“oroboro baobá” é o meu primeiro romance. Escrevê-lo foi um laboratório, um curso, um aprendizado. No post de hoje, a 3
A obra “Self Organization”, da escultora norte-americana Courtney Brown, ilustra bem como foi 2015 para mim
50
A revisão editorial do livro de contos “O céu de sombras ao vento” recomeça na sexta 02/01/15. Eu, no apê 703-B. O escritor Mayrant Gallo, via Skype. Revisamos três capítulos do conto “Muralha”. Depois, realizamos mais três sessões seguidas [05 a 07/01/15], sempre via Skype.
Quinta, 08 de janeiro de 2015. Ou 50
“O gol esquecido”, um dos cinco livros de contos de Mayrant Gallo que reli em janeiro de 2015
VERÃO NA LITERATURA
Verão na Bahia, dias lindos para curtir praia, e eu com a cabeça mergulhada na literatura [sempre dentro do apê 703-B]: além do conto “Muralha”, termino de reler os livros de Mayrant Gallo e posto muitos trechos no blog [e ainda faço uma seleta com 45 contos e intitulo de “O abismo cor de chumbo”], leio novas obras [como o romance “Os transparentes”, do angolano Ondjaki, atração da Flica 2014], trabalho pelos livros de contos “O grito do mar na noite” e “O céu de sombras ao vento”, e começo uma coluna semanal no blog chamada “Crônitos” [a estreia foi com “Selvagem” na sexta 23/01/15], com textos curtos, proposta de fusão crônicas + contos [futuramente publicados no livro “Olhos abertos no escuro”].
Flyer para ilustrar o conto “Selvagem” na coluna Crônitos
NOVO TÍTULO [2
Numa noite de quinta, 08 de janeiro de 2015, decido modificar o título do conto, de volta ao original [com a mudança dos 2 pontos no lugar do —, e o “o” minúsculo]: “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”. Não precisava mais da síntese no título, porque o que iria ser explorado era o nome do livro “O céu de sombras ao vento” [na real, senti falta da frase que inspirou toda a história; não era qualquer “muralha”, e sim o goleiro invicto].
Com os escritores Mayrant Gallo e Hélio Pólvora em 09/01/15
OROBORO BAOBÁ [4
Na tarde do domingo 11/01/15, reviso o trabalho de Mayrant Gallo no conto “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” e o considero concluído. E por falar em Mayrant, estávamos bem próximos nesse começo de 2015.
Cogito até trabalhar como seu agente literário, a fim de reaproximá-lo da Cosac Naify para publicar a antologia “O abismo cor de chumbo” [só ficou na ideia]. Torno-me autor da Labirinto & Escritório, editora lançada por ele e pela escritora Lidiane Nunes, pois acerto com eles a publicação de “O grito do mar na noite” [sem capa dura, prefiro arrumar um parceiro para dividir os trabalhos e dispenso o favor da marca da Cousa].
E, na sexta, 09 de janeiro de 2015, temos um memorável encontro com o mestre Hélio Pólvora [segundo o post de Mayrant, “conversamos sobre literatura e cinema, ele nos indicou autores e livros, recomendou que não deixássemos de ler o Nobel de Literatura Orhan Pamuk, especialmente Meu nome é vermelho, e depois fizemos três fotos”], das 16h30 às 19h, no play do prédio dele [última vez que vi Hélio vivo; ele gostou do esboço de um conto e me sugeriu que o transformasse num romance — concordei na hora; era “A família K”].
Trecho do certificado de registro “Muralha & outras histórias” na Biblioteca Nacional, expedido em 12/02/2015
BIBLIOTECA NACIONAL [1
“Minha mãe me chama, é hora do almoço”, e nós concluímos a revisão editorial do livro “O céu de sombras ao vento” — foram oito sessões [entre 08 e 20/01/15] e seis contos revisados após “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”. Despeço-me de Mayrant. O almoço está posto na mesa do apê 703-B. E a minha fome é outra: como é que vou homenagear um mestre da poesia num livro de contos? Tá tudo errado! Incoerência, xô! Terça, 20 de janeiro de 2015, desisto de homenagear o caro Ruy Espinheira Filho e modifico o título do livro para “Muralha & outras histórias”.
À tarde, organizo a papelada e imprimo o original do livro com sete contos: “Sol de abril”, “O banquete”, “Bonecas” [depois, seriam incluídos e publicados em “O grito do mar na noite”], “Que seja duro enquanto sempre”, “Sexta-feira, 13 de agosto” [original de “Hoje é sexta-feira 13”], “Como uma pedra” [depois, incluídos e publicados em “Olhos abertos no escuro”] e “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” [um conto de 50 páginas].
Tome-lhe mofada de mais de uma hora nos Correios [fiquei a ler “Os transparentes”]. Enfim, pela 1
Um excelente trecho do gaúcho
EPÍGRAFE [1
Cai a homenagem a Ruy, cai o título, e caem também as epígrafes. Maníaco da organização, antes do almoço dessa terça de mudanças, refaço a sugestão de capa [a imagem continua a mesma: a pintura de Nelson Magalhães Filho] e arrumo uma nova epígrafe para “Muralha & outras histórias”. Relembro do amigo ausente Tabajara Ruas, e escolho esse trecho do belo romance “Perseguição e cerco a Juvêncio Gutierrez”, tudo a ver com o goleiro que nunca tomou gol: “A angústia atravessou nossa equipe. Recordo o jogo como um mural com figuras patéticas, musculosas, retorcidas, esbravejando contra uma muralha intransponível”. Bingo!
PS: Seguindo o modelo adotado em “O grito do mar na noite”, abro o livro “Muralha & outras histórias” assim: “Formando o meu contexto para a criação desta obra, li Nelson Rodrigues, Mário Filho, João Máximo, Marcos de Castro, Hélio Pólvora, Clarice Lispector, Andrew Solomon, Mayrant Gallo e Tabajara Ruas”.
O longa russo “Leviatã”, de Andrey Zvyagintsev, o filme que mais gostei dos que eu vi no verão 2015 [na foto, o protagonista Nikolay 'Kolya', interpretado pelo ator Aleksey Serebryakov]
Fazer cinema, um sonho. Em 2012, decidi tentar, e o primeiro projeto foi adaptar o conto “Pai e filho” de Hélio Pólvora. O trabalho não funcionou com o cineasta parceiro. Em 2013, tentei adaptar a biografia do mestre Walter Smetak, escrita pela sua neta Jéssica. O começo foi promissor, mas a parceria com outro cineasta não deu certo. Em 2014, cheguei a esboçar um protótipo de produtora [Aláfia Filmes], mais uma vez a adaptar contos de Hélio, só que para série audiovisual. Kuéin. Parceria com um roteirista e uma produtora naufragou. Vou desistir? Nada!
Já no 5
Na semana seguinte, quarta 14/01/15, Murphy opera [sempre] a frustração: Mascarenhas não topa “Muralha”, nem “Smetak”, nem sociedade na nova Aláfia Filmes. A sua sugestão não me empolga e o contato esfria.
Frio? No Verão de Salvador? Aonde!!! Quer saber, vou fazer essa porra sozinho! DIY, baby!
Home office do apê 703-B em jul/2015
DESCABAÇO NO ROTEIRO
Sábado, 17 de janeiro de 2015, final da manhã. “Do it yourself” na veia, começo o meu 1
Considero estar escrevendo o “argumento” para o roteiro, e o faço em texto corrido, a aproveitar parágrafos do próprio conto, como um guia, só para elaborar e experimentar ideias. Nasce o protótipo para a “Cena 01”, uma externa de dia na aldeia indígena próxima à Caraíva, acompanhada pela obsessão em abrir o filme com a música “Paraquedas”, de Russo Passapusso:
“A cena de abertura é um clipe com imagens do baba na aldeia, com a inserção dos créditos principais, destacando a agilidade do futebol, principalmente as defesas do goleiro Muralha (...) único jogador que não tem o rosto mostrado pela câmera — mostra-se apenas os detalhes de suas mãos ou corpo executando a defesa (...) o seu rosto (...) só é revelado no final da cena, quando entra o título do filme (...) uma sequência de seis defesas espetaculares de Muralha, montadas numa edição ágil de acordo com a trilha [entre 1’39” e 1’44”]: ‘Pulou’ (defesa) / ‘caiu’ (defesa) / ‘se’ (defesa) – ‘gu’ (defesa) – ‘ro’ (defesa) / ‘no’ (defesa) ‘chão’ (defesa)”.
“Paraquedas”, de Russo Passapusso, garimpada desde 2014 para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
“Alguém fuzila de frente pro gol. [3’11” a 3’31” — ‘Paraqueda queda queda queda queda queda’] A câmera entra em slow-motion da defesa de Muralha. Quando a trilha chega a 3’31”, pausa no som, a câmera volta à velocidade normal e a defesa é concluída: de mão trocada, mais por impulso que por domínio, o goleiro manda pra lateral. Capitão não se aguenta: “Mudinho, seu sacana, você não é um muro não, você é uma muralha, porra!”. Corte. [A trilha volta ao início, de 0’00” a 0’23”] Close em zoom in do corpo ao rosto de Muralha, que está no centro do gol, de pé, meio agachado com as mãos nos joelhos [clássica posição de goleiro preparado para defesa], respirando com força pelo nariz, completamente suado e com a camisa branca toda suja da terra do campo [a calça está suja também]. A câmera para no rosto que é exposto pela primeira vez. Entra o título MURALHA e o subtítulo O GOLEIRO QUE NUNCA TOMOU GOL. Quando termina a trilha desse trecho [a 23s], Muralha se mexe para agarrar a bola e a câmera continua no lugar, filmando o gol sem rede. Corte”.
Almoço no restaurante Panda, e volto ao apê 703-B para criar. Decido não utilizar no filme o episódio de racismo do casal paulista [questionei-me se era necessário à história e preferi retirar]. Então, crio, do zero [não há essas cenas no conto], o “argumento” para as cenas 02 [Capitão encontra Mudinho no rio; na época, não sabia que a pesca era no mar, e não no rio], 03 [Maria deixa a casa em Nanuque, abandona a mãe doente e vai se mudar com a patroa para Bom Jesus da Lapa] e 04 [Capitão conversa com o compadre sobre Mudinho], e um “esqueleto” para as próximas — as cenas seguem abaixo, sem vergonha de expor as deficiências:
JANEIRO NA FUNÇÃO
Ô mês maravilhoso! Que sensação incrível começar a fazer algo que você ama! Desse jeito, dedico o mês de janeiro de 2015 para terminar o 1º tratamento do roteiro do longa “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” [sempre no home office do apê 703-B]. Sente o visú do baba:
Domingo 18/01/15 [03h | à tarde] — Crio as cenas 05 [Maria em Bom Jesus da Lapa conhece o fotógrafo, que faz a foto dela] e 07 [Maria foge com o fotógrafo e ele a maltrata na estrada], inspiradas em passagens do conto [compreendi esse processo como “a abertura da história, deixando-a na dose que o romance precisava”]. Adapto do conto [a parte da obra, com melhorias — ex.: Mudinho não deixa que Marceleza o toque] e também crio [Marceleza, nu, descansando no chalé com a argentina, é chamado pela empregada] a cena 08. Adapto a cena 06 [dominó no bar em Caraíva].
Quinta 22/01/15 (03h05min | manhã & tarde) — Crio a cena 16 (Tonica arruma as coisas de Maria com o bebê José no quarto), inspirada em passagem do conto. Reviso as cenas 01 a 15. Adapto do conto a cena 17 (baba na aldeia, continuidade da cena 01, até a confusão com Marceleza; câmera revela o olhar diferenciado de Mudinho).
Sexta 23/01/15 [05h35min | manhã & tarde] — Crio as cenas 18 [Tonica despacha o bebê José no orfanato e morre na estrada], 19 [Mudinho em Caraíva, Capitão o expulsa da vila] e 20 [Filosofalice se apresenta num sarau à beira do Rio São Francisco], inspiradas em passagens do conto. Reviso as cenas 15 e 01.
Sábado 24/01/15 (01h40min | de manhã) — Adapto do conto a cena 21 (Mudinho amassa a foto da mãe em Bom Jesus da Lapa). Reviso as cenas 01 a 20.
OROBORO BAOBÁ [5ª VERSÃO]
Cheio de novidade no roteiro, sinto necessidade de mexer no conto. Sabadão, 24 de janeiro de 2015, no home office do apê 703-B, meto a mão: reviso todos os capítulos, atualizando umas cositas aqui e acolá — a principal mudança foi: Maria não enfarta mais; é morta por um ladrão.
Além disso, quero me distanciar da real do Intermunicipal 2010, e altero ou corto cidades & seleções que disputam o Amadô da minha ficção [mantenho Santa Luz e Bom Jesus da Lapa]: troco Itapetinga por Floresta Azul [uma “homenagem” ao tema homônimo, de Letieres Leite & Orquestra Rumpilezz, ouça aqui]; corto Santa Luzia, Jitaúna e Coaraci; concentração em Conceição do Coité em vez de Serrinha [para o jogo contra Santa Luz]; troco Araci por São Francisco do Conde [pensando em captar para a produção do filme; essa cidade tem muitos recursos, por conta dos royalties da Petrobras], e Conceição do Coité por Serrinha na final.
Un poquito a mais de duas horas depois, tá concluído o conto “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”.
PS: Na segunda 26/01/15, enfraqueço o livro “Muralha & outras histórias”, ao transferir os três contos curtos para a “Crônitos” [com preguiça de escrever novos textos e focado na produção do roteiro, prefiro publicá-los na série do blog].
Ô mês maravilhoso! Que sensação incrível começar a fazer algo que você ama! Desse jeito, dedico o mês de janeiro de 2015 para terminar o 1
Domingo 18/01/15 [03h | à tarde] — Crio as cenas 05 [Maria em Bom Jesus da Lapa conhece o fotógrafo, que faz a foto dela] e 07 [Maria foge com o fotógrafo e ele a maltrata na estrada], inspiradas em passagens do conto [compreendi esse processo como “a abertura da história, deixando-a na dose que o romance precisava”]. Adapto do conto [a parte da obra, com melhorias — ex.: Mudinho não deixa que Marceleza o toque] e também crio [Marceleza, nu, descansando no chalé com a argentina, é chamado pela empregada] a cena 08. Adapto a cena 06 [dominó no bar em Caraíva].
“Cuspe, maltrate, ofenda”, de Juliano Guache, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Quarta 21/01/15 (04h | à tarde) — Crio as cenas 09 [violência contra Maria; fuga e prostituição], 11 [Maria amigada de um comerciante; Maria chega em Mucuri e saúda a vizinha Tonica], 13 [Maria em Mucuri; amizade com Tonica] e 15 [Maria empregada, grávida, ajudada por Tonica, parto, momentos de amor com o filho José (Muralha), Maria morre num assalto], inspiradas em passagens do conto. Adapto as cenas 10 [começo da festa na aldeia], 12 [pedem a Mudinho para ir à aldeia; insiro chantagem de Capitão: “Mudinho, veja bem, ou você vai, ou tá fora do meu barco. Preciso que você venha bater o baba comigo. E aí? Vai ou não?”] e 14 [Mudinho chega na aldeia, recepção de Marceleza].
“Meu bem”, de Luís Capucho, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
“Agora”, do Dois em Um, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Quinta 22/01/15 (03h05min | manhã & tarde) — Crio a cena 16 (Tonica arruma as coisas de Maria com o bebê José no quarto), inspirada em passagem do conto. Reviso as cenas 01 a 15. Adapto do conto a cena 17 (baba na aldeia, continuidade da cena 01, até a confusão com Marceleza; câmera revela o olhar diferenciado de Mudinho).
Sábado 24/01/15 (01h40min | de manhã) — Adapto do conto a cena 21 (Mudinho amassa a foto da mãe em Bom Jesus da Lapa). Reviso as cenas 01 a 20.
“Clouds, Dreams”, da Orange Poem & Mateus Aleluia, garimpada para a trilha do filme “Muralha” e depois descartada [no 2º tratamento]. Ouça no YouTube aqui
Cheio de novidade no roteiro, sinto necessidade de mexer no conto. Sabadão, 24 de janeiro de 2015, no home office do apê 703-B, meto a mão: reviso todos os capítulos, atualizando umas cositas aqui e acolá — a principal mudança foi: Maria não enfarta mais; é morta por um ladrão.
Além disso, quero me distanciar da real do Intermunicipal 2010, e altero ou corto cidades & seleções que disputam o Amadô da minha ficção [mantenho Santa Luz e Bom Jesus da Lapa]: troco Itapetinga por Floresta Azul [uma “homenagem” ao tema homônimo, de Letieres Leite & Orquestra Rumpilezz, ouça aqui]; corto Santa Luzia, Jitaúna e Coaraci; concentração em Conceição do Coité em vez de Serrinha [para o jogo contra Santa Luz]; troco Araci por São Francisco do Conde [pensando em captar para a produção do filme; essa cidade tem muitos recursos, por conta dos royalties da Petrobras], e Conceição do Coité por Serrinha na final.
Un poquito a mais de duas horas depois, tá concluído o conto “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”.
PS: Na segunda 26/01/15, enfraqueço o livro “Muralha & outras histórias”, ao transferir os três contos curtos para a “Crônitos” [com preguiça de escrever novos textos e focado na produção do roteiro, prefiro publicá-los na série do blog].
“Terapia”, do BaianaSystem, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
UM DIA APÓS O OUTRO
Numa semana sem parar, me jogo na função de concluir o 1º tratamento do roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”. Pegue a visão do baba:
Segunda, 26/01/15 [04h e 50min | manhã & tarde] — Revejo a cena 21. Crio, do zero [não há essas cenas no conto], as cenas 22 [Mudinho num bar em Bom Jesus da Lapa ouve sobre o jogo contra Porto Seguro; surgem os nomes Orelha e Bigode em figurantes, que depois seriam reaproveitados na seleção — Orelha como Orêa] e 23 [Os jogadores nas barracas da praça, Xandão avista Mudinho e o convida para jogar]. Crio a cena 24 [Programa de TV explica o que é o Amadô], inspirada em passagem do conto. Crio [Sanfilippo no programa termina de apresentar o que é o Amadô] e adapto [Mudinho é apresentado ao elenco] a cena 25. Adapto a cena 26 [Mudinho treina com o preparador de goleiros], que se torna um clipe [seleciono a música “O cordeiro”, da banda Cascadura, para trilhar essa cena].
Terça, 27/01/15 [03h | à tarde] — Adapto quatro cenas [27 a 29 + 31], todas relacionadas a Mudinho/Muralha e o time de Porto Seguro [na 27, coloco a câmera para descer da arquibancada ao vestiário, o original de “uma mosca dribla (...) a disritmia do seu voo guia a fuga para longe da vibração da massa”, e crio os momentos anteriores à partida, no vestiário e no campo; na 31, introduzo o roupeiro e massagista Bogus]. Crio a cena 30 [programa de rádio de Bip-bip], inspirada na frase “Sentia-se ainda corresponsável pelo sucesso da Seleção (...) a vaidade rendeu-lhe a certeza de que foram seus pitacos (...) que ajudaram o técnico a sempre armar o melhor time”.
Quarta, 28/01/15 [07h | da manhã à noite] — No único dia inteiramente dedicado ao roteiro em janeiro, revejo a cena 31. Crio a cena 32, a transformar um parágrafo do conto em cenas de futebol: clipe duma partida de Porto Seguro com ênfase no craque Marceleza; Lupino se machuca e Xandão manda buscar Muralha, mas escalará Nei, improvisado; reação ao racismo de Marceleza [na época, o lateral negro era Gorado, e não Digo Cabral].
