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Orange Poem lança o EP Unquiet na terça 22


The Orange Poem lança novo EP com música em homenagem a Raul Seixas

Depois de lançar o EP Ground em janeiro com a voz de Glauber Guimarães (ouça aqui), a banda psicodélica progressiva Orange Poem lança o EP Unquiet na próxima terça 22, na volta do feriado, aqui: www.soundcloud.com/theorangepoem. Assim como o primeiro, o EP vem com três composições de Emmanuel Mirdad, produtor do grupo: "The Unquietness", "Neither Gods, Nor Devils" e "Homage". Esta última é uma homenagem a uma foto do grande Raul Seixas. "Escrevi a letra relacionando as palavras que caem e que sobem presentes na foto. Essas palavras de Raul fazem parte da canção 'Dentadura Postiça', e a pirraça minha foi criar uma melodia que não lembra o som do maluco beleza. A homenagem está presente na letra, na mensagem, que era e é muito importante para a obra de Raulzito".


Rodrigo Pinheiro grava a voz no
EP Unquiet no final de
março de 2014 – Foto: Mirdad

As músicas foram gravadas entre 2005 e 2006 e estavam engavetadas desde o fim da banda. Com a volta da Orange Poem, as músicas ganharam uma nova mixagem, a presença do sintetizador de Tadeu Mascarenhas e um novo vocal: o cantor baiano Rodrigo Pinheiro, ex-Besouros do Sertão e atual Mulher Barbada. "Dez anos atrás fui o produtor da melhor banda cover de Beatles e Raul Seixas que já existiu no Brasil. Rodrigo, conhecido então como John (porque cantava na pegada John Lennon), era o vocalista da face 'besouro' da banda. Tempos depois, montamos um projeto folk e cinco vozes chamado Sad Child, em que Glauber Guimarães fazia parte também, e quase todo o repertório era com canções minhas. Agora, depois do EP Ground com Glauber, é muito bom ter o Rodrigo no EP Unquiet para firmar pra sempre a presença desse belo projeto Sad Child na Orange Poem", explica Mirdad.

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A BANDA

De 2001 a 2007, a Orange Poem apresentou sua singular sonoridade baseada no psicodélico rock progressivo em inglês, com pitadas de blues, folk, groove e hard rock setentista. Formada por desconhecidos do cenário do rock baiano (e até entre si mesmos), conduzida pelo multifacetado Emmanuel Mirdad (escritor, compositor e produtor da Flica), foi uma banda guitarreira de canções autorais do seu produtor e então cantor. Zanom e Saint, guitarristas tão antagônicos de estilo, combinaram como yin-yang seus timbres em solos de puro feeling ou velocidade intensa. Na gruvada cozinha laranja, a segurança e técnica dos músicos Hosano Lima Jr. (baterista) e Artur Paranhos (baixista).

Pertencente à geração 00 do rock baiano, de bandas cantando em inglês como The Honkers e Plane of Mine, a Orange Poem gravou dois discos no estúdio Casa das Máquinas, do psicodélico Tadeu Mascarenhas (na época, ainda ostentava uma potente barba Talibã). “Shining Life, Confuse World”, o primeiro, chegou a ser prensado e lançado no extinto World Bar em 2005, de forma totalmente independente, sem gravadora nem selo. A banda optou por não trabalhar a divulgação dele e partiram pra gravar o seguinte, “Sleep in Snow Shape”, que foi concluído no final de 2006, poucos meses antes da banda acabar em março de 2007. Não chegou a ser lançado, e os membros se mudaram pra estados distintos. Mirdad nunca se conformou com o engavetamento das canções laranjas.

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AS CANÇÕES

The Unquietness
(Emmanuel Mirdad)

Uma das mais belas do repertório, com destaque para os belos arranjos dos guitarristas Zanom e Saint, essa progressiva balada é o pilar mais forte da face “Floyd” da banda – nos ensaios, a Orange Poem desligava todas as luzes do estúdio e decolava para uma outra galáxia. Inquieto ser que abre a janela e se questiona: devo atirar-me à busca no mundo ou aprofundar-me no casulo de minhas dúvidas surdas?


Neither Gods, Nor Devils
(Emmanuel Mirdad)

Flertando com os anos 80, traz uma sonoridade diferente da obra laranja: um progressivo que mistura U2 com The Cure, além de uma homenagem à surf music de Dick Dale. O poema é um relato de um inconformado, disparando contra a reprodução a esmo ao invés da própria criação, que pede canções ao invés de discursos, propõe matar todos os ícones e soterrar seu legado, e sentencia: não há evolução.


Homage
(Emmanuel Mirdad)

O poema traz uma homenagem a uma foto de Raul Seixas, que profetizava o que iria cair e o que iria subir; Mirdad pegou as palavras e desenvolveu as relações e causas das quedas/subidas. Nos arranjos, destaque para o sintetizador de Tadeu Mascarenhas e um jeito peculiar de tocar guitarra, com a ‘marimba’ de Zanom e os ‘teclados’ de Saint.

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O EP UNQUIET

01. The Unquietness
      BR-N1I-14-00005

02. Neither Gods, Nor Devils
      BR-N1I-14-00006

03. Homage
      BR-N1I-14-00007

Todas as composições são de Emmanuel Mirdad

Rodrigo Pinheiro (voz)
Mirdad (violão 12 cordas)
Zanom (guitarra)
Saint (guitarra)
Hosano Jr. (bateria)
Artur Paranhos (baixo)
Tadeu Mascarenhas (sintetizador)

"Homage" possui um trecho de voz de Raul Seixas, extraído do Youtube

Gravação, mixagem e masterização: Tadeu Mascarenhas (Estúdio Casa das Máquinas)

Produção artística e executiva: Emmanuel Mirdad

Encarte: Glauber Guimarães

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