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Composições de Emmanuel Mirdad: Antiga Poesia


Considerada pelo compositor a sua melhor canção pop em português, foi também a melhor realizada na gravação do projeto Pássaros de Libra (duo com o músico Juracy do Amor, cantor e guitarrista) no ano 2000, a primeira experiência de Emmanuel Mirdad como produtor de álbuns. Oito anos depois, ganhou uma nova versão, mais lenta e com algumas pequenas modificações na letra, gravada no EP ID, o primeiro trabalho solo de Mirdad (e está presente no álbum la sangre, disponibilizado nas plataformas digitais em 2021). Embora a letra tenha ficado definitiva, o beat da versão original é muito melhor, por isso é preciso registrar uma terceira e definitiva versão, que una os arranjos e andamento da primeira, e a letra da segunda. Quem sabe algum dia? "Então, quando você volta?"

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Antiga Poesia
(Emmanuel Mirdad)
BR-N1I-08-00004

Eu tenho que trabalhar todos os dias
Eu tenho que agradecer com sinais
Eu tenho que fazer muitas coisas
Que não estão certas como são

Eu tenho que perguntar por você?
Então, quando você volta?

E quando eu quero a justiça no meu caso
Percebo o movimento de todos indo embora...
E quando eu quero a justiça no meu caso
Percebo que conheço essa velha história...

Eu tenho que relaxar os meus dias
Eu tenho que esquecer a chave no cinzeiro
Eu tenho que perder toda a manhã

Quero escrever uns poeminhas pra você
Quero dizer que eu mudei por você
E então, será que você volta?
Então, será que perderei os envelopes?

E quando eu quero a justiça no meu caso
Percebo o movimento de todos indo embora...
E quando eu quero a justiça no meu caso
Percebo que conheço essa velha história...

PS: A letra acima é a definitiva

Faixa 04 - Mirdad - EP ID (2008) | Faixa 12 - Mirdad e a pedradura - la sangre (2021) | Composta e produzida por Emmanuel Mirdad | Mirdad - voz | Hosano Lima Jr. - bateria | Artur Paranhos - baixo | Eric Gomes - guitarra | Tito Menezes - sintetizador | Gravado e Mixado por Tito Menezes e Masterizado por André Magalhães no Submarino Studios em Salvador/BA | Arte encarte: Emmanuel Mirdad (PS: "la sangre" a foto é de Regina Rosa)

Cifra original digitalizada da canção
"Antiga Poesia (envelopes perdidos)"

ORIGEM

No criativo mês de dezembro de 1999, compus uma boa leva de canções, com destaque para "Canção Adeus" (que originou "Farewell Song", história aqui) e "Antiga Poesia" (composta no dia 03) que, assim como a primeira, foi uma das poucas faixas que não me envergonha na estreia como produtor de álbuns no ano 2000 (das 14 músicas gravadas no CD "O Primeiro Equilíbrio", do projeto Pássaros de Libra, só reconheço cinco, que estão no EP divulgado na internet em 2014 - ouça aqui).

Estava em processo de gravação do referido disco e o planejamento era registrar 12 músicas. Dessas, quatro eram as "canções acústicas", que não teriam os samplers e arranjos de MIDI de André Magalhães, apenas voz, violão e outros instrumentos acústicos. Mas ao ficar satisfeito com os arranjos que André vinha gravando, decidi não "gastar" espaço no álbum com músicas sem os arranjos do genial pianista e MIDI man e descartei as acústicas. O parceiro Juracy do Amor não estava com vontade de criar melodia em cima de poemas meus como "Pátria" e "Fundo do Fígado", e eu resolvi compor então. Como sempre, buscando primeiro nos arquivos algo que possa ser reaproveitado, encontrei uma letra chamada "Uma Outra da Antiga Poesia", que tinha sido escrita para um projeto do disco tributo a Renato Russo (que nunca foi realizado e não passou de uma ideia furada de um fã legionário) e foi a única que encaixou na melodia criada no dia 03 de dezembro - uma fusão de duas harmonias recém-criadas no teclado PSR-630 Yamaha da aluna de minha mãe Martha Anísia (parte I em C9 e refrão) com um fragmento de melodia da descartada canção minha "Fundo do Fígado" (parte II em Dm).

GRAVAÇÃO

Composição pronta, fui mostrar ao arranjador André Magalhães que, mexendo no arquivo de samplers, transformou a melodia dançante produzida num teclado Yamaha em um groove funk cativante. Dei então os retoques finais e surgiu um hit eletrônico (com "Antiga Poesia", "Canção Adeus" e mais outras, além do rock, o álbum tomava uma direção de eletro pop). O parceiro Juracy do Amor mandou ver na guitarra suingada e trouxe uma interpretação da melodia bem própria.

Mais tarde, visando encurtar o título e deixá-lo mais fácil de ser pronunciado, troquei "Uma Outra da Antiga Poesia" por somente "Antiga Poesia". Durante a gravação, André Magalhães encucou com o verso "será que perderei os envelopes?", e ficava me apoquentando pra tentar entender que diabos essa pergunta significava dentro do sentido geral do poema. Acabou virando uma piada interna nossa, e para homenagear o amigo (que deu sangue no álbum "O Primeiro Equilíbrio", muito além do que profissionalmente deveria fazer), inseri um parêntese no título e a canção foi registrada no Pássaros de Libra como "Antiga Poesia (envelopes perdidos)".

Cifra original digitalizada da canção "Antiga Poesia"

RECOMEÇO

Em 28 de abril de 2007, revisitei a melhor canção pop em português que já tinha composto, e refiz alguns versos, chegando em sua versão definitiva. Era uma época de intenso turbilhão, pois a banda The Orange Poem tinha terminado, e eu estava formando o repertório da minha nova empreitada musical, a Pedradura. "Antiga Poesia" não entrou no repertório do que viria a ser gravado como álbum ("Universo Telecoteco", ouça aqui), e ficou como lado B. Outras canções interessantes foram alimentando o lado B da Pedradura, e eu decidi então gravar um EP solo, o ID. Foi aí que "Antiga Poesia" foi registrada no verão de 2008, de volta ao Submarino Studios de André Magalhães, dessa vez com minha voz e uma decisão infeliz enquanto produtor: tocá-la mais lenta. No ensaio preparatório, o andamento era o mesmo da versão registrada no Pássaros de Libra. Só que no dia da gravação, tive a infeliz ideia de atrasar, para ter duas versões distintas. Ficou ruim, mas o sintetizador gravado por Tito Menezes e as sequelas com a piada interna "será que perderei os envelopes?" no final da canção são legais.

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