Crio as cenas 33 [mais uma edição do programa de Bip-bip], 36 [rotina de Muralha na pensão, bastidores do time] e 38 [coletivo antes da semifinal], inspiradas em passagens do conto.
Final de tarde, faço uma pausa para descansar a fábrica de ideias. Janto sopa e inhame. Volto a trabalhar vinte para às vinte horas. Inspirado em três parágrafos do conto [escritos em 2013; uma parte bem querida], crio a cena 40, a fuga de Muralha da confusão no estádio, e a corrida atravessando Santa Luz até o açude Tapera, onde descansa e mergulha nas estrelas. Dessa vez, marco a cena com a canção que amo, “Gong”, da islandesa Sigur Rós, banda que trilha todo esse processo de criação.
Insiro, também, uma canção minha do repertório Orange Poem, para trilhar o mergulho. Dez para as nove da noite. Estou muito satisfeito com a cena! E ela passa a ser um xodó [hoje, é a parte final de “oroboro baobá”, a fuga de Montanha após a final e mergulho no mangue de Porto Seguro, a revelar a sua identidade]. Além desse trabalho de criação, ao longo do dia, adapto as cenas 34, 35, 37, 39 e 41, relacionadas a Muralha, o time de Porto Seguro, o prefeito, Bip-Bip e Sanfilippo na delegacia.
Quinta, 29/01/15 [02h | manhã & tarde] — Adapto do conto as cenas 42 [prisão de Muralha] e 43 [chantagem na delegacia; Muralha é liberado após acordo]. Crio a cena 44 [família de Seu Brito], inspirada em trechos do conto e no “Muralha — Capítulo 10 original”, arquivado em 2014 [recupero os vários personagens dessa família globalizada].
Sexta, 30/01/15 [04h | de manhã] — Adapto do conto as cenas 45 [briga no vestiário de Porto Seguro; Ferreira se demite], 48 [treta na pensão, Marceleza morre; insiro o super-xodó, que estava na voz do narrador, na fala do assassino: “Meu pai dizia que um valente se acaba quando encontra um mais valente ainda” — o meu pai Ildegardo Rosa nunca me falou isso; a maioria não deve ser biografia, e sim criação] e 49 [funeral de Marceleza]. Crio as cenas 46 [1ª partida da final — último jogo de Marceleza antes de morrer —, intercalada com Sanfilippo & Ferreira afogando as mágoas num bar] e 50 [conversa entre Xandão e o prefeito antes da finalíssima], inspiradas em passagens do conto.
Crio, quase do zero, a cena 47 [mais família de Seu Brito; surge Leandro, irmão de Sanfilippo], inspirada no “Muralha — Capítulo 10 original” e num parágrafo do conto.
Sábado, 31/01/15 [04h e 40min | manhã & tarde] — Adapto do conto a cena 51 [finalíssima do Amadô], e insiro algumas reações: “Bip-bip entrevista o técnico Xandão (...) Bogus, às lágrimas, distribui camisas com fotos de Marceleza e Lupino e frases de apoio (...) Nei está de joelhos, orando (...) Rolex chora como um menino, amparado por Nilson num abraço de campeões”. Insiro também: o pescador que berra “Vai Mu-ráááááá-lháaaaaaa!” na arquibancada é Capitão [na versão final, quem berra “Vai Mon-tãããããã-nháááááá!” é o pedreiro Carranca].
Por fim, crio a última cena, a 52 [Seu Brito na pensão vai contratar Muralha; dou nome ao rapaz “responsável do estabelecimento”: Meninico — na real, reaproveito o nome que era do “guri de recados dos bangalôs da capixaba”, o original do “rapazote que trabalha nos bangalôs da Fabiane”, porque este também fora limado do roteiro junto ao casal de paulistas], inspirada no último capítulo do conto.
Viajei na maionese total na abertura do “argumento” da cena 52: pensando em fazer uma conexão com o segundo [!!] ou terceiro [!!!] filme da trilogia [???] de “Muralha”, elaboro um clipe com uma narração em off EM RUSSO [!!!!!] “lida preferencialmente pelo ator Aleksey Serebryakov” [que faz o protagonista do filme “Leviatã”], refletindo sobre o goleiro [reaproveitaria esse trecho na escrita de Sanfilippo sobre Montanha em “oroboro baobá”].
Essa narração não teria legenda em português: só seria legendada no próximo filme, quando fosse exibida a cena completa dessa narração, passada na Rússia [a ideia de então era levar Muralha para jogar no futebol russo, uma conexão com o personagem Krigor, pai das netas de Seu Brito]. No texto do roteiro, tenho que deixar a narração em português mesmo — pendência: pesquisar e cotar essa tradução para o russo. À tarde desse sabadão, reviso as cenas 01 a 10.
Domingo, 01/02/15 [06h | manhã & tarde] — Reviso, mais uma vez, as cenas 01 a 10. Reviso as cenas 11 a 30.
OROBORO BAOBÁ [6ª VERSÃO]
Segunda, 02 de fevereiro de 2015, manhã. Em uma horinha apenas, reviso as cenas 31 a 52 e dou por concluído o 1º tratamento do roteiro do longa-metragem “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”, adaptado do meu conto homônimo.
PS: Não tenho o registro de quando decidi por isso, mas dediquei o “filme” ao mestre André Olivieri Setaro (1950-2014). E selecionei uma epígrafe de Eckhart Tolle para abrir o roteiro.
PRESENTE DE VICTOR MASCARENHAS
Na terça, 03 de fevereiro de 2015, atendendo a um pedido de amigo, o escritor e roteirista Victor Mascarenhas se reúne comigo no apê 703-B. Solícito, ele avalia o 1º tratamento do roteiro e oferece o seu presente ao romance: devo dar mais importância a Marceleza, desenvolvê-lo melhor como antagonista [o estímulo que faltava para que eu investisse nesse personagem]. Além disso, o amigo sugere que eu desloque a história de Maria, a mãe de Muralha, para o 2º filme, e foque no futebol, a evitar o excesso [algo que eu faria, de certo modo, no final do ano]. Por fim, Victor Mascarenhas propõe desconstruir o 1º tratamento e começar a montar o esqueleto do novo roteiro [já estava nessa função; ele até se ofereceu para trabalhar comigo, mas eu decidi seguir sozinho].
FEVEREIRO NA FUNÇÃO
“Dia dois de fevereiro, dia de festa no mar”. E eu não vou saudar Iemanjá [respeito a divindade e a religião dos outros; eu não sigo religiões], nem curtir a festa [fiquei com preguiça]. Ontem à noite, dei uma espiada em Giovani Cidreira na Fonte do Boi, e Metá Metá na festa antecipada do Lalá. Hoje, concluo o 1º tratamento e fico engongado. Final de tarde, resolvo com trabalho: começo o 2º tratamento do roteiro do longa “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” [todo o processo foi feito no apê 703-B], adaptando a cena 01 ao formato padrão de roteiro [pesquisei na internet e encontrei modelos em que baseei o meu DIY].
Intercalado com os outros trampos [inserção de conteúdo no site Mirdad, ajustes no livro “O grito do mar na noite”, criação dos xodós “Cinzas” e “Qualquer um” para a seção “Crônitos”, e pré da Flica 2015 & evento de lançamento na Caixa Cultural], o trabalho de roteirista continua por todo o mês de fevereiro [inclusive durante o Carnaval, que só curti uma noite no Pelô — na outra, tomei um bolo de uma ex —; ao menos o feriado me rendeu o xodó “Cinzas”, escrito na quarta-feira de cinzas].
Invisto mais de 70 horas de trabalho na feitura do 2º tratamento, em 19 dias [02 a 05 + 07 a 10 + 12 a 20 + 23 e 28/02/15]. Revejo as cenas 01 a 36 do 1º tratamento, e crio, a partir destas, 118 cenas [01 a 72 + 76 a 102 + 104 a 111 + 114 a 124], a inserir novas ações, personagens [na terça de Carnaval, 17/02/15, crio os nomes que faltavam dos jogadores de Porto Seguro: os titulares Digo Cabral e Ramón, e os reservas Luquita, Chupacabra, Bell, Mauro Saulo, Lúcio, Dertan, Deco, Sil, Pedrinho e Zangado (original de Manco) — e reaproveito os nomes Orêa e Bigode (porque corto a parte do bar, da cena 22 original)], diálogos, etc. Aproveito para melhorar a história e crio, do zero, seis cenas [73 a 75 + 103 + 112 e 113 + original do jantar com treta entre Marceleza e Seu Brito].
Além de escrever, também reviso todas as cenas durante o processo, em que repenso a estrutura, modifico a ordem e a numeração de cenas, recrio trechos, corto outros, edito e limpo diálogos, a fim de solucionar problemas.
NOVIDADES PARA MURALHA
Vou listar algumas das novidades que inseri na história, durante a feitura do 2º tratamento do roteiro de “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” em fevereiro:
A estreia da “fratura exposta”, um dos meus xodós, no diálogo entre os pescadores Capitão e O Velho: “(...) no rio só ficam os ingênuos. Ou os infelizes...” [original de “No mar, só vai quem ama. Ou se é infeliz”]. PS: Insiro o nome Alderico no personagem original de Josias.
Com a ajuda das valiosas ferramentas do Google Maps e Google Street View, percorro a cidade de Nanuque (MG), no conforto do meu home office, e escolho a locação onde Maria mora [Rua Barão de Mauá, bairro de Vila Esperança, na curva com a Rua Tiradentes], o que me faz melhorar a sua saída de casa [e criar o xodó: ela observa os moleques jogando num campinho e a bola indo para dentro do rio Mucuri].
O diálogo “engraçadinho” entre o fotógrafo e Edir, na saída do santuário em Bom Jesus da Lapa.
A dica do pescador O Velho sobre o dominó para Mudinho [o original de “A manha é blefar”, de Alderico].
Na difícil cena da fuga de Maria violentada, introduzo a discriminação dentro do ônibus [feita por uma senhora, e não um senhor] e o sono no ponto. Retiro as cenas de sexo dela, no ofício de prostituta [troco por Maria pegando carona com três homens diferentes — algum deles pode ser o pai de José/Muralha] e a história de amante do comerciante.
Crio o encontro de Maria com Dona Tonica [1ª vez que acrescento o “dona”] na churrascaria em Teixeira de Freitas [não mais a vizinha Tonica, e sim uma ex-patroa de Maria, branca & católica, que a convida para trabalhar de novo com ela; dessa vez, em Mucuri].
Quando Maria é morta pelo ladrão na rua, ela não está vestida com um uniforme de auxiliar de limpeza de um hotel, e sim com um uniforme do colégio.
Desde 2013 que o final do baba na aldeia era uma confusão: Marceleza agredia Mudinho, que era defendido por Capitão, que quase sobrava [o índio lhe apontava uma arma] por causa do goleiro, que se mandava da aldeia sem se importar com desfecho. Capitão ficava puto com isso, e demitia Mudinho do barco, causando a saída dele de Caraíva. Ou seja, PÔDI! Resolvo agora: Marceleza termina o baba numa boa; depois, na vila, tem treta com Capitão para que ele o ajude a contratar Mudinho, queima o barco dele e tudo mais que perdurou [e foi burilado ao longo dos anos] até “oroboro baobá”.
Tonica não despacha mais o bebê José/Muralha no orfanato. Ela se direciona a Nova Viçosa para uma visita, e acontece o acidente fatal na ida à cidade vizinha [e não mais na volta]. Aproveito para melhorar a cena do acidente [a numeração das estradas continua errada; só verifico isso mais tarde], e criar a personagem diretora do orfanato “Deus é Grande” de Nova Viçosa, “uma mulher corpulenta, alta, cabelo curto, expressão dura e porte militar”, inicialmente batizada de Bartira Mengell [a original de Gunilla], que é quem rouba o bebê José/Muralha e o leva para a sua instituição [as cenas 73, 74 e 75 são novidades do 2º tratamento].
Crio os diálogos no vestiário de Porto Seguro antes da partida contra Bom Jesus da Lapa [roda de oração, treta, orientações, etc.], apresento os jogadores e crio as falas de Luquita no banco de reservas. Insiro a indiferença de Mudinho a Luquita. Mostro as reações no banco — reciclo o melhor da 1ª partida contra São Francisco do Conde nessa cena. Crio a cena no vestiário pós-jogo, com alguns jogadores sendo homofóbicos e racistas com Mudinho.
18/02/15. Oito e vinte da manhã, quarta-feira de cinzas [foi ótimo não ter farreado na última noite de Carnaval!], me debruço na cena do “The Flash do Esporte” [cena 30 no 1º trat.], programa de Bip-bip, e a “abro”: crio os diálogos; nomeio os comentaristas de Dedé [original de Dadá] e Delucci, e o ouvinte de Toinho da Tonha, caracterizando-os; insiro o barracão de drogas de Marceleza; e crio a cena do motel [um xodó!] com Xandão e Lupino de toalha — modifico significativamente o técnico, trocando a sua pedofilia por um caso secreto com o goleiro [agora, Xandão mantém o reserva Lupino como titular por amor, e não por obedecer à chantagem do prefeito].
Depois de escrever o conto xodó, final de tarde da quarta de cinzas, a seguir a indicação de investir em Marceleza, coloco o artilheiro [e não mais o preparador Ferreira] a informar ao elenco a mudança no nome de Mudinho para Muralha [visto no jornal “Líder”, matéria de Bip-bip]. Crio uma treta entre Marceleza e Xandão [a origem do xodó “O técnico é você, mas quem escala sou eu. Eu! Eu pago, eu escalo!”]. O artilheiro também treta com o dirigente Sanfilippo, tachado de playboy e “enfeite”. Escrevo uma cena em que o filho de Seu Brito combina com Xandão para tirar Marceleza do time; uma mudança no enredo que cria uma rivalidade/disputa entre o dirigente e o artilheiro.
Elaboro o diálogo entre Dona Arminda e Meninico [na época, um rapaz] na pensão, expondo os seus preconceitos sobre Muralha.
Crio a preleção de Porto Seguro no hotel, em que Xandão não escala Muralha entre os titulares [nomeio o médico da seleção de Seu Castro]. Marceleza contesta a decisão do técnico e fica puto [nessa versão, ele discute mais com Sanfilippo; chega a dar um murro nele].
Elaboro os diálogos no vestiário pós-partida em que Lupino se machuca. Xandão pede para Marceleza trazer Muralha de volta ao elenco. Na cena seguinte, inauguro o conchavo entre o artilheiro e Bip-bip para enaltecer o goleiro que não toma gol [insiro mais cenas com o programa “The Flash do Esporte”, o jornalista a bater em Xandão, o prefeito pedir a cabeça do técnico e Sanfilippo a negar: “vou botar quem no lugar?”].
Crio as cenas em que Marceleza “sequestra” Xandão para um “passeio” e, dentro do carro, exige que ele escale Muralha como titular, sob a ameaça de uma arma apontada pelo capanga Taca Fogo.
Melhoro a 1ª partida da semifinal no Toca do Guaiamum, escalando Muralha desde o começo. Mostro os momentos que antecedem o apito, as reações na arquibancada, as defesas de Muralha, a expectativa e frustração do reserva Luquita, e os erros do time e do técnico.
Elaboro as falas dos jogadores em apoio a Muralha no vestiário [Luquita manda um “Bora, Muralha, lasca!”, que vai, depois de girar o mundo, se eternizar em “oroboro baobá” na voz de Bogus, deslocada para as quartas: “Vai, Porto, lasca!” — obsessão: tinha que colocar “lasca!” em alguma fala do livro, uma “homenagem” a essa expressão que tanto falei (e não falo mais), assim como “ô pêga!”].
ADIÓS & OUTRAS HISTÓRIAS
Sexta-feira 13 de Carnaval, após assistir ao excelente longa “Selma: Uma Luta pela Igualdade”, da genial Ava DuVernay [na sessão absurda de 12h10, única disponível (como assim???) na cidade mais negra além d’África], todo o excelente trabalho desenvolvido com a Labirinto & Escritório no processo do livro “O grito do mar na noite” naufraga: via e-mail, brigo com Mayrant Gallo. Que tristeza! Dias depois, na quinta 19/02/15, ele e a sócia Lidiane anunciam, por e-mail, a desistência da publicação. Adiós, parceria... [infelizmente, depois disso, Mayrant não teve interesse em ler ou saber do romance, e essa lacuna me incomoda até hoje]
“O grito do mar na noite” ficou, de novo, sem rumo, até que, no último dia de fevereiro, acertei com a editora baiana Via Litterarum, a mesma que publicara o meu 1º livro, “Abrupta sede”, em 2010 — o visionário editor Agenor Gasparetto topou bancar a publicação sozinho. E o fim da parceria com Mayrant deu fim no outro livro programado para a editora dele: adiós, “Muralha & outras histórias”!
Na tarde da quinta 26/02/15, após a maravilhosa confirmação do patrocínio da Oi para a Flica 2015 [a festa mais uma vez aprovada no edital nacional do Oi Futuro, que saudade!], transfiro os contos “Sol de abril”, “O banquete” e “Bonecas” para o livro “O grito do mar na noite”, e passo a considerar “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” um romance, de novo [de conto longo para romance curto, uma novela, termo que desprezo] — quando terminar o 2º tratamento do roteiro, retomarei o trampo literário, a incluir as novas criações no original do livro.
OROBORO BAOBÁ [7ª VERSÃO]
Após lançar o site Mirdad e reuniões da Flica 2015, retomo a função de roteirista “amadô”. Em quatro dias [04 a 07/03/15], invisto quase 11 horas de trabalho e concluo o 2º tratamento do roteiro do longa “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”.
Revejo as cenas 38 a 52 do 1º tratamento [corto a cena 37, chantagem do prefeito em Xandão, por causa das mudanças nesse personagem], e crio, a partir destas, 74 cenas [125 a 147 + 150 a 200], incorporando novos diálogos e mudanças. Reviso a cena do jantar (treta entre Marceleza e Seu Brito), criada na segunda de Carnaval [antes de sair para curtir os shows de Lazzo e BaianaSystem no Pelô], e a divido em duas: 148 e 149. A seguir, algumas das novidades que inseri na história:
Elaboro os diálogos no vestiário pós-confusão em Santa Luz, em que o dirigente Gordo tenta retomar a partida e o juiz não permite, e os diálogos antes do ônibus de Porto Seguro partir [Xandão muito preocupado com o estado de Lupino].
Nomeio os dois policiais que capturaram Muralha na estrada: Corumbá e Robinson. Elaboro a cena da captura [nessa versão, tiveram de bater para desacordar o goleiro e colocá-lo na viatura]. Crio também o diálogo entre Sanfilippo e Corumbá [depois, troco para Robinson] na delegacia, antes de ser levado à sala do delegado.
Um dos xodós de “oroboro baobá” é o confronto de Marcelino com Dom Brito/Pedraluarez no iate. E o original dessa cena estreou no 2º tratamento, só que o jantar foi em terra, num restaurante de Trancoso [com o prefeito e Xandão metidos no bolo também], Seu Brito ordenando boicotar o título de Porto Seguro.
Dou um tapa nos diálogos entre Marceleza e Dona Arminda, antes do artilheiro ser morto pelo novo ocupante do quarto de Muralha.
MARÇO NA FUNÇÃO
Yeba! Viva o verão nas letras! Em março, retomo a produção literária do romance “Muralha: O goleiro que nunca tomou gol”, e invisto mais de 93 horas de trabalho em 21 dias, intercalada aos outros trampos da Flica, do livro “O grito do mar na noite” [a capa foi trocada — adiós às belas telas de Nelson Magalhães Filho —, assinamos contrato, concluímos o miolo e a editora mandou para a gráfica] e da criação de contos para a seção “Crônitos” [inclusive o xodó “Ingênio”], e as novidades da criação do projeto musical Orange Roots e da mexida nos poemas arquivados, transformando-os em ‘crônitos’ [como “Impermanência”].
