Dorival Caymmi - interferido por Mirdad
Hoje, 30 de abril de 2014, é o centenário do mestre Dorival Caymmi, cantor, compositor e entidade baiana, eternizado por sua obra e permanência enquanto paisagem humana emoldurada de memórias e valores de raiz e frutos do tempo homem. Pensei em escrever uma homenagem ao mestre maior, mas como não tenho autoridade e nem aproximação suficiente, decidi apenas pedir para que leiam o belíssimo texto de Caetano Veloso, homenageando o "koan baiano, uma lição do Buda-Nagô, como sintetizou Gil. Zen-yoruba", que tem passagens incríveis como "A canção brasileira é uma entidade em que as pessoas que por acaso se encontraram nesta parte do extremo Ocidente em que se fala português reconhecem-se, quase se justificam. Dorival Caymmi é um centro dessa entidade. O centro. Um polo. Um ponto fora da circunferência. Ele e só ele pode ser tudo isso". Leiam aqui.
Também aproveito para relembrar sua obra-prima, "Caymmi e seu Violão", de 1959. Esse álbum é o que mais me toca, especialmente por ser voz e violão apenas, a essência do folk. Zanom, guitarrista do Orange Poem, itapuãzeiro como o mestre, depõe: "Um dia me pediram que fizesse uma lista com os discos que mais me tocaram. Não consegui fazer a lista, sou incapaz, mas em poucos segundos de reflexão cheguei ao primeiro colocado, pois este era sem dúvida alguma. Caymmi e seu violão. Conciso e inacabado, puramente contraditório, sempre melhorando a cada audição. Em tempos que a palavra 'genial' não é mais tão 'genial' assim, este é a minha referência do que é genial". E como bem pontuou meu amigo folk facão Glauber Guimarães, "não há nada igual nem antes, nem depois". Nem haverá.
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