Pílulas aqui
“Não há sentido no espaço, nem no tempo, pois não há pessoas à vista”

-----------

Recordações de andar exausto
(Aboio Livre, 2005)
Poesia
Pílulas aqui
“O lado vazio da cama
É a presença humana
Que mais atemoriza”

-----------

Os encantos do sol
(Escrituras, 2013)
Romance
Pílulas aqui
“É preciso compreender que o culto ao passado muitas vezes não constitui um sintoma de fraqueza, nem de loucura, nem de tédio, mas a única opção que nos resta”

-----------

Dizer adeus
(Edições K, 2005)
Contos
Pílulas aqui
“Sempre preferi as mulheres às expressões de virilidade em meio aos homens ... Ainda hoje não troco um corpo de mulher por uma partida de futebol”

Comentários

Mayrant Gallo disse…
Obrigado, Mirdad! Isso só me entusiasma a continuar com meus projetos literários, que são muitos, alguns dos quais estão em curso e, depois de sua leitura, me fazem acreditar que são mesmo necessários, pois ao menos um leitor eles terão, o que é bastante, segundo Ricardo Piglia, para justificar a existência de qualquer obra literária ou humana. Abraço!
Lidi disse…
Parabéns, Mirdad, pela postagem das pílulas, que acompanhei com prazer. Grande escritor e ser humano admirável, o nosso amigo merece, sem dúvida, todas as homenagens. Um abraço.
Emmanuel Mirdad disse…
De nada, Mayrant. Foi um gesto de um fã, aluno e amigo, que torce por você e pela continuidade de sua obra. Você é meu mestre na literatura, muito obrigado!

Lidi, valeu pela presença e por compartilhar essas pílulas por aí. Merece sim, muito! Abraços aos dois!

Postagens mais visitadas deste blog

Seleta: R.E.M.

Foto: Chris Bilheimer A “ Seleta: R.E.M. ” destaca as 110 músicas que mais gosto da banda norte-americana presentes em 15 álbuns da sua discografia (os prediletos são “ Out of Time ”, “ Reveal ”, “ Automatic for the People ”, “ Up ” e “ Monster ”). Ouça no Spotify aqui Ouça no YouTube aqui Os 15 álbuns participantes desta Seleta 01) Losing My Religion [Out of Time, 1991] 02) I'll Take the Rain [Reveal, 2001] 03) Daysleeper [Up, 1998] 04) Imitation of Life [Reveal, 2001] 05) Half a World Away [Out of Time, 1991] 06) Everybody Hurts [Automatic for the People, 1992] 07) Country Feedback [Out of Time, 1991] 08) Strange Currencies [Monster, 1994] 09) All the Way to Reno (You're Gonna Be a Star) [Reveal, 2001] 10) Bittersweet Me [New Adventures in Hi-Fi, 1996] 11) Texarkana [Out of Time, 1991] 12) The One I Love [Document, 1987] 13) So. Central Rain (I'm Sorry) [Reckoning, 1984] 14) Swan Swan H [Lifes Rich Pageant, 1986] 15) Drive [Automatic for the People, 1992]...

Dez passagens de Clarice Lispector no livro Laços de família

Clarice Lispector (foto daqui ) “A mãe dele estava nesse instante enrolando os cabelos em frente ao espelho do banheiro, e lembrou-se do que uma cozinheira lhe contara do tempo do orfanato. Não tendo boneca com que brincar, e a maternidade já pulsando terrível no coração das órfãs, as meninas sabidas haviam escondido da freira a morte de uma das garotas. Guardaram o cadáver no armário até a freira sair, e brincaram com a menina morta, deram-lhe banhos e comidinhas, puseram-na de castigo somente para depois poder beijá-la, consolando-a. Disso a mãe se lembrou no banheiro, e abaixou mãos pensas, cheias de grampos. E considerou a cruel necessidade de amar. Considerou a malignidade de nosso desejo de ser feliz. Considerou a ferocidade com que queremos brincar. E o número de vezes em que mataremos por amor. Então olhou para o filho esperto como se olhasse para um perigoso estranho. E teve horror da própria alma que, mais que seu corpo, havia engendrado aquele ser apto à vida e à felici...

Dez passagens de Jorge Amado no romance Capitães da Areia

Jorge Amado “[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a quem chamava ‘meu padrinho’ e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida. As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A...