Domingo, 08 de março de 2015, manhã. Decido que o romance será o primeiro de uma trilogia e o dedico à minha mãe Martha Anísia, à minha irmã Kátia Moema e à memória do meu pai Ildegardo Rosa (1931-2011), do meu professor André Setaro (1950-2014) e do grande escritor Hélio Pólvora. Reviso os agradecimentos e divido o livro em duas partes: “Parte I — Antes da Seleção” [Mudinho em Caraíva até Bom Jesus da Lapa e a história de Maria & bebê José até o orfanato] e “Parte II — Camisa 23 de Porto Seguro” [Mudinho/Muralha em Porto Seguro].
Abro o conto “terminado” em 24/01/15 e o 2º tratamento do roteiro, e começo o processo [todo feito no apê 703-B] de fundi-los na nova versão do romance: separo as partes dos capítulos do conto para desenvolvê-las melhor em capítulos distintos, a incluir as falas e novas ideias/trechos do roteiro. A estreia: trabalho no baba na aldeia. PS: Desisti da numeração romana nos capítulos e troquei para a convencional, indo-arábica, por achar mais comum, menos pretensiosa [contradição: mantive nas partes].
A GEOGRAFIA NO ROMANCE
Após o almoço do domingo 8M [aniversário da cantora Ana Gilli], dedico a tarde a ensaiar composições minhas de rock, transformando-as em reggae [2º dia de criação da Orange Roots], e leio mais um pouco do romance “Aprender a rezar na era da técnica”, do português Gonçalo M. Tavares [atração da Flica 2014]. À noite, após rever “Tropa de Elite 2” na TV [o filme brasileiro predileto dos anos 10], invisto a tristeza da noite de domingo “solteiro sem crush” para criar o capítulo 1 – Antes da Seleção [os pescadores se arrumam para ir trabalhar].
A grande novidade dessa criação é que a Geografia se impõe com força no romance: eu passo a valorizar as descrições dos lugares [cidades, rios, estradas, ruas, morros, etc.] e faço questão de incluí-las no livro. Durante todo o processo, pesquiso informações no Google [e nas suas ferramentas], Wikipédia e site do IBGE, para fundamentar a criação dos novos trechos. Assim, escrevo sobre o rio Caraíva nesse capítulo 1.
A TRILHA NO ROMANCE
Uma das partes mais legais da criação do roteiro foi ter garimpado as músicas para a trilha do filme. Botei a minha peneira para funcionar, e o mestiço meteu o lampião em 18 músicas, de bandas e artistas variados, a maioria da Bahia. Antes de sondá-los para conseguir a autorização [paga ou free], inventei de elaborar as cenas viajando nos efeitos que as músicas me causavam. Ou seja, vinculei-as à história e não consegui desapegar quando retomei o romance — inseri a maioria das músicas no livro, a compor cenas ou apenas sendo citadas [inventei que o jogador reserva Dertan as ouvia], e até como epígrafe de capítulo.
As músicas selecionadas para o livro [em ordem de aparição]: “Paraquedas”, de Russo Passapusso; “Canção da Goiabeira”, de Kalu; “Cuspe, Maltrate, Ofenda”, de Juliano Gauche; “Meu Bem”, de Luís Capucho; “Terapia”, da BaianaSystem; “Suffer”, do IFÁ; “Nostalgia”, da Vivendo do Ócio; “O Cordeiro”, da Cascadura; “Deus que Dança”, do Opanijé; “Farol”, de Mou Brasil; “Bola na Rede”, do Bemba Trio; “Nobre Folia”, da Sertanília; “Gong”, da Sigur Rós; e “Aláfia”, de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz. Olha só como ficaram no romance:
Fiz alguns cortes: “Agora”, do Dois em Um [trilhava a morte de Maria pelo ladrão, compondo uma bela & triste cena], e “8/8/88”, da Orange Poem & Teago Oliveira [o mergulho de Muralha no mar de estrelas], porque não consegui adaptar no romance; “Invicto”, da Cambriana [a cena do russo refletindo sobre Muralha], porque o trecho foi para a voz do narrador e perdeu o sentido de ter uma trilha; e “Congo Fechado”, da Pó de Ser Emoriô, porque trilhava os créditos.
ENXURRADA DE MARÇO
Estou empolgado e com fome de escrever, querendo atualizar o romance. É uma época de muita inspiração e desejo de ser um escritor profissional. Segue a enxurrada de março, a valorizar ainda mais o verão:
Segunda, 09/03/15 [06h e 25min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 2 a 6 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de nove cenas [03 a 11] e da 1ª parte do capítulo II. Algumas novidades: desenvolvo melhor o problema de saúde da mãe de Maria, a relação conflituosa das duas e a locação de Nanuque [cap. 2]; crio o original do xodó “É cedo, e a paisagem, mesmo camuflada pela rotina, ainda é capaz de inebriar”, insiro o canto do pescador no barco, mas ainda navegam erroneamente no rio [cap. 3].
Nomeio como Benivalda a mãe de Maria, elaboro um pouco da sua história [engravidou de um marginal sem nome, abusador; escrevo o xodó “as economias escondidas nos mistérios da pequena casa”], Maria como empregada doméstica com talentos para cozinha, que “levava jeito para doces e preparos mais elaborados”, crio o original do xodó “A jovem, que não se conecta à crença alheia, mas respeita a fé de quem paga o seu salário” [cap. 4]
Retomo o cap. de racismo do casal [excluída do roteiro] e crio um novo final, escolhendo revelar a reação de Mudinho [um erro: frustrar o mistério] e antecipar o seu futuro nome Gigante [cap. 5]; aproveito a minha queixa ao forró universitário, vulgo “roda-roda”, e escrevo o original [na voz do narrador que não existe como personagem, kuéin!] da queixa do turista [cap. 6].
Terça, 10/03/15 [03h e 10min | tarde & noite] — Descarto a cena 12 [missa dentro da gruta do Santuário de Bom Jesus da Lapa, com Maria e a família de Edir presente — não tive expertise literária para elaborá-la num texto que prestasse]. Escrevo os capítulos 7 a 9 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de duas cenas [13 e 14] e da 2ª parte do capítulo II e 1ª parte do capítulo III. Algumas novidades: Edir exige a presença de Maria na foto, geografia do morro do santuário, mais detalhes no visual de Maria, e os originais dos xodós “Quando baixa a câmera, ele sorri, com muitos dentes e saliva, e uma fome que ela não capta. Ainda (...)” e “Edir (...) a tentar bloquear a paquera, que desliza como uma serpente (...) Contudo, é tarde. O encanto está instalado. É definidor” [cap. 7].
Modifico o nome do pedreiro Pezão para Carranca [+ original do xodó “uma gargalhada com cheiro de cachaça”], visão de Mudinho sobre o jogo de dominó [“O decodificar do jogo numa lógica sem guias prévios”], retomo a fala do guri de recados [o rapazote que trabalha nos bangalôs] que cortara no roteiro [cap. 9].
Quinta, 12/03/15 [40min | de manhã] — Escrevo novos trechos no capítulo 12 — Antes da Seleção [só não sei mais quais foram].
Sexta, 13/03/15 [03h e 40 min | manhã & tarde] — Nomeio o capítulo com o baba na aldeia de “O primeiro baba” e o insiro antes da parte I. Organizo, no original do romance, a ordem de utilização das cenas do 2º tratamento do roteiro.
Quarta, 18/03/15 [06h e 20min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 13 a 16 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de doze cenas [35 a 43 + 47 a 49] e de trechos do capítulo IV e 1ª parte do capítulo III. Algumas novidades: Carranca tenta pegar em Mudinho para suplicar [escrevo o original do xodó “(...) se esquiva com a rapidez de um fio de cabelo na ventania”], há o desvio e o pedreiro enfia a cara na areia [cap. 13].
Crio a descrição geográfica de Mucuri, com os xodós: Mucuri como entrada e saída ao mesmo tempo + o original da road trip das praias nordestinas, de São Pedro em Carutapera (MA) a Riacho Doce em Mucuri (BA) + “as cidades propriamente não são próximas, e sim os seus territórios, que se tocam na borda imaginária dos seus Estados, e dos símbolos intrínsecos às encruzilhadas dos seus mistérios” [e incluo o percurso do rio Mucuri, da nascente mineira à foz baiana, o começo do respeito ao caminho dos rios no romance].
Refaço a personagem Dona Tonica, que se torna uma “historiadora baiana”, “natural da heroica Cachoeira” [uma “homenagem” à Flica], que abandona “a promissora carreira na universidade em prol do amor” e se casa com “o próspero comerciante mineiro José Braga Sommerlatte, descendente dos alemães que colonizaram o Vale do Mucuri”, se muda para Nanuque, tem um casamento feliz, mas sem filhos [ele era infértil], torna-se uma viúva enricada [acho muito mais interessante que a nova versão dessa personagem seja uma mulher negra de sucesso, que uma branca religiosa; por isso, mudo, com gosto, a cor da pele da Dona Tonica] e volta a morar próxima do mar, em Mucuri; ela celebra a sincronia de reencontrar “a filha de sua querida e saudosa ex-empregada Benivalda, a amável Maria, que trabalhou, mais nova, em sua casa, e agora reassume seu posto” [cap. 16].
PS: Na manhã do sábado 14/03/15, antes de fechar a contabilidade do trampo no livro “O grito do mar na noite” [foram 240 horas de trabalho em 84 dias em 2012, 2014 e 2015], decido, em uma análise “The Flash do Esporte” de 10 minutos, que o romance será apenas um livro, e não mais uma trilogia [talvez estivesse cansado de escrever sobre Muralha, ou apenas com preguiça — criar um romance é doloroso e bem difícil, imagine três?].
PRESENTE DE LORENA HERTZRIKEN
Entre o final de fevereiro e o começo de março, aproximo-me da produtora Lorena Hertzriken, e acontece uma sinergia de ideias e valores. Combinamos de investir numa sociedade na Aláfia Filmes, e o primeiro projeto para testar a parceria é o longa “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”.
Na terça 17/03/15, a produtora vem ao meu apê 703-B, para a 1ª sessão de leitura do 2º tratamento. Uma jornada longa, de seis horas (10h30 às 12h30 + 14h às 18h), em que lemos e avaliamos 96 cenas. E Lorena Hertzriken oferece o seu presente ao romance: traduz as duas falas da personagem Isidora para o espanhol.
Realizamos mais duas sessões de leitura e avaliação do 2º tratamento (23 e 25/03/15), e combinamos de retomar o projeto quando eu terminasse o roteiro [teria que incluir mudanças que surgiram e ainda iriam acontecer durante o processo do romance].
PRESENTE DE FABRÍCIO MOTA
Quinta, 19 de março de 2015, à tarde. No home studio do guitarrista Átila Santtana [fundos de um edifício de três andares na rua Itabuna, ao lado de um bar de caranguejo, no Rio Vermelho], que fora contratado como produtor [junto a mim] do então EP “Fluid”, do recém-criado projeto de reggae psicodélico Orange Roots, tá rolando a 1ª sessão da pré: apresento, voz e violão, o repertório, e selecionamos as quatro faixas. Eis que chega o baixista Fabrício Mota [tocamos juntos na The Orange Poem em 2005], e começamos a trabalhar nos arranjos.
No intervalo da sessão, finalzinho da tarde, conto a história de Muralha para o amigo rasta, que é professor & historiador também. Então, Fabrício Mota oferece o seu presente ao romance: opina que é melhor que o antagonista do livro não seja de uma minoria. Os seus argumentos são precisos, e ilumina o meu equívoco. Bingo! Valorizo demais a opinião do amigo e decido, na hora, refazer o personagem Marceleza, que deixa de ser índio e passa a ser branco.
100º DIA OROBORO
Sexta, 20 de março de 2015. Ou 100º dia de trabalho em “oroboro baobá”. Baseado no presente de Fabrício Mota, à tarde, transformo o pataxó Marceleza em branco. Para não perder um personagem indígena, modifico o então indefinido pescador Capitão [provavelmente mestiço ou branco] para ser o pataxó principal da história. Pesquiso na internet, levanto alguns nomes, até que encontro um vídeo caseiro, de um turista gravando crianças pataxós, e magnetizo por um nome que significa “árvore”. Assim surge Capitão Burianã.
Revejo as mudanças em dez capítulos da parte I, e crio novas partes, como o original do xodó “o hábito ambienta as visões à paisagem, sem arroubos, só respeito”.
DESCENDENTE DE CORONEL
Sou bisneto de um coronel de cacau: Miguel Alves Dias, mais conhecido como Miguel do Ouro, bisavô por parte de mãe [o seu sobrenome não sobreviveu até mim]. Das histórias que guardei dele, de fontes diversas da família, foi um mascate de ouro que roubou o burro da família e se fez fazendeiro de cacau em Ilhéus, descendente de negros e mestiços, e implacável coronel de muitos jagunços — sofria preconceito na “alta” sociedade por ser o rico de pele mais escura.
Do seu imenso patrimônio, torrado por vários herdeiros [um deles, playboy-galã por toda a vida, preferido da bisavó por ser o único filho com pele clara (o “loiro”), teve caso com Carmen Miranda e se divertia em caçadas na Europa], ainda resta, para nós, o apê 703-B [e outro imóvel rural].
Sábado, 21 de março de 2015, decido reciclar algumas dessas histórias [vagão de trem só para a sua família, filhas banhadas em bacia de ouro, consulta no Rio de Janeiro] no passado do novo Marceleza. Ele passa a ser tataraneto de um coronel inventado, sem nome [o que interessa é o sobrenome que funda a instituição da sua família], em que carrego na tinta da violência e exploração: uma representação da tradicional riqueza de tantas famílias brasileiras, de origem escusa e exploratória que, ao longo das gerações, vai se “purificando”, casando com outras famílias ricas [faço a conexão Bahia-Minas nessa parte também], a preservar e ampliar o patrimônio.
Escrevo todas essas novidades no capítulo 11 — Antes da Seleção e fico muito satisfeito [esse passado é um dos xodós prediletos de “oroboro baobá”; sinto-me realizado em criar um exemplo da herança maldita da maioria dos brasileiros ricos (e falidos também)].
Ao criar a trajetória no crime de Marceleza, um rebelde que é deserdado da família rica por causar muitos problemas, que se identifica com o futebol e o tráfico de drogas, é preso e monta o seu esquema até conseguir a estabilidade e ser o “homem de confiança do real dono do pó” [escrevo o original do xodó: “que, assim como outros chefões do crime, é um notório investidor e empreendedor, milionário, frequentador de ambientes luxuosos ao redor do mundo”], imaginava-o num filme, sendo interpretado por Wagner Moura.
Esse sabadão criativo [em que vi/falei (via Skype) com a cantora Ana Gilli pela última vez — ela decidiu não ter mais contato] ainda rende novos trechos nos capítulos 8, 9, 13 e 15 da parte I. Algumas das novidades: transformo Paca no pataxó de nome Apaká, e a festa com baba na aldeia passa a ser o seu aniversário; Marceleza só comparece para poder ser tietado, pois despreza os índios; Capitão Burianã fica incomodado com essa tietagem; crio o xodó “É bom você ter medo de mim” [cap. 13]; Paca é um pataxó antenado, que escolhe as músicas “modernas” que tocam no aniversário [cap. 15].
Numa semana sem parar, me jogo na função de concluir o 1
Segunda, 26/01/15 [04h e 50min | manhã & tarde] — Revejo a cena 21. Crio, do zero [não há essas cenas no conto], as cenas 22 [Mudinho num bar em Bom Jesus da Lapa ouve sobre o jogo contra Porto Seguro; surgem os nomes Orelha e Bigode em figurantes, que depois seriam reaproveitados na seleção — Orelha como Orêa] e 23 [Os jogadores nas barracas da praça, Xandão avista Mudinho e o convida para jogar]. Crio a cena 24 [Programa de TV explica o que é o Amadô], inspirada em passagem do conto. Crio [Sanfilippo no programa termina de apresentar o que é o Amadô] e adapto [Mudinho é apresentado ao elenco] a cena 25. Adapto a cena 26 [Mudinho treina com o preparador de goleiros], que se torna um clipe [seleciono a música “O cordeiro”, da banda Cascadura, para trilhar essa cena].
“O cordeiro”, da Cascadura, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Terça, 27/01/15 [03h | à tarde] — Adapto quatro cenas [27 a 29 + 31], todas relacionadas a Mudinho/Muralha e o time de Porto Seguro [na 27, coloco a câmera para descer da arquibancada ao vestiário, o original de “uma mosca dribla (...) a disritmia do seu voo guia a fuga para longe da vibração da massa”, e crio os momentos anteriores à partida, no vestiário e no campo; na 31, introduzo o roupeiro e massagista Bogus]. Crio a cena 30 [programa de rádio de Bip-bip], inspirada na frase “Sentia-se ainda corresponsável pelo sucesso da Seleção (...) a vaidade rendeu-lhe a certeza de que foram seus pitacos (...) que ajudaram o técnico a sempre armar o melhor time”.
Quarta, 28/01/15 [07h | da manhã à noite] — No único dia inteiramente dedicado ao roteiro em janeiro, revejo a cena 31. Crio a cena 32, a transformar um parágrafo do conto em cenas de futebol: clipe duma partida de Porto Seguro com ênfase no craque Marceleza; Lupino se machuca e Xandão manda buscar Muralha, mas escalará Nei, improvisado; reação ao racismo de Marceleza [na época, o lateral negro era Gorado, e não Digo Cabral].
“Bola na Rede”, do Bemba Trio, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no SoundCloud aqui
Crio as cenas 33 [mais uma edição do programa de Bip-bip], 36 [rotina de Muralha na pensão, bastidores do time] e 38 [coletivo antes da semifinal], inspiradas em passagens do conto.
“Nobre Folia”, do grupo Sertanília, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Final de tarde, faço uma pausa para descansar a fábrica de ideias. Janto sopa e inhame. Volto a trabalhar vinte para às vinte horas. Inspirado em três parágrafos do conto [escritos em 2013; uma parte bem querida], crio a cena 40, a fuga de Muralha da confusão no estádio, e a corrida atravessando Santa Luz até o açude Tapera, onde descansa e mergulha nas estrelas. Dessa vez, marco a cena com a canção que amo, “Gong”, da islandesa Sigur Rós, banda que trilha todo esse processo de criação.
“Gong”, da Sigur Rós, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Insiro, também, uma canção minha do repertório Orange Poem, para trilhar o mergulho. Dez para as nove da noite. Estou muito satisfeito com a cena! E ela passa a ser um xodó [hoje, é a parte final de “oroboro baobá”, a fuga de Montanha após a final e mergulho no mangue de Porto Seguro, a revelar a sua identidade]. Além desse trabalho de criação, ao longo do dia, adapto as cenas 34, 35, 37, 39 e 41, relacionadas a Muralha, o time de Porto Seguro, o prefeito, Bip-Bip e Sanfilippo na delegacia.
“8/8/88”, da Orange Poem & Teago Oliveira, garimpada para a trilha do filme “Muralha” [apenas o instrumental]. Ouça no YouTube aqui
Quinta, 29/01/15 [02h | manhã & tarde] — Adapto do conto as cenas 42 [prisão de Muralha] e 43 [chantagem na delegacia; Muralha é liberado após acordo]. Crio a cena 44 [família de Seu Brito], inspirada em trechos do conto e no “Muralha — Capítulo 10 original”, arquivado em 2014 [recupero os vários personagens dessa família globalizada].
Trailer do documentário “Bahêa Minha Vida”, de Márcio Cavalcante [o trecho 2’07” a 2’16’’, com a fala do torcedor icônico Rubí Confetí, foi garimpado para o filme “Muralha”]. Veja no YouTube aqui
Sexta, 30/01/15 [04h | de manhã] — Adapto do conto as cenas 45 [briga no vestiário de Porto Seguro; Ferreira se demite], 48 [treta na pensão, Marceleza morre; insiro o super-xodó, que estava na voz do narrador, na fala do assassino: “Meu pai dizia que um valente se acaba quando encontra um mais valente ainda” — o meu pai Ildegardo Rosa nunca me falou isso; a maioria não deve ser biografia, e sim criação] e 49 [funeral de Marceleza]. Crio as cenas 46 [1
Crio, quase do zero, a cena 47 [mais família de Seu Brito; surge Leandro, irmão de Sanfilippo], inspirada no “Muralha — Capítulo 10 original” e num parágrafo do conto.
Sábado, 31/01/15 [04h e 40min | manhã & tarde] — Adapto do conto a cena 51 [finalíssima do Amadô], e insiro algumas reações: “Bip-bip entrevista o técnico Xandão (...) Bogus, às lágrimas, distribui camisas com fotos de Marceleza e Lupino e frases de apoio (...) Nei está de joelhos, orando (...) Rolex chora como um menino, amparado por Nilson num abraço de campeões”. Insiro também: o pescador que berra “Vai Mu-ráááááá-lháaaaaaa!” na arquibancada é Capitão [na versão final, quem berra “Vai Mon-tãããããã-nháááááá!” é o pedreiro Carranca].
“Invicto”, da Cambriana, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Por fim, crio a última cena, a 52 [Seu Brito na pensão vai contratar Muralha; dou nome ao rapaz “responsável do estabelecimento”: Meninico — na real, reaproveito o nome que era do “guri de recados dos bangalôs da capixaba”, o original do “rapazote que trabalha nos bangalôs da Fabiane”, porque este também fora limado do roteiro junto ao casal de paulistas], inspirada no último capítulo do conto.
Viajei na maionese total na abertura do “argumento” da cena 52: pensando em fazer uma conexão com o segundo [!!] ou terceiro [!!!] filme da trilogia [???] de “Muralha”, elaboro um clipe com uma narração em off EM RUSSO [!!!!!] “lida preferencialmente pelo ator Aleksey Serebryakov” [que faz o protagonista do filme “Leviatã”], refletindo sobre o goleiro [reaproveitaria esse trecho na escrita de Sanfilippo sobre Montanha em “oroboro baobá”].
Essa narração não teria legenda em português: só seria legendada no próximo filme, quando fosse exibida a cena completa dessa narração, passada na Rússia [a ideia de então era levar Muralha para jogar no futebol russo, uma conexão com o personagem Krigor, pai das netas de Seu Brito]. No texto do roteiro, tenho que deixar a narração em português mesmo — pendência: pesquisar e cotar essa tradução para o russo. À tarde desse sabadão, reviso as cenas 01 a 10.
Domingo, 01/02/15 [06h | manhã & tarde] — Reviso, mais uma vez, as cenas 01 a 10. Reviso as cenas 11 a 30.
“Congo Fechado”, da banda capixaba Pó de Ser Emoriô, dica do escritor Wladimir Cazé, garimpada para os créditos finais do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
OROBORO BAOBÁ [6
Segunda, 02 de fevereiro de 2015, manhã. Em uma horinha apenas, reviso as cenas 31 a 52 e dou por concluído o 1
PS: Não tenho o registro de quando decidi por isso, mas dediquei o “filme” ao mestre André Olivieri Setaro (1950-2014). E selecionei uma epígrafe de Eckhart Tolle para abrir o roteiro.
No lançamento do livro de contos “Um certo mal-estar”, do amigo Victor Mascarenhas (19/11/15)
PRESENTE DE VICTOR MASCARENHAS
Na terça, 03 de fevereiro de 2015, atendendo a um pedido de amigo, o escritor e roteirista Victor Mascarenhas se reúne comigo no apê 703-B. Solícito, ele avalia o 1
“Deus que Dança”, do Opanijé, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no SoundCloud aqui
FEVEREIRO NA FUNÇÃO
“Dia dois de fevereiro, dia de festa no mar”. E eu não vou saudar Iemanjá [respeito a divindade e a religião dos outros; eu não sigo religiões], nem curtir a festa [fiquei com preguiça]. Ontem à noite, dei uma espiada em Giovani Cidreira na Fonte do Boi, e Metá Metá na festa antecipada do Lalá. Hoje, concluo o 1
Intercalado com os outros trampos [inserção de conteúdo no site Mirdad, ajustes no livro “O grito do mar na noite”, criação dos xodós “Cinzas” e “Qualquer um” para a seção “Crônitos”, e pré da Flica 2015 & evento de lançamento na Caixa Cultural], o trabalho de roteirista continua por todo o mês de fevereiro [inclusive durante o Carnaval, que só curti uma noite no Pelô — na outra, tomei um bolo de uma ex —; ao menos o feriado me rendeu o xodó “Cinzas”, escrito na quarta-feira de cinzas].
“Farol”, do guitarrista e compositor Mou Brasil, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Invisto mais de 70 horas de trabalho na feitura do 2
Além de escrever, também reviso todas as cenas durante o processo, em que repenso a estrutura, modifico a ordem e a numeração de cenas, recrio trechos, corto outros, edito e limpo diálogos, a fim de solucionar problemas.
“Aláfia”, de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
NOVIDADES PARA MURALHA
Vou listar algumas das novidades que inseri na história, durante a feitura do 2
A estreia da “fratura exposta”, um dos meus xodós, no diálogo entre os pescadores Capitão e O Velho: “(...) no rio só ficam os ingênuos. Ou os infelizes...” [original de “No mar, só vai quem ama. Ou se é infeliz”]. PS: Insiro o nome Alderico no personagem original de Josias.
Com a ajuda das valiosas ferramentas do Google Maps e Google Street View, percorro a cidade de Nanuque (MG), no conforto do meu home office, e escolho a locação onde Maria mora [Rua Barão de Mauá, bairro de Vila Esperança, na curva com a Rua Tiradentes], o que me faz melhorar a sua saída de casa [e criar o xodó: ela observa os moleques jogando num campinho e a bola indo para dentro do rio Mucuri].
Locação escolhida para a casa de Maria em Nanuque. Frame de 2012 do Google (acesse aqui)
O diálogo “engraçadinho” entre o fotógrafo e Edir, na saída do santuário em Bom Jesus da Lapa.
A dica do pescador O Velho sobre o dominó para Mudinho [o original de “A manha é blefar”, de Alderico].
Na difícil cena da fuga de Maria violentada, introduzo a discriminação dentro do ônibus [feita por uma senhora, e não um senhor] e o sono no ponto. Retiro as cenas de sexo dela, no ofício de prostituta [troco por Maria pegando carona com três homens diferentes — algum deles pode ser o pai de José/Muralha] e a história de amante do comerciante.
Teixeira de Freitas, num frame de 2015 do Google (veja aqui), que me inspirou o local para inserir a churrascaria [“Miwa desembarca, bem próxima a uma bandeira do Brasil hasteada, a tremular num poste, mal iluminada”]
Quando Maria é morta pelo ladrão na rua, ela não está vestida com um uniforme de auxiliar de limpeza de um hotel, e sim com um uniforme do colégio.
Desde 2013 que o final do baba na aldeia era uma confusão: Marceleza agredia Mudinho, que era defendido por Capitão, que quase sobrava [o índio lhe apontava uma arma] por causa do goleiro, que se mandava da aldeia sem se importar com desfecho. Capitão ficava puto com isso, e demitia Mudinho do barco, causando a saída dele de Caraíva. Ou seja, PÔDI! Resolvo agora: Marceleza termina o baba numa boa; depois, na vila, tem treta com Capitão para que ele o ajude a contratar Mudinho, queima o barco dele e tudo mais que perdurou [e foi burilado ao longo dos anos] até “oroboro baobá”.
“Nostalgia”, da Vivendo do Ócio, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
Crio os diálogos no vestiário de Porto Seguro antes da partida contra Bom Jesus da Lapa [roda de oração, treta, orientações, etc.], apresento os jogadores e crio as falas de Luquita no banco de reservas. Insiro a indiferença de Mudinho a Luquita. Mostro as reações no banco — reciclo o melhor da 1
18/02/15. Oito e vinte da manhã, quarta-feira de cinzas [foi ótimo não ter farreado na última noite de Carnaval!], me debruço na cena do “The Flash do Esporte” [cena 30 no 1
Depois de escrever o conto xodó, final de tarde da quarta de cinzas, a seguir a indicação de investir em Marceleza, coloco o artilheiro [e não mais o preparador Ferreira] a informar ao elenco a mudança no nome de Mudinho para Muralha [visto no jornal “Líder”, matéria de Bip-bip]. Crio uma treta entre Marceleza e Xandão [a origem do xodó “O técnico é você, mas quem escala sou eu. Eu! Eu pago, eu escalo!”]. O artilheiro também treta com o dirigente Sanfilippo, tachado de playboy e “enfeite”. Escrevo uma cena em que o filho de Seu Brito combina com Xandão para tirar Marceleza do time; uma mudança no enredo que cria uma rivalidade/disputa entre o dirigente e o artilheiro.
Elaboro o diálogo entre Dona Arminda e Meninico [na época, um rapaz] na pensão, expondo os seus preconceitos sobre Muralha.
Crio a preleção de Porto Seguro no hotel, em que Xandão não escala Muralha entre os titulares [nomeio o médico da seleção de Seu Castro]. Marceleza contesta a decisão do técnico e fica puto [nessa versão, ele discute mais com Sanfilippo; chega a dar um murro nele].
Elaboro os diálogos no vestiário pós-partida em que Lupino se machuca. Xandão pede para Marceleza trazer Muralha de volta ao elenco. Na cena seguinte, inauguro o conchavo entre o artilheiro e Bip-bip para enaltecer o goleiro que não toma gol [insiro mais cenas com o programa “The Flash do Esporte”, o jornalista a bater em Xandão, o prefeito pedir a cabeça do técnico e Sanfilippo a negar: “vou botar quem no lugar?”].
Crio as cenas em que Marceleza “sequestra” Xandão para um “passeio” e, dentro do carro, exige que ele escale Muralha como titular, sob a ameaça de uma arma apontada pelo capanga Taca Fogo.
Melhoro a 1
Elaboro as falas dos jogadores em apoio a Muralha no vestiário [Luquita manda um “Bora, Muralha, lasca!”, que vai, depois de girar o mundo, se eternizar em “oroboro baobá” na voz de Bogus, deslocada para as quartas: “Vai, Porto, lasca!” — obsessão: tinha que colocar “lasca!” em alguma fala do livro, uma “homenagem” a essa expressão que tanto falei (e não falo mais), assim como “ô pêga!”].
ADIÓS & OUTRAS HISTÓRIAS
Sexta-feira 13 de Carnaval, após assistir ao excelente longa “Selma: Uma Luta pela Igualdade”, da genial Ava DuVernay [na sessão absurda de 12h10, única disponível (como assim???) na cidade mais negra além d’África], todo o excelente trabalho desenvolvido com a Labirinto & Escritório no processo do livro “O grito do mar na noite” naufraga: via e-mail, brigo com Mayrant Gallo. Que tristeza! Dias depois, na quinta 19/02/15, ele e a sócia Lidiane anunciam, por e-mail, a desistência da publicação. Adiós, parceria... [infelizmente, depois disso, Mayrant não teve interesse em ler ou saber do romance, e essa lacuna me incomoda até hoje]
“O grito do mar na noite” ficou, de novo, sem rumo, até que, no último dia de fevereiro, acertei com a editora baiana Via Litterarum, a mesma que publicara o meu 1
Na tarde da quinta 26/02/15, após a maravilhosa confirmação do patrocínio da Oi para a Flica 2015 [a festa mais uma vez aprovada no edital nacional do Oi Futuro, que saudade!], transfiro os contos “Sol de abril”, “O banquete” e “Bonecas” para o livro “O grito do mar na noite”, e passo a considerar “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” um romance, de novo [de conto longo para romance curto, uma novela, termo que desprezo] — quando terminar o 2
“Canção da Goiabeira”, de Kalu, garimpada para a trilha do filme “Muralha”. Ouça a versão do Forró da Gota no YouTube aqui
Após lançar o site Mirdad e reuniões da Flica 2015, retomo a função de roteirista “amadô”. Em quatro dias [04 a 07/03/15], invisto quase 11 horas de trabalho e concluo o 2
Revejo as cenas 38 a 52 do 1
Elaboro os diálogos no vestiário pós-confusão em Santa Luz, em que o dirigente Gordo tenta retomar a partida e o juiz não permite, e os diálogos antes do ônibus de Porto Seguro partir [Xandão muito preocupado com o estado de Lupino].
Nomeio os dois policiais que capturaram Muralha na estrada: Corumbá e Robinson. Elaboro a cena da captura [nessa versão, tiveram de bater para desacordar o goleiro e colocá-lo na viatura]. Crio também o diálogo entre Sanfilippo e Corumbá [depois, troco para Robinson] na delegacia, antes de ser levado à sala do delegado.
Um dos xodós de “oroboro baobá” é o confronto de Marcelino com Dom Brito/Pedraluarez no iate. E o original dessa cena estreou no 2
Dou um tapa nos diálogos entre Marceleza e Dona Arminda, antes do artilheiro ser morto pelo novo ocupante do quarto de Muralha.
MARÇO NA FUNÇÃO
Yeba! Viva o verão nas letras! Em março, retomo a produção literária do romance “Muralha: O goleiro que nunca tomou gol”, e invisto mais de 93 horas de trabalho em 21 dias, intercalada aos outros trampos da Flica, do livro “O grito do mar na noite” [a capa foi trocada — adiós às belas telas de Nelson Magalhães Filho —, assinamos contrato, concluímos o miolo e a editora mandou para a gráfica] e da criação de contos para a seção “Crônitos” [inclusive o xodó “Ingênio”], e as novidades da criação do projeto musical Orange Roots e da mexida nos poemas arquivados, transformando-os em ‘crônitos’ [como “Impermanência”].
Domingo, 08 de março de 2015, manhã. Decido que o romance será o primeiro de uma trilogia e o dedico à minha mãe Martha Anísia, à minha irmã Kátia Moema e à memória do meu pai Ildegardo Rosa (1931-2011), do meu professor André Setaro (1950-2014) e do grande escritor Hélio Pólvora. Reviso os agradecimentos e divido o livro em duas partes: “Parte I — Antes da Seleção” [Mudinho em Caraíva até Bom Jesus da Lapa e a história de Maria & bebê José até o orfanato] e “Parte II — Camisa 23 de Porto Seguro” [Mudinho/Muralha em Porto Seguro].
Abro o conto “terminado” em 24/01/15 e o 2
As ferramentas prediletas do Google, fundamentais para o processo de pesquisa para o meu romance
A GEOGRAFIA NO ROMANCE
Após o almoço do domingo 8M [aniversário da cantora Ana Gilli], dedico a tarde a ensaiar composições minhas de rock, transformando-as em reggae [2
A grande novidade dessa criação é que a Geografia se impõe com força no romance: eu passo a valorizar as descrições dos lugares [cidades, rios, estradas, ruas, morros, etc.] e faço questão de incluí-las no livro. Durante todo o processo, pesquiso informações no Google [e nas suas ferramentas], Wikipédia e site do IBGE, para fundamentar a criação dos novos trechos. Assim, escrevo sobre o rio Caraíva nesse capítulo 1.
A TRILHA NO ROMANCE
Uma das partes mais legais da criação do roteiro foi ter garimpado as músicas para a trilha do filme. Botei a minha peneira para funcionar, e o mestiço meteu o lampião em 18 músicas, de bandas e artistas variados, a maioria da Bahia. Antes de sondá-los para conseguir a autorização [paga ou free], inventei de elaborar as cenas viajando nos efeitos que as músicas me causavam. Ou seja, vinculei-as à história e não consegui desapegar quando retomei o romance — inseri a maioria das músicas no livro, a compor cenas ou apenas sendo citadas [inventei que o jogador reserva Dertan as ouvia], e até como epígrafe de capítulo.
As músicas selecionadas para o livro [em ordem de aparição]: “Paraquedas”, de Russo Passapusso; “Canção da Goiabeira”, de Kalu; “Cuspe, Maltrate, Ofenda”, de Juliano Gauche; “Meu Bem”, de Luís Capucho; “Terapia”, da BaianaSystem; “Suffer”, do IFÁ; “Nostalgia”, da Vivendo do Ócio; “O Cordeiro”, da Cascadura; “Deus que Dança”, do Opanijé; “Farol”, de Mou Brasil; “Bola na Rede”, do Bemba Trio; “Nobre Folia”, da Sertanília; “Gong”, da Sigur Rós; e “Aláfia”, de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz. Olha só como ficaram no romance:
Fiz alguns cortes: “Agora”, do Dois em Um [trilhava a morte de Maria pelo ladrão, compondo uma bela & triste cena], e “8/8/88”, da Orange Poem & Teago Oliveira [o mergulho de Muralha no mar de estrelas], porque não consegui adaptar no romance; “Invicto”, da Cambriana [a cena do russo refletindo sobre Muralha], porque o trecho foi para a voz do narrador e perdeu o sentido de ter uma trilha; e “Congo Fechado”, da Pó de Ser Emoriô, porque trilhava os créditos.
“Suffer”, do IFÁ, garimpada para o filme “Muralha”. Ouça no YouTube aqui
ENXURRADA DE MARÇO
Estou empolgado e com fome de escrever, querendo atualizar o romance. É uma época de muita inspiração e desejo de ser um escritor profissional. Segue a enxurrada de março, a valorizar ainda mais o verão:
Segunda, 09/03/15 [06h e 25min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 2 a 6 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de nove cenas [03 a 11] e da 1
O rio Mucuri atravessa a cidade de Nanuque, no nordeste de Minas Gerais, divisa com a Bahia e o Espírito Santo, uma das encruzilhadas-locações do meu romance [garimpada logo após a escolha por Mucuri em 2013; gostei muito do nome Nanuque, que ajudou a escolher essa cidade que, até a publicação desse post, eu nunca visitei].
Nomeio como Benivalda a mãe de Maria, elaboro um pouco da sua história [engravidou de um marginal sem nome, abusador; escrevo o xodó “as economias escondidas nos mistérios da pequena casa”], Maria como empregada doméstica com talentos para cozinha, que “levava jeito para doces e preparos mais elaborados”, crio o original do xodó “A jovem, que não se conecta à crença alheia, mas respeita a fé de quem paga o seu salário” [cap. 4]
Retomo o cap. de racismo do casal [excluída do roteiro] e crio um novo final, escolhendo revelar a reação de Mudinho [um erro: frustrar o mistério] e antecipar o seu futuro nome Gigante [cap. 5]; aproveito a minha queixa ao forró universitário, vulgo “roda-roda”, e escrevo o original [na voz do narrador que não existe como personagem, kuéin!] da queixa do turista [cap. 6].
Terça, 10/03/15 [03h e 10min | tarde & noite] — Descarto a cena 12 [missa dentro da gruta do Santuário de Bom Jesus da Lapa, com Maria e a família de Edir presente — não tive expertise literária para elaborá-la num texto que prestasse]. Escrevo os capítulos 7 a 9 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de duas cenas [13 e 14] e da 2
Entrada do santuário de Bom Jesus da Lapa, o local onde a foto de Maria foi feita. Foto: Roberval Santos via Google Street View.
Quarta, 11/03/15 (05h e 35min | manhã & tarde) — Escrevo os capítulos 10 a 12 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de vinte cenas [15 a 34]. Algumas novidades: quem pausa o amasso dentro do carro é Maria agora [cap. 10]; desenvolvo melhor a carreira empresarial e futebolística de Marceleza, invento que o prefeito pediu a sua ajuda financeira para retomar a seleção, escrevo o xodó “Boto todo o dinheiro que for preciso, mas o time é meu!” [cap. 11].
Crio a escalada dos abusos do fotógrafo [“Você não vai trabalhar!”], Maria não pega mais carona, e sim é ajudada por um caminhoneiro que pensa na filha para fazer a caridade, ela acorda num pronto-socorro, médico libera ao seu pedido para ter leito livre, caminhoneiro se intitula de “anjo protetor”, e escrevo o original do xodó “não aceita, pois não suporta mais ter de ficar próxima a um homem, mesmo que figure ser decente — pensa: ‘decente até que momento?’” [cap. 12].
Quinta, 12/03/15 [40min | de manhã] — Escrevo novos trechos no capítulo 12 — Antes da Seleção [só não sei mais quais foram].
Sexta, 13/03/15 [03h e 40 min | manhã & tarde] — Nomeio o capítulo com o baba na aldeia de “O primeiro baba” e o insiro antes da parte I. Organizo, no original do romance, a ordem de utilização das cenas do 2
Quarta, 18/03/15 [06h e 20min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 13 a 16 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de doze cenas [35 a 43 + 47 a 49] e de trechos do capítulo IV e 1
Crio a descrição geográfica de Mucuri, com os xodós: Mucuri como entrada e saída ao mesmo tempo + o original da road trip das praias nordestinas, de São Pedro em Carutapera (MA) a Riacho Doce em Mucuri (BA) + “as cidades propriamente não são próximas, e sim os seus territórios, que se tocam na borda imaginária dos seus Estados, e dos símbolos intrínsecos às encruzilhadas dos seus mistérios” [e incluo o percurso do rio Mucuri, da nascente mineira à foz baiana, o começo do respeito ao caminho dos rios no romance].
Em 2013, um estalo me fez pensar: qual é a última cidade da Bahia? O Google Maps me apresentou a fronteiriça Mucuri, cujo nome achei interessante; uma força estranha me fez escolhê-la como a encruzilhada-locação mais importante do romance, foz de rio como Caraíva [até a publicação desse post, eu nunca visitei Mucuri]. Foto de drone por Nortonglay de Paula Matos
Mapa do rio Mucuri daqui
Road trip Carutapera–Mucuri via Google Maps
Refaço a personagem Dona Tonica, que se torna uma “historiadora baiana”, “natural da heroica Cachoeira” [uma “homenagem” à Flica], que abandona “a promissora carreira na universidade em prol do amor” e se casa com “o próspero comerciante mineiro José Braga Sommerlatte, descendente dos alemães que colonizaram o Vale do Mucuri”, se muda para Nanuque, tem um casamento feliz, mas sem filhos [ele era infértil], torna-se uma viúva enricada [acho muito mais interessante que a nova versão dessa personagem seja uma mulher negra de sucesso, que uma branca religiosa; por isso, mudo, com gosto, a cor da pele da Dona Tonica] e volta a morar próxima do mar, em Mucuri; ela celebra a sincronia de reencontrar “a filha de sua querida e saudosa ex-empregada Benivalda, a amável Maria, que trabalhou, mais nova, em sua casa, e agora reassume seu posto” [cap. 16].
PRESENTE DE LORENA HERTZRIKEN
Entre o final de fevereiro e o começo de março, aproximo-me da produtora Lorena Hertzriken, e acontece uma sinergia de ideias e valores. Combinamos de investir numa sociedade na Aláfia Filmes, e o primeiro projeto para testar a parceria é o longa “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”.
Na terça 17/03/15, a produtora vem ao meu apê 703-B, para a 1
Realizamos mais duas sessões de leitura e avaliação do 2
Fabrício Mota registra o grave no Orange Roots (08/05/15)
PRESENTE DE FABRÍCIO MOTA
Quinta, 19 de março de 2015, à tarde. No home studio do guitarrista Átila Santtana [fundos de um edifício de três andares na rua Itabuna, ao lado de um bar de caranguejo, no Rio Vermelho], que fora contratado como produtor [junto a mim] do então EP “Fluid”, do recém-criado projeto de reggae psicodélico Orange Roots, tá rolando a 1
No intervalo da sessão, finalzinho da tarde, conto a história de Muralha para o amigo rasta, que é professor & historiador também. Então, Fabrício Mota oferece o seu presente ao romance: opina que é melhor que o antagonista do livro não seja de uma minoria. Os seus argumentos são precisos, e ilumina o meu equívoco. Bingo! Valorizo demais a opinião do amigo e decido, na hora, refazer o personagem Marceleza, que deixa de ser índio e passa a ser branco.
O pataxó Burianã diz o seu nome e explica o significado nesse vídeo aqui [a partir de 0'44'']
100
Sexta, 20 de março de 2015. Ou 100
Revejo as mudanças em dez capítulos da parte I, e crio novas partes, como o original do xodó “o hábito ambienta as visões à paisagem, sem arroubos, só respeito”.
Miguel Alves Dias, o meu bisavô materno, coronel de cacau
DESCENDENTE DE CORONEL
Sou bisneto de um coronel de cacau: Miguel Alves Dias, mais conhecido como Miguel do Ouro, bisavô por parte de mãe [o seu sobrenome não sobreviveu até mim]. Das histórias que guardei dele, de fontes diversas da família, foi um mascate de ouro que roubou o burro da família e se fez fazendeiro de cacau em Ilhéus, descendente de negros e mestiços, e implacável coronel de muitos jagunços — sofria preconceito na “alta” sociedade por ser o rico de pele mais escura.
Do seu imenso patrimônio, torrado por vários herdeiros [um deles, playboy-galã por toda a vida, preferido da bisavó por ser o único filho com pele clara (o “loiro”), teve caso com Carmen Miranda e se divertia em caçadas na Europa], ainda resta, para nós, o apê 703-B [e outro imóvel rural].
Esse edifício na rua Flórida leva o nome do coronel Miguel Alves, pois aí ficava o seu casarão da Graça, em Salvador [herdado a outros parentes]. Foto: Google Street View (veja aqui)
Sábado, 21 de março de 2015, decido reciclar algumas dessas histórias [vagão de trem só para a sua família, filhas banhadas em bacia de ouro, consulta no Rio de Janeiro] no passado do novo Marceleza. Ele passa a ser tataraneto de um coronel inventado, sem nome [o que interessa é o sobrenome que funda a instituição da sua família], em que carrego na tinta da violência e exploração: uma representação da tradicional riqueza de tantas famílias brasileiras, de origem escusa e exploratória que, ao longo das gerações, vai se “purificando”, casando com outras famílias ricas [faço a conexão Bahia-Minas nessa parte também], a preservar e ampliar o patrimônio.
Escrevo todas essas novidades no capítulo 11 — Antes da Seleção e fico muito satisfeito [esse passado é um dos xodós prediletos de “oroboro baobá”; sinto-me realizado em criar um exemplo da herança maldita da maioria dos brasileiros ricos (e falidos também)].
Ao criar a trajetória no crime de Marceleza, um rebelde que é deserdado da família rica por causar muitos problemas, que se identifica com o futebol e o tráfico de drogas, é preso e monta o seu esquema até conseguir a estabilidade e ser o “homem de confiança do real dono do pó” [escrevo o original do xodó: “que, assim como outros chefões do crime, é um notório investidor e empreendedor, milionário, frequentador de ambientes luxuosos ao redor do mundo”], imaginava-o num filme, sendo interpretado por Wagner Moura.
Nessa época, sonhava com a marra faconiana de Wagner Moura para interpretar Marceleza [o original de Marcelino]. Foto: Divulgação
Esse sabadão criativo [em que vi/falei (via Skype) com a cantora Ana Gilli pela última vez — ela decidiu não ter mais contato] ainda rende novos trechos nos capítulos 8, 9, 13 e 15 da parte I. Algumas das novidades: transformo Paca no pataxó de nome Apaká, e a festa com baba na aldeia passa a ser o seu aniversário; Marceleza só comparece para poder ser tietado, pois despreza os índios; Capitão Burianã fica incomodado com essa tietagem; crio o xodó “É bom você ter medo de mim” [cap. 13]; Paca é um pataxó antenado, que escolhe as músicas “modernas” que tocam no aniversário [cap. 15].
NOVIDADES DE OUTONO
O verão no Hemisfério Sul acaba, mas o trabalho na literatura continua! Tome-lhe mais novidades no romance:
Domingo, 22/03/15 [05h e 10min | da manhã à noite] — Escrevo os capítulos 17 e 18 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de onze cenas [50 a 60] e de trechos do capítulo IV e da 2ª parte do capítulo V. Algumas novidades: crio os originais dos xodós “pataxó (...) mais ‘parabolicamará’ de toda a região, que curte e propaga também a arte africana” [nessa época, o antenado era Paca] e “a arte, porém, às vezes desqualifica o óbvio e produz o inesperado”; descrições mais poéticas e filosóficas das defesas de Mudinho [cap. 17].
Invento que apenas mulheres estão presentes na certidão de nascimento de José/Muralha: a mãe Maria, a avó Benivalda, a testemunha Dona Tonica e a escrivã; crio o original do xodó: a escalada “o tempo” [“O tempo flui. Ela está no quarto e coloca, com muita leveza, a criança na cama...”] no parágrafo sobre o afeto entre mãe e filho [cap. 18].
Depois do almoço, um rolé pela Feira da Cidade e a sincronia promove o reencontro com a atriz e produtora Daisy Andrade [havíamos brevemente nos conhecido num set de um curta do sócio Aurélio Schommer, anos atrás]; trocamos contatos e eu volto ao apê 703-B empolgado para escrever. Final de tarde & começo da noite, adapto quatro cenas [61 a 64] no capítulo 19 — Antes da Seleção, que traz a novidade da melhoria na sala de Marceleza [gasto um tempo a pesquisar sobre poltronas, aff...].
Segunda, 23/03/15 [03h e 20min | tarde & noite] — Depois da reunião matutina com Lorena Hertzriken, escrevo os capítulos 20 e 21 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de seis cenas [65 a 70] e da 1ª e 2ª partes do capítulo V. Algumas novidades: funeral de Maria; a polícia é cobrada por Dona Tonica; finalmente revelo que Dona Tonica é negra [dei tempo para que um tipo de leitor construísse uma imagem de senhora branca para a personagem, só porque ela é rica, para surpreendê-lo capítulos depois (ou frustrá-lo)]; ela quer adotar o bebê José/Muralha; insiro que o motorista imprudente estava bêbado, quando atravessou o carro na estrada, em frente ao de Dona Tonica, causando o acidente [cap. 20].
Enquanto o chefe Marceleza fala com Mudinho, o capanga Taca Fogo assedia uma moça; abro a 3ª e última nota do autor dessa versão do livro, para [surreal] comentar o clipe da música “Nostalgia”, da Vivendo do Ócio — é o começo de uma fascinação [tediosa] por incluir notas no romance [cap. 21].
NOVO TÍTULO [3ª VEZ]
Manhã da terça 24/03/15, avalio que o título do romance é muito grande, e resolvo sintetizá-lo, sem precisar abrir mão da explicação: modifico “Muralha: O goleiro que nunca tomou gol” para “Muralha: O goleiro imbatível”.
Aproveito para fazer pequenas modificações na parte I, e pulo a ordem: escrevo logo o 23 – Antes da Seleção, a partir da 3ª parte do V e adaptação das Cenas 71 e 72 [Mudinho circulando pelo interior da Bahia pós-saída de Caraíva (não topou a proposta de Marceleza) e o sarau com clima Fellini-Smetakiano à margem do Velho Chico, na Rua do Cais, em Bom Jesus da Lapa].
O verão no Hemisfério Sul acaba, mas o trabalho na literatura continua! Tome-lhe mais novidades no romance:
Domingo, 22/03/15 [05h e 10min | da manhã à noite] — Escrevo os capítulos 17 e 18 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de onze cenas [50 a 60] e de trechos do capítulo IV e da 2
Invento que apenas mulheres estão presentes na certidão de nascimento de José/Muralha: a mãe Maria, a avó Benivalda, a testemunha Dona Tonica e a escrivã; crio o original do xodó: a escalada “o tempo” [“O tempo flui. Ela está no quarto e coloca, com muita leveza, a criança na cama...”] no parágrafo sobre o afeto entre mãe e filho [cap. 18].
Depois do almoço, um rolé pela Feira da Cidade e a sincronia promove o reencontro com a atriz e produtora Daisy Andrade [havíamos brevemente nos conhecido num set de um curta do sócio Aurélio Schommer, anos atrás]; trocamos contatos e eu volto ao apê 703-B empolgado para escrever. Final de tarde & começo da noite, adapto quatro cenas [61 a 64] no capítulo 19 — Antes da Seleção, que traz a novidade da melhoria na sala de Marceleza [gasto um tempo a pesquisar sobre poltronas, aff...].
Segunda, 23/03/15 [03h e 20min | tarde & noite] — Depois da reunião matutina com Lorena Hertzriken, escrevo os capítulos 20 e 21 da parte “Antes da Seleção”, adaptados de seis cenas [65 a 70] e da 1
Enquanto o chefe Marceleza fala com Mudinho, o capanga Taca Fogo assedia uma moça; abro a 3
NOVO TÍTULO [3
Manhã da terça 24/03/15, avalio que o título do romance é muito grande, e resolvo sintetizá-lo, sem precisar abrir mão da explicação: modifico “Muralha: O goleiro que nunca tomou gol” para “Muralha: O goleiro imbatível”.
Aproveito para fazer pequenas modificações na parte I, e pulo a ordem: escrevo logo o 23 – Antes da Seleção, a partir da 3
Rio São Francisco, visto da Rua do Cais, Bom Jesus da Lapa [com o santuário ao fundo]. Foto: Google Street View [até a publicação desse post, eu nunca visitei].
ADEUS AO MESTRE HÉLIO
Depois da 3
Algumas novidades: burilo a cena que a diretora do orfanato xereta o acidente e rouba o bebê José/Muralha, criando o original do xodó “arranca a cadeirinha, largando-a no asfalto quente, tal qual uma ruma de coco ou um saco de cimento ou uma corda de caranguejo” [cap. 22].
Crio a descrição geográfica de Nova Viçosa [invento a informação “Hemisfério Sul” ao citar estações, para não atrapalhar os meses, pensando em futuras traduções do romance], a naturalidade da diretora [“norte-americana, de ascendência germânica”, o original de “escandinava, dizem que naturalizada brasileira”], o orfanato “Deus é Grande” e as suas duas partes [oficial e ilegal], e a original da velha Hedda; a diretora toca fogo nas coisas de Dona Tonica, e guarda a foto de Maria num arquivo “relíquia de guerra”; sem fôlego criativo nem disposição para elaborar os maus-tratos que Muralha sofreu no orfanato, dou um salto [assumo o buraco na história] e escrevo [do zero] apenas a sua fuga até Caraíva, quando Capitão Burianã o encontra [cap. 24].
Nova Viçosa via Google Maps [até a publicação desse post, eu nunca visitei]. Sinalizado em amarelo, o local que idealizei para o orfanato “Deus é Grande”.
Depois do jantar, passo mal. Sinto uma dor no peito que eu nunca senti. Dirijo, sozinho, até a emergência do hospital Cárdio Pulmonar em Ondina. Faço os exames, sou atendido pelo plantonista, e nada consta. Quase onze da noite, volto para o apê 703-B e durmo, sem dor. Premonição?
Sexta, 26 de março de 2015, manhã. Acesso o Facebook via celular e vejo uma postagem do poeta Cajazeira Ramos lamentando a morte de Hélio Pólvora, mestre maior do conto, aos 86 anos, de câncer. A dor que eu senti ontem tá explicada. Era o prenúncio da partida do amigo Hélio. Repercuto a dor de hoje nas redes sociais e penso: é melhor escrever no romance.
Adaptado das cenas 76 e 77, da 3
Cortejo fúnebre de Hélio Pólvora. Foto daqui
Quatro da tarde, vou para a despedida do mestre no Jardim da Saudade. No caminho do velório ao crematório, sigo ao lado do mestre que me resta, Mayrant Gallo. Vários escritores também estão presentes, como Carlos Barbosa. Entre as homenagens, há uma bela e emocionante, proferida pelo gentleman [assim como Hélio] e escritor Aramis Ribeiro Costa, presidente da Academia de Letras da Bahia [cujo imortal mais importante entrara hoje na imortalidade]. Vá em paz, meu amigo, meu mestre! Luz! Hélio Pólvora eterno!
Homenagem de Mayrant Gallo a Hélio Pólvora (post aqui)
PS: A jornalista e poeta Kátia Borges me encomenda um texto em homenagem ao mestre para ser publicado na revista Muito, e eu prontamente o faço na manhã do dia seguinte, 27/03. Publicaram na edição do domingo de Páscoa, 05/04/15, com cortes devido ao espaço [leia o original aqui].
VIDA QUE SEGUE
O fluxo impele! Levante e faça: acabo a parte I, hora de escrever a II. Simbora:
Sexta, 27/03/15 [05h e 40min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 1 a 3 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de onze cenas [78 a 88] e da 1
Sintetizo a visão peculiar de Mudinho, a observar o jogo do banco de reservas, e crio o original do xodó: a escalada “o futebol” [“O futebol dança (...) O futebol define (...) O futebol movimenta a força da arte (...) O futebol é a pedra gasta desse chão (...) O futebol é a sua casa”], inspirada na música “Deus que Dança”, do Opanijé; invento um parágrafo “justiceiro” [vergonha alheia], julgando o preconceito de alguns jogadores contra Mudinho [cap. 3].
Sábado, 28/03/15 [04h e 25min | da manhã à noite] — Escrevo os capítulos 4 a 6 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de dez cenas [89 a 98] e do capítulo VIII. Algumas novidades: boto que Sanfilippo se formou na mesma faculdade de Wagner Moura [uma “homenagem” à Facom-Ufba, onde me formei jornalista também], e presto uma “homenagem” a um filme que adoro [“American Gangster”, de Ridley Scott], inventando que Marceleza usa do “mesmo procedimento de Frank Lucas”, funcionárias nuas para processar e embalar drogas [cap. 4].
Crio uma justificativa poética para o aceite de Mudinho da nova alcunha de Muralha [o original do xodó “a montanha está estabelecida desde sempre. Resistir é a sina, apresentar-se intransponível e insuperável, a firmeza inquebrantável, vencer pela insistência de não ceder”]; invento que o lateral Digo Cabral não conseguiu se aproximar do goleiro [cap. 5].
Crio o vínculo de Meninico com a música instrumental [quer ser violoncelista] e cito o mestre violoncelista Mstislav Rostropovich; escrevo o super-xodó “O som do sangue fluindo pelas veias lembra as notas de um violoncelo” [cap. 6].
Embalado na função, doido para recomeçar o roteiro e confiante na “franquia” Muralha, retomo a proposta da trilogia de livros e escrevo uma página introdutória com a informação “A jornada de José Santos é uma trilogia”. Aproveito para inserir novas informações na página de agradecimentos.
Original da epígrafe de Eckhart Tolle. Imagem do Google Books aqui
EPÍGRAFE [2
Sábado, 28 de março de 2015, à tarde. Decido incorporar mais uma epígrafe no original do romance, além do trecho de Tabajara Ruas; insiro a que estava abrindo o roteiro, do escritor alemão Eckhart Tolle: “Em vez de culpar a escuridão, acenda a luz” [presente no best-seller “Um novo mundo — O despertar de uma nova consciência”, que eu não li; a frase me foi dada pela minha mãe, Martha Anísia, num cartãozinho feito por ela; o original, em inglês, é: “Instead of blaming the darkness, you bring in the light”].
Daisy Andrade a caminho da Lagoa Azul em Baixio
PS: No domingo, 29 de março de 2015, eu e a atriz e produtora Daisy Andrade demos um passeio maravilhoso por praias da Linha Verde: conhecemos a badalada Baixio, curtimos Imbassaí, tiramos fotos e ficamos numa sintonia excelente! Foi um “beautiful day”, que me marcou: na ida, contei-lhe Muralha por completo, de um jeito único, “road trip” de contação de história, eternizada na memória afetiva. Começava aí o vínculo de Daisy com o romance. E o nosso.
VIVA WIKIPÉDIA E PRIBERAM!
Já mencionei a importância fundamental do Google e das suas ferramentas, como o Maps e o Street View, para a escrita do romance “oroboro baobá”. Quero agora reconhecer como fundamental também a Wikipédia — para um fã de esmiuçar enciclopédias [brincadeira favorita na infância], ter acesso gratuito a esse conteúdo é um bálsamo! — e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa — não tem como escrever um livro sem um dicionário aberto o tempo inteiro [o meu foi o online Priberam, dica do escritor Aurélio Schommer]. Eu não escreveria “oroboro baobá” sem esses presentes.
Um salve também para os sites do IBGE [para averiguar informações da Wikipédia foi a fonte mais segura], Povos Indígenas no Brasil [do Instituto Socioambiental, fundamental para me informar sobre os Pataxós e os Maxakalis] e YouTube! [acessei muitos outros; melhor um salve geral para a internet! — como escrever sem ela?]
Em Porto Seguro, escolhi Caraíva para inaugurar Muralha na história, e Trancoso (foto acima, garimpada aqui) para sediar o empresário dele [até a publicação desse post, eu nunca visitei Trancoso].
Depois de Mucuri e Nova Viçosa, vou me preparar para a “descrição geográfica” de Trancoso na segunda 30/03/15. Ao pesquisar na Wikipédia [e outros sites de turismo] sobre esse distrito de Porto Seguro, resolvo esmiuçar a etimologia e descubro o autor português Gonçalo Fernandes Trancoso, lá do século XVI, um dos primeiros contistas documentados pela história da língua portuguesa. Um contista que publicava quando o Brasil português engatinhava? Gostei. Vou fazer a conexão.
Daí, o doido aqui pesquisa sobre a obra desse Gonçalo, sobre a Trancoso de Portugal, sobre as tradições do Cariri, mais um pouco sobre a Trancoso baiana e os jesuítas, junta tudo num texto [a 1
Li, pela 1ª vez, o conto de Gonçalo Fernandes Trancoso [que cito no romance] nesse trecho final do artigo “Uma nova edição das histórias de Trancoso”, do professor Fernando Ozório Rodrigues, publicado em 11/11/11 na revista da Academia Brasileira de Filologia nº 09, leia aqui (pg 64)
Capa da 1ª parte de “Contos e histórias de proveito e exemplo”, edição de 1585, de Gonçalo Fernandes Trancoso
O conto com o ABC mezzo bizarro mezzo bom em uma edição de 1923 disponível aqui [p. 91 no PDF]
À noite, via telefone, o amigo historiador Aurélio Schommer me tira dúvidas sobre questões históricas da Trancoso baiana e os jesuítas.
PS: Antes disso tudo, no começo dessa segunda 30, escrevo o capítulo 7 da parte II, adaptado da cena 100.
AGONIA PELO ROTEIRO
Concluo o restante do capítulo 8 — Camisa 23 de Porto Seguro [adaptado das cenas 101 a 103] na manhã da terça 31/03/15, idealizando o local da mansão de Seu Brito em Trancoso. Antes de bater o almoço, adapto as cenas 104 e 105 [decisão das quartas, Porto se classifica, tretas no vestiário, Lupino machucado, Xandão pede a volta de Muralha] no capítulo 9 da parte II.
Entonces, de tarde, um susto da pêga: vírus no PCzão, cu no ponto, acho que perdi o trampo de manhã, #sqn. Ufa! Resultado: PORRA DE ROMANCE! A agonia toma conta e eu dou um pause DO NADA na literatura para retomar o roteiro. “E se eu morrer amanhã? Preciso adiantar o lado e deixar o filme pronto!” Aff, agonia...
Começo a produzir o 3
O GOLEIRO NEGRO
Sexta-feira santa, 03 de abril de 2015, feriadão. Dar um rolé pelas praias? Chapada? Curtir com a paquera? Farrear? Quiii... Na função, meu amigo, na função [dentro do apê 703-B]. A prioridade é Muralha & as suas versões [consegui combinar com Daisy a farra para o sabadão — aleluia!].
Depois de atualizar o 3º tratamento e de revisar o “esqueleto” do futuro romance “A família K”, caio para dentro do argumento criado em 24/10/14 [do que seria a então 2ª parte do romance, chamada de “Parte II — Baêa”, que não foi à frente], e o transformo no argumento do 2º romance da trilogia, batizado de “Muralha: O goleiro negro”, com quatro partes [apenas a 1ª teve capítulos esmiuçados].
PS: Assim como os argumentos de 2013 e 2014, esse também foi descartado quando desisti de escrever a trilogia [só de olhar para essas sugestões de capítulos me dava uma preguiça da zorra].
Sexta-feira santa, 03 de abril de 2015, feriadão. Dar um rolé pelas praias? Chapada? Curtir com a paquera? Farrear? Quiii... Na função, meu amigo, na função [dentro do apê 703-B]. A prioridade é Muralha & as suas versões [consegui combinar com Daisy a farra para o sabadão — aleluia!].
Depois de atualizar o 3
PS: Assim como os argumentos de 2013 e 2014, esse também foi descartado quando desisti de escrever a trilogia [só de olhar para essas sugestões de capítulos me dava uma preguiça da zorra].
Praia de Ponta de Itaquena em Trancoso via Google Maps [até a publicação desse post, eu nunca visitei]. Sinalizado em rosa, o local que idealizei para a mansão de Dom Brito (veja uma foto desse local em 360º via drone aqui)
DOM BRITO, PORTUGUÊS
Após o almoço de Semana Santa em família, nessa sexta 03/04/15, volto para a função apaixonante. Instigado pela pesquisa sobre a Trancoso portuguesa e o contista Gonçalo precursor, resolvo inserir um personagem português no romance [já tinha o negro, o índio e o branco, faltava o colonizador nesse balaio brasileiro]. Então, aproveito o personagem Seu Brito, que já possuía um pai luso, e o refaço no português Dom Brito, criando a sua nova origem e o rebatizando de Gonçalo de Guimarães Brito [troco o escritor “homenageado”, do cearense Ronaldo para o português Trancoso], ao escrever a 1
Aproveito o embalo e termino de escrever esse 10, a partir da edição de trechos do arquivado “Muralha — Capítulo 10 original” [modifico a cidade das netinhas, de Yakutsk para Tarko-Sale, e o trabalho de Krigor, de mineração para gás, já pensando na fase russa de Muralha], e adaptação das cenas 125 e 107.
Daí, penso que é possível conciliar os trabalhos no romance e no roteiro, e incluo as mudanças em cinco cenas do 3
Essa foto do ator Fúlvio Stefanini, garimpada no Google [infelizmente não descobri a autoria], me inspirou a nova fase do personagem Dom Brito
ABRIL PRA FECHAR
Quero trabalhar na Aláfia Filmes! O que falta? Terminar o roteiro. E o que falta? Terminar o romance! Então, escrevo “dicunforça”:
Domingo, 05/04/15 [05h e 15min | manhã & tarde] — Nesse domingão de páscoa [texto meu saindo na revista Muito pela 1ª e única vez — em homenagem ao mestre Hélio], avalio como excessivo, mais uma vez, os trechos com a família de Dom Brito, e enxugo o cap. 10 da parte II — assim como em 2014, arquivo os trechos acima [é tanto amô por esse povo que eu não consegui apagar]. Escrevo os capítulos 11 e 12 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de nove cenas [108 a 116] e da 1ª e 2ª partes do IX. Algumas novidades: pesquiso opções e finalmente batizo o prefeito de Romualdo Canindé; invento uma quebra da 4ª parede: “Entre os sons característicos de um construção, caso o ouvido for apurado, é possível ouvir o grito da torcida de Porto Seguro: ‘Mu-ra-lha! Mu-ra-lha! Mu-ra-lha!’ (...) Ouviu?” [cap. 11].
Segunda, 06/04/15 [06h | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 13 a 16 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de vinte e oito cenas [117 a 124 + 126 a 145] e da 1ª e 2ª partes do IX. Algumas novidades: troco a pessoa que Lupino tenta defender [e sofre a agressão] — acho mais dramático que seja o amor Xandão [cap. 14].
Crio o original do xodó “Montanha (...) produz um salto olímpico com a plasticidade e a beleza de um Harlem Globetrotters” [cap. 15]; crio o original do xodó “O policial digita as letras, de maneira lenta, num teclado sujo de cinzas de cigarro e restos de salgadinho de milho” e invento que o barulho do velho ventilador da delegacia “é a cadência do atraso” [cap. 16].
Terça, 07/04/15 [04h e 15min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 17 e 18 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de quatro cenas [146 a 149] e da 2ª parte do XIV. Algumas novidades: escrevo o original de um trecho-super-xodó, em que esclareço que Marceleza é “o chefe do tráfico no sul da Bahia”, só que ele responde ao verdadeiro dono da droga, apelidado de “patrão” [Dom Brito], um homem “tão importante para a sociedade que é quase uma instituição”, “inatingível e inimputável, o homem de bem”, e que “a cocaína de Marceleza tem um dono (...) Assim como os helicópteros que [a] transportam” [UAU!!! Amo demais ter escrito essa!!!].
O jantar com Marceleza & cia passa a ser dentro do iate do “patrão”; crio o original do xodó “O iate não balança, e o mar de Trancoso não grita na noite” [uma “homenagem” ao “O grito do mar na noite”]; pesquiso no Google e trago referências de bebidas para dar uma “sofisticada” no jantar [cap. 18].
Quarta, 08/04/15 [06h e 50min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 19 a 21 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de vinte e duas cenas [150 a 167 + 169 a 172] e da 1ª e 2ª partes do XI e da 1ª parte do XII. Algumas novidades: desenvolvo mais a briga no vestiário antes da 1ª partida da final; melhoro a saída de campo de Marceleza, último momento em que joga futebol antes de morrer [cap. 19].
Crio os originais dos xodós “(...) dá o tiro de misericórdia, bem no meio do rosto, destruidor de feições humanas, a provocar o caixão fechado no funeral” e “Uma das ramificações da linhagem do mais sanguinário ‘coronel do cacau’ acaba de ser interrompida” — inauguro a marca “uma das ramificações da linhagem (...) interrompida” no romance [cap. 20]; crio o xodó “o couro come pelo morto” e a invasão do funeral pelos advogados da família Alves de Andrada para levar o corpo de Marceleza a Salvador [cap. 21].
PS: À noite dessa quarta 08/04/15 criativa, assisti a um episódio da série “Game of Thrones” pela 1ª vez [“Second Sons”, o 8º da 3ª temporada, de reprise no canal Cinemax] inaugurando a minha devoção [as quatro primeiras temporadas são incríveis!] à série predileta vista nos anos 10.
Quinta, 09/04/15 [08h | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 22 e 23 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de vinte e uma cenas [176 a 196] e de trechos do XII e XIII. Algumas novidades: amplio o diálogo entre Xandão e o prefeito, crio os xodós “E desde quando o que se fala é o que se é?” e Romualdo tateando a alça da xícara “e o gesto finge auxiliá-lo a tomar a decisão capital” [Cap. 22].
Dou uma burilada nas cenas de futebol da finalíssima, e crio os originais dos xodós “Como uma serpente que tenta morder o próprio rabo, um baobá cujas raízes são os galhos, Montanha enrosca a matéria e consegue retornar” [só que, nessa criação de 2015, o animal comparado a Muralha foi a “pantera negra do realismo fantástico”] e “Deveria, mas não há gol. Poderia, mas não contra Montanha, imbatível”; invento a cena de racismo do adversário Tácio Grego contra Muralha nos pênaltis; melhoro as reações dos jogadores de Porto Seguro ao comemorar o título em campo [cap. 23].
PS: Peço ajuda ao português Filipe Sousa, ex-colega da Facom-Ufba, para revisar as falas de Dom Brito e ele aceita.
Sexta, 10/04/15 [08h e 15min | manhã & tarde] — Escrevo o capítulo final do romance, “O imbatível”, adaptado das cenas 197 a 200, e de trechos do XIV. Novidade: Transformo “Seu Brito olha duro pro rapaz” em “Dom Brito repreende o funcionário com um olhar hierárquico, desses que os homens de família, num tempo patriarcal, controlavam a educação de seus filhos sem palavras. O rapaz treme-se todo, arrepiado”. Revejo todos os capítulos da parte II e “O imbatível”. Separo as falas de Dom Brito em um arquivo e o mando para o colega jornalista Filipe Sousa revisar. E monto o original para ser revisado — vou tentar Mayrant Gallo.
3º TRATAMENTO
Invisto mais de sete horas de trabalho em dois dias [12 e 13/04/15], e atualizo o 3º tratamento do roteiro do longa “Muralha: O goleiro imbatível”. Na cena 197, desisto da narração em russo e coloco Bip-bip para fazer a análise de Muralha [ele seguiria na trilogia com um papel de destaque, de jornalista investigativo, o original do que viria a ser Sanfilippo em “oroboro baobá”].
Quarta, 15 de abril de 2015, sete e dez da manhã. Na pilha de ter terminado o romance e ainda haver erros, reabro o original e reviso as questões raciais. Passo o olho na cena 168 [Dom Brito recebe o filho Leandro na mansão] e considero concluído o 3º tratamento do roteiro do longa “Muralha: O goleiro imbatível”, adaptado do romance homônimo.
Quanta emoção! O meu 1º roteiro! Do it yourself total! Assim como ontem, reúno as informações, escrevo e publico um post no blog [“Terminei de escrever o meu primeiro roteiro!”], ansioso para trabalhar com a Aláfia Filmes.
ALÁFIA, MURALHA!
Quinta, 16 de abril de 2015, manhã no apê 703-B. Eu e Lorena Hertzriken retomamos a Aláfia Filmes! Que alegria! Entre outros projetos, debatemos o longa “Muralha: O goleiro imbatível”: para flexibilizar os custos [já considerava um filme caro de ser produzido, mesmo sem experiência alguma com produto audiovisual], que tal Muralha como animação? Lorena topa a ideia, e eu sondo, via fone, o ilustrador Duardo Costa [que levei para trabalhar na arte da Flica, de 2014 a 2017]. A produtora leva o roteiro para decupar.
PS: Na tarde dessa quarta 16/04/15, mato a coluna “Crônitos” do meu blog [apago os posts e transformo a página do Facebook em “Livros de Emmanuel Mirdad” — depois, mudo para a minha página de escritor, onde lanço os meus livros a partir de 2017], e transfiro os contos para um novo livro. Qual? É claro: “Paisagem da insônia” revival.
Na segunda 20/04/15, via fone, abro diálogo com o diretor Márcio Cavalcante, do documentário “Bahêa Minha Vida”, citado no romance. Pretendo que ele dirija o longa Muralha — marcamos uma reunião para o começo de maio. E, na quarta 29/04/15, eu e Lorena temos uma reunião com João Gomes e Sérgio Siqueira na Rede Bahia, para ver a possibilidade de oferecer produtos Aláfia Filmes para eles — como sempre, o problema é a falta de espaço para produções locais na grade da TV Bahia [ou seja, o longa Muralha, fatiado como série, impossível].
Paralelo à Aláfia, em abril também acontece: zero o arquivo de poemas, transformando-o em contos de “Paisagem da insônia” [como o xodó “Deserto poema”]; escrevo novos contos, como o xodó “Amante”, e finalizo o original de “Paisagem da insônia”, enviando-o para registro na Biblioteca Nacional [18 contos curtos, publicados no livro “Olhos abertos no escuro” em 2016]; limpo a estante e, via indicação de Mayrant Gallo, faço uma boa compra de autores que nunca li [Anton Tchekhov, Dino Buzzati, Guy de Maupassant...]; exemplares de “O grito do mar na noite” com defeito: somos obrigados a adiar o lançamento, que merda! [ao menos deu para encontrar erros e corrigi-los]; sessões de gravação do EP “Fluid”, da Orange Roots; prospectando festa literária em Madre de Deus; maratona “Game of Thrones”: 1ª e a 2ª temporadas vistas em seis dias [via DVDs alugados na Vídeo Hobby]; na obsessão de escrever & Muralha filme, não quero saber de relação e me separo de Daisy [mas voltamos a ficar em maio].
Depois do feriadão de maio todo investido na maratona Game of Thrones [revi a 3ª via Vídeo Hobby e a 4ª, a melhor temporada, via Blu-ray que comprei — um box com as quatro temp., um xodó! —; fiquei a acompanhar a 5ª via HBO GO emprestada de um amigo], reunião Aláfia Filmes no apê de Lorena, tarde da terça 05/05/15: decidimos que Muralha não será mais animação [e desistimos de apresentar projetos para a TV Bahia].
Na tarde da quarta 06/05/15, reunião de 2h com o diretor Márcio Cavalcante: apresento a história e o projeto de Muralha; ele curte e topa avaliar o roteiro [envio por e-mail assim que chego em casa]. Peço também ajuda em indicações de produtoras que topariam assinar/realizar o projeto [a Aláfia Filmes ainda não estava aberta nem tinha currículo; seria uma co-produtora de Muralha].
Mais uma reunião com Lorena no apê dela, em que trabalhamos no projeto de Muralha e debatemos que ator faria o papel do protagonista [desde janeiro que não consigo encontrar atores de pele muito escura, que sejam altos e fortes, com um rosto parecido com o que criei para Muralha, o que me faz cogitar o uso de um não-ator: por isso, indico o personal trainer Luiz Roque, então namorado da atriz/musa Cris Vianna]. Ao voltar para o apê 703-B, começo o trabalho de decupar o roteiro, que dura dessa segunda 11 até o domingo 17/05/15.
De volta ao apê no bairro Nazaré, tarde da segunda 18/05/15, eu e Lorena debatemos a decupagem, selecionamos a ordem da filmagem e quantificamos os figurantes [muita gente!!!] que precisaríamos [além de listar todos os personagens, qualificando-os]. Então, em três dias [19, 20 e 22/05/15], escrevi a apresentação e os objetivos do projeto Muralha [protelei as justificativas].
PRESENTES DE ELIESER CESAR
Quarta, 06 de maio de 2015, noite. Por e-mail, o jornalista e escritor Elieser Cesar oferece os seus presentes ao romance: o posfácio “Muralha no gol e nada vida”, com quatro páginas, e sete impressões da leitura que fez.
No dia seguinte, quinta 07/05/15, escrevo no original as mudanças apontadas por Elieser, e reviso o posfácio. O amigo não aceita receber dinheiro pelo texto, mas topa o romance “O homem que amava os cachorros”, do cubano Leonardo Padura. Uma semana depois [14/05/15], à tarde, Elieser Cesar envia a versão final do posfácio, com cinco páginas e novo título: “Realismo mágico no futebol”. Reviso e insiro no original do romance.
OROBORO BAOBÁ [9ª VERSÃO]
Trinta e quatro anos sem o mestre Bob Marley. Segunda, 11 de maio de 2015, cinco e vinte da tarde. Acabo de revisar o capítulo “O baba”, e dou por concluído o romance “Muralha: O goleiro imbatível” [ou seja, o original enviado para registro em abril já está defasado]. Ainda não sei o que fazer com ele.
Não quero mais publicá-lo na Via Litterarum [que vai lançar “O grito do mar na noite” em junho]. Não quero “sacrificá-lo” numa editora pequena, que não vai promovê-lo como [acho que] deve ser. Quero que a história de Muralha tenha destaque e circule bastante. Mas como, se as grandes editoras irão recusar o seu original? Talvez lance o romance junto com a estreia do filme. Talvez por fazer um filme com atores famosos, as grandes editoras queiram publicá-lo. Talvez...
Quarta, 19 de agosto de 2015, manhã. Participo de uma reunião com o pessoal da Mandacaru Filmes, na sede deles, proposta pelo diretor Márcio Cavalcante. Eles querem produzir um longa e Márcio indicou Muralha. Apresento a história aos sócios; eles comentam, querem que eu mude, torne mais comercial, mais “fácil” para o espectador, quem sabe com a inclusão de um relacionamento afetivo. Assim como a opinião de Zebrinha, aconselham a sintetizar a história num roteiro/filme só. Caso eu consiga, a Mandacaru Filmes topa o projeto de Muralha.
Acertamos o prazo de um mês para que eu finalizasse o roteiro. Doideira pura: a Flica tá na boca, o volume de trabalho aumentando a cada semana, e ainda tem o evento de lançamento em setembro. Enfim, não quero perder essa oportunidade que tanto desejei.
No dia seguinte, quinta 20/08/15, volto à sede da Mandacaru Filmes para o solícito Márcio Cavalcante me ajudar. À tarde, botamos a cabeça para funcionar numa reunião de brainstorm sobre mudanças para Muralha. Surge um monte de possibilidade. Cabe a mim botar no funil e escrever [#sqn; não aproveitei nada do que foi sugerido — na real, não aceitei inserir um romance na história].
FIM DA ALÁFIA FILMES
Quarta, 26 de agosto de 2015, noite. Por telefone, informo à produtora Lorena Hertzriken a minha desistência da Aláfia Filmes. Não queria mais tentar produzir cinema. Vou investir apenas em ser roteirista e, quem sabe um dia, diretor. Ofereço a ela a marca e o nome da empresa, mas Lorena não aceita. A nossa parceria acaba, antes de abrir a empresa.
PS: Ao menos uma alegria na reunião seguinte dessa quarta 26: via Skype, conheço o cantor e compositor baiano Jahgun, residente em Los Angeles há anos, indicado pelo amigo empresário Rafael Costa, do Surforeggae. Super disposto, topa ouvir as músicas do EP “Fluid” [curte e elogia o som, mais tarde]. No sábado 29/08/15, aceita a proposta e marca a gravação da sua voz no EP para o final de setembro.
NOVO TÍTULO [4ª VEZ]
Segunda, 31 de agosto de 2015, tarde. Motivado pelo interesse da Mandacaru Filmes na história do goleiro imbatível [muito por conta do diretor Márcio Cavalcante], decido recomeçar o trabalho no roteiro adaptado do romance “Muralha: O goleiro imbatível”, e modifico o título do longa para “Muralha” [mais fácil de trabalhar o comercial; de volta à origem]. No home office do apê 703-B [todo o processo é feito aí], reviso a cena de abertura em 45 minutos.
Tome-lhe tesoura: enxugo o roteiro, o máximo que posso [excluo quase 80 cenas]. Desisto da treta Marcelino [diminuo a sua importância] vs Sanfilippo [mexo no dirigente: não é mais filho de Dom Brito, e já é quase o Juvêncio de “oroboro baobá”], corto partidas [três delas viram um clipe só; jogo cheio só a estreia de Muralha e a finalíssima — para baratear a produção] e excluo Santaluz [estádio e delegacia], troco o meu Amadô pelo Intermunicipal, transfiro a fuga de Muralha pela cidade para Porto Seguro depois do título, etc.
Terça, 1º de setembro de 2015, manhã. Decidido a focar no futebol, vou reestruturar a ordem das cenas e o enredo. Então, mexo nas partes de Maria, juntando 24 cenas num arquivo à parte [outras eu corto, como as cenas na casa de Edir, fuga com o fotógrafo, na churrascaria com Dona Tonica, etc.], que serão refeitas [primeiro, rever; depois, criar — ou uma desculpa fajuta para a preguiça de escrever].
O personagem Sanfilippo de “oroboro baobá” começa a surgir com a reestruturação de Bip-bip nesse 4º tratamento: o jornalista irá investigar o passado de Muralha [as cenas de Maria serão reaproveitadas aí]. Crio o esqueleto para guiar o trabalho [novidade: o fotógrafo agressor é estéril — o original de “o fotógrafo se lamenta (...) da vasectomia feita quando jovem, para facilitar a vida de colecionador de mulheres”].
Na cena 29, também crio diálogo: o original de “Sem ele, quem fará os gols?/ Paca resolve (...)/ Você vai ser demitido, Xandão (...)/ E assassinado”. Modifico a ordem das adversárias de Porto Seguro na fase final do campeonato, com São Francisco do Conde nas quartas, Serrinha na semifinal e Bom Jesus da Lapa na final, e insiro Jequié nas oitavas [apenas citada por Bip-bip na cena 30] — e assim seguiu até “oroboro baobá”, com a volta de Santaluz para o lugar de Serrinha.
Na cena 36, retiro o sarau de Bom Jesus da Lapa e insiro apenas Filosofalice em Porto Seguro [já que Bom Jesus da Lapa agora só aparece na final]. Crio a cena 39, o original de “No ponto de ônibus, há outros trabalhadores; com receio, espiam quem não se aproxima. O ônibus abre a porta. Sobe por último, deixando que a aglomeração entre”.
Sábado, 05/09/15 — Analiso os novos rumos e crio: na cena 48, Dom Brito não é mais o pai do dirigente de Porto Seguro; escrevo o original de “(...) Vamos ter badejo. (...) Goleiro? (...) Conversa fiada... (...) Não custa (...) Vou avaliar, Juvêncio, tens a minha palavra”.
Segunda, 07/09/15 — Em pleno feriadão, overdose de 4º tratamento, e novidades: na cena 49, escrevo o original do xodó “Montanha não se mexe e nem assim toma gol”, e os originais de “A impressão é que Porto Seguro quase leva um gol por soberba. Rallex adverte Montanha com o olhar” e “ao invés de se contorcer pela dor que mastiga o ombro esquerdo, Montanha se levanta e consegue encaixar a sobra”.
Na cena 52, invento a entrevista exclusiva com Marceleza sobre Muralha no programa de Bip-bip; depois que Muralha amassa a foto da mãe e a joga numa lixeira, invento, na cena 56, que o xereta do Bip-bip resgata a foto e se bole todo para saber quem é aquela jovem.
Na cena 58, crio que [o agora jornalista investigativo] Bip-bip analisa a foto de Maria e se oferece para escrever um livro-reportagem sobre Muralha [presto uma “homenagem” a Agenor Gasparetto, editor da Via Litterarum — depois, modifico para um genérico editor paulista]; no final da cena 60, boto Bip-bip para se preocupar com a ausência de Muralha na comemoração, o original de “Assim como Bip-bip, o dirigente Juvêncio se preocupa (...) Cadê você, Montanha?”.
Quinta, 10/09/15 — Pela manhã, reunião com o produtor Ailton Pinheiro na Mandacaru Filmes [queria saber a quantas andava o roteiro; uma cobrança sadia, para adiantar o lado deles — até toparam aumentar o prazo de entrega para depois da Flica —; afinal, se não rolasse para Muralha, fariam outro longa]. À tarde, reviso uma cena e a transformo na nova 65, com novidades: coloco o iate no mar de Trancoso, o jantar é só entre Marceleza e Dom Brito, e o tiro de misericórdia no artilheiro é dado por Taca Fogo [bem melhor do que ser morto por um estranho na pensão].
Sexta, 11/09/15 — Crio a cena 67, em que a reflexão “Muralha não precisa de nada (...) É o que parece ecoar de suas atitudes...” passa a ser texto de Bip-bip para o livro-reportagem [assim como está em “oroboro baobá”, nos escritos de Sanfilippo]. Com o novo Sanfilippo quase Juvêncio, refaço a troca de alfinetadas com Dom Brito no diálogo da pensão, cena 68, criando o original do xodó “Não tarda e os abutres chegam (...) O principal tá na minha frente. (...) Dom Brito gosta do elogio”.
OROBORO BAOBÁ [11ª VERSÃO]
O trampo no 4º tratamento alcança a última cena do 3º tratamento. E agora? Preciso criar. No sábado 12/09/15, à tarde, zero inspiração. Largo Muralha para concluir a leitura do livro de contos “Os cavalinhos de Platiplanto”, de J. J. Veiga. Daí, tome-lhe trampo Flica, até a manhã da quarta 16/09/15, em que invisto duas horas só pensando o que fazer do enredo, a avaliar também o que será preciso reestruturar e reescrever na parte da investigação de Bip-bip. Resultado = nada. Travei.
Fui inconsequente ao aceitar a proposta da Mandacaru Filmes. Afinal, é preciso tempo para criar. E eu não teria tempo em setembro. No trampo da Flica, eu era o responsável pela logística, ou seja, montava todos os translados dos autores e negociava com eles, com a agência, hotel, etc. [fiz esse trabalho por cinco edições, de 2011 a 2015]. E a logística estava acontecendo em agosto e setembro.
Além de fazer a coordenação geral de tudo na Flica, ajudar na captação e curadoria, fazer visita técnica, reuniões com o patrocinador Governo da Bahia, compliquei ainda mais o tempo: a minha empresa Cali e a parceira Icontent realizaram o evento de lançamento da Flica 2015 na Caixa Cultural de Salvador, em 18 e 19 de setembro, com abertura do governador Rui Costa, e cinco mesas literárias + programação infantil & musical. Socorro! Como é que dá para fazer isso tudo? [e ainda mantive o tempo do lazer para me divertir e relaxar mesmo, curtindo um namoro novo]
Não deu. Segunda, 21 de setembro de 2015, quatro da tarde. Abro o arquivo do 4º tratamento, e não crio uma linha sequer. Chega! Desisto de concluir o roteiro do longa “Muralha”, adaptado do meu romance [a 11ª versão de “oroboro baobá” fica incompleta]. Presto atenção à informação do maktub; é uma grande mudança que ocorre: A literatura é maior que o cinema!
Uma adaptação mal consegue representar a força da história de Muralha. Chega! Estou frustrado com o cinema [assistira a um monte de porcaria, enquanto que a literatura me proporcionara o encanto de mestres como Anton Tchekhov e Dino Buzzati]. Desisto do sonho/projeto de trabalhar com o audiovisual, para me dedicar apenas à arte literária [e, de quebra, continuar com a música, a minha cachaça]. Adiós, cinema...
PS: Aviso a desistência e agradeço a oportunidade ao pessoal da Mandacaru Filmes, e principalmente ao diretor Márcio Cavalcante, que acreditou no projeto. Jogo fora a 1ª [e excelente] oportunidade real de trabalhar com a sétima arte, depois de tantas frustrações desde 2012.
Crio o original do xodó “Montanha (...) produz um salto olímpico com a plasticidade e a beleza de um Harlem Globetrotters” [cap. 15]; crio o original do xodó “O policial digita as letras, de maneira lenta, num teclado sujo de cinzas de cigarro e restos de salgadinho de milho” e invento que o barulho do velho ventilador da delegacia “é a cadência do atraso” [cap. 16].
Terça, 07/04/15 [04h e 15min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 17 e 18 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de quatro cenas [146 a 149] e da 2
O jantar com Marceleza & cia passa a ser dentro do iate do “patrão”; crio o original do xodó “O iate não balança, e o mar de Trancoso não grita na noite” [uma “homenagem” ao “O grito do mar na noite”]; pesquiso no Google e trago referências de bebidas para dar uma “sofisticada” no jantar [cap. 18].
Quarta, 08/04/15 [06h e 50min | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 19 a 21 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de vinte e duas cenas [150 a 167 + 169 a 172] e da 1
Crio os originais dos xodós “(...) dá o tiro de misericórdia, bem no meio do rosto, destruidor de feições humanas, a provocar o caixão fechado no funeral” e “Uma das ramificações da linhagem do mais sanguinário ‘coronel do cacau’ acaba de ser interrompida” — inauguro a marca “uma das ramificações da linhagem (...) interrompida” no romance [cap. 20]; crio o xodó “o couro come pelo morto” e a invasão do funeral pelos advogados da família Alves de Andrada para levar o corpo de Marceleza a Salvador [cap. 21].
PS: À noite dessa quarta 08/04/15 criativa, assisti a um episódio da série “Game of Thrones” pela 1
Quinta, 09/04/15 [08h | manhã & tarde] — Escrevo os capítulos 22 e 23 da parte “Camisa 23 de Porto Seguro”, adaptados de vinte e uma cenas [176 a 196] e de trechos do XII e XIII. Algumas novidades: amplio o diálogo entre Xandão e o prefeito, crio os xodós “E desde quando o que se fala é o que se é?” e Romualdo tateando a alça da xícara “e o gesto finge auxiliá-lo a tomar a decisão capital” [Cap. 22].
Dou uma burilada nas cenas de futebol da finalíssima, e crio os originais dos xodós “Como uma serpente que tenta morder o próprio rabo, um baobá cujas raízes são os galhos, Montanha enrosca a matéria e consegue retornar” [só que, nessa criação de 2015, o animal comparado a Muralha foi a “pantera negra do realismo fantástico”] e “Deveria, mas não há gol. Poderia, mas não contra Montanha, imbatível”; invento a cena de racismo do adversário Tácio Grego contra Muralha nos pênaltis; melhoro as reações dos jogadores de Porto Seguro ao comemorar o título em campo [cap. 23].
PS: Peço ajuda ao português Filipe Sousa, ex-colega da Facom-Ufba, para revisar as falas de Dom Brito e ele aceita.
Sexta, 10/04/15 [08h e 15min | manhã & tarde] — Escrevo o capítulo final do romance, “O imbatível”, adaptado das cenas 197 a 200, e de trechos do XIV. Novidade: Transformo “Seu Brito olha duro pro rapaz” em “Dom Brito repreende o funcionário com um olhar hierárquico, desses que os homens de família, num tempo patriarcal, controlavam a educação de seus filhos sem palavras. O rapaz treme-se todo, arrepiado”. Revejo todos os capítulos da parte II e “O imbatível”. Separo as falas de Dom Brito em um arquivo e o mando para o colega jornalista Filipe Sousa revisar. E monto o original para ser revisado — vou tentar Mayrant Gallo.
3
Invisto mais de sete horas de trabalho em dois dias [12 e 13/04/15], e atualizo o 3
PRESENTE DE FILIPE SOUSA
Terça, 14 de abril de 2015, o amigo português Filipe Sousa, solícito, oferece o seu presente ao romance: envia, por e-mail, as falas de Dom Brito revisadas para o português de um luso que mora na Bahia há anos. Por telefone, tiro as dúvidas restantes e faço as mudanças no romance. Destaque para o original do xodó “Esse timinho, hum, faz-te bem, garoto... Tu és o ilustre goleador, o artilheiro da liga... Tens gol demais... É algo que sobe à cabeça. Esqueces de que posso te tirar enquanto o diabo esfrega um olho?”.
Bingo! Tá pronto! Terminei! [quiá-quiá-quiá] Reúno as informações, escrevo e publico no blog o post “Terminei de escrever o meu primeiro romance!” [melhor parte: “E o lançamento? Talvez no final do ano ou só em 2016”. Ahhh, coitado...]. Faço também um post no meu Facebook [que teve 73 curtidas e 22 comentários, muita interação para o meu perfil]. Continuo com a série de anúncios-vergonha de término do romance [no dia seguinte, mexo no original “terminado”].
PS: Na tarde dessa terça 14, acerto com Elieser Cesar [autor da novela “O azar do goleiro”, entre outros livros, jornalista e conhecedor de futebol] para ele escrever o posfácio do romance, e o comparsa Carlos Henrique Schroeder para a orelha.
Terça, 14 de abril de 2015, o amigo português Filipe Sousa, solícito, oferece o seu presente ao romance: envia, por e-mail, as falas de Dom Brito revisadas para o português de um luso que mora na Bahia há anos. Por telefone, tiro as dúvidas restantes e faço as mudanças no romance. Destaque para o original do xodó “Esse timinho, hum, faz-te bem, garoto... Tu és o ilustre goleador, o artilheiro da liga... Tens gol demais... É algo que sobe à cabeça. Esqueces de que posso te tirar enquanto o diabo esfrega um olho?”.
Bingo! Tá pronto! Terminei! [quiá-quiá-quiá] Reúno as informações, escrevo e publico no blog o post “Terminei de escrever o meu primeiro romance!” [melhor parte: “E o lançamento? Talvez no final do ano ou só em 2016”. Ahhh, coitado...]. Faço também um post no meu Facebook [que teve 73 curtidas e 22 comentários, muita interação para o meu perfil]. Continuo com a série de anúncios-vergonha de término do romance [no dia seguinte, mexo no original “terminado”].
PS: Na tarde dessa terça 14, acerto com Elieser Cesar [autor da novela “O azar do goleiro”, entre outros livros, jornalista e conhecedor de futebol] para ele escrever o posfácio do romance, e o comparsa Carlos Henrique Schroeder para a orelha.
OROBORO BAOBÁ [8ª VERSÃO]
Quarta, 15 de abril de 2015, sete e dez da manhã. Na pilha de ter terminado o romance e ainda haver erros, reabro o original e reviso as questões raciais. Passo o olho na cena 168 [Dom Brito recebe o filho Leandro na mansão] e considero concluído o 3
Quanta emoção! O meu 1
BIBLIOTECA NACIONAL [2º REGISTRO]
Manhã da quarta 15/04/15, imprimo os originais do romance e do roteiro, e rubrico todas as páginas [chatão isso; doloroso, também]. À tarde [acompanhado por Daisy], caixa eletrônico para pagar os registros, armarinho para encadernar, Correios para enviar “Muralha: O goleiro imbatível”, romance e roteiro, para registro na Biblioteca Nacional [mais dois arquivos de “oroboro baobá” na BN]. Depois, imprimi mais um original para Elieser Cesar ler [custava ser digital, pai?] e criar o posfácio [deixei no prédio dele no dia seguinte].
Contente por essa etapa cumprida, faço um novo post no Facebook, com a foto do original impresso do romance [escrevo: “Só quando o original fica impresso é que a alegria transborda! O primeiro romance, pra abrir os caminhos, de poeta a romancista”], em que agradeço quem me ajudou, falo da trilha da Sigur Rós [o amigo Tom Correia comenta “pensei que a trilha sonora fosse Radiohead”, e eu respondo: “Sigur Rós é muito mais claustro (...) Acredite. Não teria conseguido escrever esse romance sem o som dos elfos”], os autores que formaram o meu contexto para a criação do livro, as dedicatórias e o resumo:
“O primeiro capítulo da jornada do negro José Santos, contando um pouco de suas origens e o surgimento para o futebol no campeonato amador, de como se tornou o goleiro Muralha, o imbatível, que não toma gol de jeito nenhum, revelado para seguir ao profissional a partir do segundo livro. A saga de um gênio, que irá da orfandade ao PhD”.
Por fim, anuncio o que pretendo: “a jornada continua, agora vem a revisão e a finalização, os textos de três amigos escritores para a orelha, pré e posfácio, as negociações para publicação, até o momento do lançamento, que deverá ser só no final do ano ou em 2016 – mais certo, provavelmente. Feliz, muito! Aláfia!”.
O mais belo desse post foi o comentário da minha irmã Kátia Moema [Tita]: “Obrigada meu amado irmão pela dedicatória! Eu sempre acreditei na sua capacidade e competência como escritor, desde pequeno, quando ainda usava aquele óculos de fundo de garrafa e escrevia incríveis histórias intergaláticas e de super-heróis!”.
PS 1: Envio o original do romance por e-mail para Mayrant Gallo, e ainda deixo uma cópia impressa com ele. Porém, como havia me alertado antes, por falta de tempo, declina da revisão editorial.
Manhã da quarta 15/04/15, imprimo os originais do romance e do roteiro, e rubrico todas as páginas [chatão isso; doloroso, também]. À tarde [acompanhado por Daisy], caixa eletrônico para pagar os registros, armarinho para encadernar, Correios para enviar “Muralha: O goleiro imbatível”, romance e roteiro, para registro na Biblioteca Nacional [mais dois arquivos de “oroboro baobá” na BN]. Depois, imprimi mais um original para Elieser Cesar ler [custava ser digital, pai?] e criar o posfácio [deixei no prédio dele no dia seguinte].
Trecho do certificado de registro do roteiro “Muralha: O goleiro imbatível” na Biblioteca Nacional, expedido em 28/05/2015
Trecho do certificado de registro do romance “Muralha: O goleiro imbatível” na Biblioteca Nacional, expedido em 28/05/2015
Contente por essa etapa cumprida, faço um novo post no Facebook, com a foto do original impresso do romance [escrevo: “Só quando o original fica impresso é que a alegria transborda! O primeiro romance, pra abrir os caminhos, de poeta a romancista”], em que agradeço quem me ajudou, falo da trilha da Sigur Rós [o amigo Tom Correia comenta “pensei que a trilha sonora fosse Radiohead”, e eu respondo: “Sigur Rós é muito mais claustro (...) Acredite. Não teria conseguido escrever esse romance sem o som dos elfos”], os autores que formaram o meu contexto para a criação do livro, as dedicatórias e o resumo:
“O primeiro capítulo da jornada do negro José Santos, contando um pouco de suas origens e o surgimento para o futebol no campeonato amador, de como se tornou o goleiro Muralha, o imbatível, que não toma gol de jeito nenhum, revelado para seguir ao profissional a partir do segundo livro. A saga de um gênio, que irá da orfandade ao PhD”.
Por fim, anuncio o que pretendo: “a jornada continua, agora vem a revisão e a finalização, os textos de três amigos escritores para a orelha, pré e posfácio, as negociações para publicação, até o momento do lançamento, que deverá ser só no final do ano ou em 2016 – mais certo, provavelmente. Feliz, muito! Aláfia!”.
Original impresso de “Muralha: O goleiro imbatível” (abril/2015)
O mais belo desse post foi o comentário da minha irmã Kátia Moema [Tita]: “Obrigada meu amado irmão pela dedicatória! Eu sempre acreditei na sua capacidade e competência como escritor, desde pequeno, quando ainda usava aquele óculos de fundo de garrafa e escrevia incríveis histórias intergaláticas e de super-heróis!”.
PS 2: Envio, por e-mail também, para Aurélio Schommer que, dez dias depois, faz os comentários acima e conversamos sobre o romance via telefone [depois daí, não compartilho mais o livro com ele, porque ignorou o lançamento e o livro “O grito do mar na noite”].
Marca da Aláfia Filmes
ALÁFIA, MURALHA!
Quinta, 16 de abril de 2015, manhã no apê 703-B. Eu e Lorena Hertzriken retomamos a Aláfia Filmes! Que alegria! Entre outros projetos, debatemos o longa “Muralha: O goleiro imbatível”: para flexibilizar os custos [já considerava um filme caro de ser produzido, mesmo sem experiência alguma com produto audiovisual], que tal Muralha como animação? Lorena topa a ideia, e eu sondo, via fone, o ilustrador Duardo Costa [que levei para trabalhar na arte da Flica, de 2014 a 2017]. A produtora leva o roteiro para decupar.
PS: Na tarde dessa quarta 16/04/15, mato a coluna “Crônitos” do meu blog [apago os posts e transformo a página do Facebook em “Livros de Emmanuel Mirdad” — depois, mudo para a minha página de escritor, onde lanço os meus livros a partir de 2017], e transfiro os contos para um novo livro. Qual? É claro: “Paisagem da insônia” revival.
Original de “Paisagem da insônia” enviado para registro
Na segunda 20/04/15, via fone, abro diálogo com o diretor Márcio Cavalcante, do documentário “Bahêa Minha Vida”, citado no romance. Pretendo que ele dirija o longa Muralha — marcamos uma reunião para o começo de maio. E, na quarta 29/04/15, eu e Lorena temos uma reunião com João Gomes e Sérgio Siqueira na Rede Bahia, para ver a possibilidade de oferecer produtos Aláfia Filmes para eles — como sempre, o problema é a falta de espaço para produções locais na grade da TV Bahia [ou seja, o longa Muralha, fatiado como série, impossível].
Paralelo à Aláfia, em abril também acontece: zero o arquivo de poemas, transformando-o em contos de “Paisagem da insônia” [como o xodó “Deserto poema”]; escrevo novos contos, como o xodó “Amante”, e finalizo o original de “Paisagem da insônia”, enviando-o para registro na Biblioteca Nacional [18 contos curtos, publicados no livro “Olhos abertos no escuro” em 2016]; limpo a estante e, via indicação de Mayrant Gallo, faço uma boa compra de autores que nunca li [Anton Tchekhov, Dino Buzzati, Guy de Maupassant...]; exemplares de “O grito do mar na noite” com defeito: somos obrigados a adiar o lançamento, que merda! [ao menos deu para encontrar erros e corrigi-los]; sessões de gravação do EP “Fluid”, da Orange Roots; prospectando festa literária em Madre de Deus; maratona “Game of Thrones”: 1
Com Fabrício Mota, Iuri Carvalho e Átila Santtana em 25/04/15, gravação do EP “Fluid”, da Orange Roots
Depois do feriadão de maio todo investido na maratona Game of Thrones [revi a 3
Na tarde da quarta 06/05/15, reunião de 2h com o diretor Márcio Cavalcante: apresento a história e o projeto de Muralha; ele curte e topa avaliar o roteiro [envio por e-mail assim que chego em casa]. Peço também ajuda em indicações de produtoras que topariam assinar/realizar o projeto [a Aláfia Filmes ainda não estava aberta nem tinha currículo; seria uma co-produtora de Muralha].
Com essa quantidade de locações, seria um filme caro
Mais uma reunião com Lorena no apê dela, em que trabalhamos no projeto de Muralha e debatemos que ator faria o papel do protagonista [desde janeiro que não consigo encontrar atores de pele muito escura, que sejam altos e fortes, com um rosto parecido com o que criei para Muralha, o que me faz cogitar o uso de um não-ator: por isso, indico o personal trainer Luiz Roque, então namorado da atriz/musa Cris Vianna]. Ao voltar para o apê 703-B, começo o trabalho de decupar o roteiro, que dura dessa segunda 11 até o domingo 17/05/15.
O personal trainer Luiz Roque. Foto: Sergio Baia
De volta ao apê no bairro Nazaré, tarde da segunda 18/05/15, eu e Lorena debatemos a decupagem, selecionamos a ordem da filmagem e quantificamos os figurantes [muita gente!!!] que precisaríamos [além de listar todos os personagens, qualificando-os]. Então, em três dias [19, 20 e 22/05/15], escrevi a apresentação e os objetivos do projeto Muralha [protelei as justificativas].
No 3º parágrafo, utilizo trecho do posfácio de Elieser Cesar [de “torcedores fanáticos...” a “...sórdido e ilegítimo que o futebol comporta”]
O amigo escritor Elieser Cesar prestigia o lançamento de “Nostalgia da lama” em 31/05/14. Foto: Leo Monteiro
PRESENTES DE ELIESER CESAR
Quarta, 06 de maio de 2015, noite. Por e-mail, o jornalista e escritor Elieser Cesar oferece os seus presentes ao romance: o posfácio “Muralha no gol e nada vida”, com quatro páginas, e sete impressões da leitura que fez.
No dia seguinte, quinta 07/05/15, escrevo no original as mudanças apontadas por Elieser, e reviso o posfácio. O amigo não aceita receber dinheiro pelo texto, mas topa o romance “O homem que amava os cachorros”, do cubano Leonardo Padura. Uma semana depois [14/05/15], à tarde, Elieser Cesar envia a versão final do posfácio, com cinco páginas e novo título: “Realismo mágico no futebol”. Reviso e insiro no original do romance.
OROBORO BAOBÁ [9
Trinta e quatro anos sem o mestre Bob Marley. Segunda, 11 de maio de 2015, cinco e vinte da tarde. Acabo de revisar o capítulo “O baba”, e dou por concluído o romance “Muralha: O goleiro imbatível” [ou seja, o original enviado para registro em abril já está defasado]. Ainda não sei o que fazer com ele.
Não quero mais publicá-lo na Via Litterarum [que vai lançar “O grito do mar na noite” em junho]. Não quero “sacrificá-lo” numa editora pequena, que não vai promovê-lo como [acho que] deve ser. Quero que a história de Muralha tenha destaque e circule bastante. Mas como, se as grandes editoras irão recusar o seu original? Talvez lance o romance junto com a estreia do filme. Talvez por fazer um filme com atores famosos, as grandes editoras queiram publicá-lo. Talvez...
PS 1: Nesse mês de maio de 2015, começo a trabalhar com a revisora Acácia Melo Magalhães [revisou os contos de “Paisagem da insônia”], indicada pelo editor Agenor Gasparetto, já que Mayrant recusou o serviço [mais à frente, ela fará a revisão do romance também].
PS 2: Ainda em maio/2015, começo a ler os contos do grande mestre russo Anton Tchekhov [o que me marcará para sempre].
REUNIÃO COM ZEBRINHA
Na véspera do feriadão de Corpus Christi, final da tarde da quarta 03/06/15, eu e Lorena Hertzriken nos reunimos com o bailarino, coreógrafo e diretor artístico Zebrinha [José Carlos Arandiba], uma das personalidades culturais mais importantes da Bahia, na sede do Balé Folclórico da Bahia, no Pelourinho. A reunião foi marcada pelo meu amigo DJ Branco, também presente ao encontro.
Eu queria me aproximar do gigante Lázaro Ramos, inseri-lo no longa, tanto como ator quanto produtor. Pensei em chegar nele via o seu mestre Zebrinha [eu também queria inseri-lo no projeto, para coreografar as defesas de Muralha, e ser um mentor e produtor também].
Conto-lhe um resumo da história, os objetivos do projeto, etc. Zebrinha ouve atento e recomenda que eu una a trilogia num roteiro/filme só, porque o que interessa é a redenção, o caminho completo, que o espectador possa entender e se emocionar de uma vez. Daí, faz a pergunta: “Você é negro?”. Respondo: “Não. E também não sou branco”. A reunião dá uma azedada. Justifico: “Como é que eu vou dizer que sou negro diante de você, Zebrinha?”.
Dois dias depois, na sexta 05/06/15, faço um resumo do argumento completo de Muralha, e envio por e-mail para Zebrinha, em que afirmo que irei refazer o roteiro, para tornar a trilogia num filme só. E isso compromete o projeto do longa: eu fico a adiar a refazenda do roteiro, priorizando outros trabalhos; bagunça o orçamento que Lorena estava responsável de montar; nos afasta de reuniões, sumimos da pauta, esfriamos a Aláfia Filmes, até ruir a parceria em agosto.
MURALHA SEM TRILHA
Estava numa de deixar o livro na gaveta até a concretização do filme. Até que, na segunda 08/06/15, a pesquisar sobre concursos literários no blog especializado [via dica de Elieser Cesar], implodo a gaveta: decido inscrever o romance na 1ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura. Está separado o rumo das mídias, até porque o filme seria um, e o livro seriam três [complica, sacana!].
Bom, se vou escrever num concurso nacional, para disputar com gato, cachorro e papagaio [premiados, veteranos e iniciantes], preciso revisitar a obra e tentar melhorá-la, né? Por exemplo: de cara, tenho de limar todos os trechos com a [desejada, não-certa] trilha de Muralha. Já pensou se não consigo acertar com os detentores dos direitos? Vou ter uma música publicada no livro [que vai ganhar o prêmio e ser divulgado primeiro do que o filme — pensamento positivo!], e outra diferente no filme. Lá ele! Quem é doido?
Nessa segundona, de volta ao original “terminado”, começo a revisar “Muralha: O goleiro imbatível”, e retiro todos os trechos [snif!] com referências a artistas e canções. Na real, quase todos. Não consigo limar “Meu Bem” e Luís Capucho. Esse lindo blues triste está tão atrelado ao meu texto, que é impossível limá-lo [está presente em “oroboro baobá”]. Relaxo: o folkman deve topar, de boa. E o personagem Dertan volta a ser um zé ninguém no romance [só conseguira incluir algumas músicas com o recurso dele ouvi-las no banco de reservas].
PS: Mantenho também as suítes de Bach interpretadas pelo mestre Mstislav Rostropovich [está presente em “oroboro baobá” também], mas essas não estavam garimpadas para a trilha [a citação foi incluída como uma “homenagem”, pois estava a ouvir o álbum “Bach: Cello Suites” (1995) como trilha para outros trampos além de Muralha].
Na véspera do feriadão de Corpus Christi, final da tarde da quarta 03/06/15, eu e Lorena Hertzriken nos reunimos com o bailarino, coreógrafo e diretor artístico Zebrinha [José Carlos Arandiba], uma das personalidades culturais mais importantes da Bahia, na sede do Balé Folclórico da Bahia, no Pelourinho. A reunião foi marcada pelo meu amigo DJ Branco, também presente ao encontro.
Eu queria me aproximar do gigante Lázaro Ramos, inseri-lo no longa, tanto como ator quanto produtor. Pensei em chegar nele via o seu mestre Zebrinha [eu também queria inseri-lo no projeto, para coreografar as defesas de Muralha, e ser um mentor e produtor também].
Sonhava com a maestria de Lázaro Ramos a interpretar o Bip-bip dessa época [uma mescla do polêmico + o investigativo Sanfilippo em “oroboro baobá”]. Foto: Bob Wolfenson
Conto-lhe um resumo da história, os objetivos do projeto, etc. Zebrinha ouve atento e recomenda que eu una a trilogia num roteiro/filme só, porque o que interessa é a redenção, o caminho completo, que o espectador possa entender e se emocionar de uma vez. Daí, faz a pergunta: “Você é negro?”. Respondo: “Não. E também não sou branco”. A reunião dá uma azedada. Justifico: “Como é que eu vou dizer que sou negro diante de você, Zebrinha?”.
Dois dias depois, na sexta 05/06/15, faço um resumo do argumento completo de Muralha, e envio por e-mail para Zebrinha, em que afirmo que irei refazer o roteiro, para tornar a trilogia num filme só. E isso compromete o projeto do longa: eu fico a adiar a refazenda do roteiro, priorizando outros trabalhos; bagunça o orçamento que Lorena estava responsável de montar; nos afasta de reuniões, sumimos da pauta, esfriamos a Aláfia Filmes, até ruir a parceria em agosto.
MURALHA SEM TRILHA
Estava numa de deixar o livro na gaveta até a concretização do filme. Até que, na segunda 08/06/15, a pesquisar sobre concursos literários no blog especializado [via dica de Elieser Cesar], implodo a gaveta: decido inscrever o romance na 1
Bom, se vou escrever num concurso nacional, para disputar com gato, cachorro e papagaio [premiados, veteranos e iniciantes], preciso revisitar a obra e tentar melhorá-la, né? Por exemplo: de cara, tenho de limar todos os trechos com a [desejada, não-certa] trilha de Muralha. Já pensou se não consigo acertar com os detentores dos direitos? Vou ter uma música publicada no livro [que vai ganhar o prêmio e ser divulgado primeiro do que o filme — pensamento positivo!], e outra diferente no filme. Lá ele! Quem é doido?
O cantor e compositor Luís Capucho, em foto [de Rafael Saar] para divulgação do disco “Poema Maldito” (2014), cuja faixa 9 é “Meu Bem”.
Nessa segundona, de volta ao original “terminado”, começo a revisar “Muralha: O goleiro imbatível”, e retiro todos os trechos [snif!] com referências a artistas e canções. Na real, quase todos. Não consigo limar “Meu Bem” e Luís Capucho. Esse lindo blues triste está tão atrelado ao meu texto, que é impossível limá-lo [está presente em “oroboro baobá”]. Relaxo: o folkman deve topar, de boa. E o personagem Dertan volta a ser um zé ninguém no romance [só conseguira incluir algumas músicas com o recurso dele ouvi-las no banco de reservas].
PS: Mantenho também as suítes de Bach interpretadas pelo mestre Mstislav Rostropovich [está presente em “oroboro baobá” também], mas essas não estavam garimpadas para a trilha [a citação foi incluída como uma “homenagem”, pois estava a ouvir o álbum “Bach: Cello Suites” (1995) como trilha para outros trampos além de Muralha].
O violoncelista Mstislav Leopoldovich Rostropovich (1927-2007). Foto daqui
REVISÃO EDITORIAL [1ª VEZ]
Segunda, 08 de junho de 2015, noite. Depois de terminar de ler o excelente “As noites difíceis”, do mestre Dino Buzzati, e passar no SSA shopping para comprar cartucho de tinta preta para a impressora, estreio no universo da revisão editorial [um trabalho que aprendi com Mayrant Gallo, apurei ao longo dos anos, e descobri que amo fazer].
Imprimo o original de “Muralha: O goleiro imbatível” e começo a revisar editorialmente o capítulo “O baba” [o trabalho é todo feito no home office do apê 703-B]. Funciona assim: ler em outro suporte facilita notar os erros e fraquezas do texto; com a caneta, risco e anoto as mudanças; depois, passo a limpo no original via computador.
Sigo a dica de Aurélio Schommer de abril passado, e retiro a informação “A jornada de José Santos é uma trilogia” do original. Corto “O samba nasceu na Bahia” e todo o trecho reflexivo da “Bahia pai canalha” da abertura do romance — avalio como excessivo e prefiro começar de uma maneira seca, com três linhas apenas.
Daí, por cinco dias seguidos, de terça a sábado [09 a 13/06/15], invisto quase trinta horas e reviso editorialmente o romance. Algumas novidades: percebo que só havia escrito sobre o uniforme de Muralha e o excepcional todo de branco de Porto Seguro na finalíssima [em homenagem a Marceleza], e resolvo honrar uma das simbologias principais do futebol [as cores dos times! — motivo original que me fez torcer pelo Flamengo], descrevendo os uniformes das adversárias [Bom Jesus da Lapa, São Francisco do Conde, Santaluz e Serrinha] e de Porto Seguro nas partidas do romance [cap. 3, 9, 12 e 19 da parte II].
Escrevo o original do xodó “recebe propostas de senhoras ricas; escolhe a que oferece o salário mais alto, para trabalhar exclusivamente como cozinheira — ainda assim, sente que é um valor insuficiente para honrar as qualidades do seu serviço” [cap. 4 parte I em 09/06/15]; corto o parágrafo que descrevia Maria trabalhando como doméstica na casa de Dona Tonica [“Maria passa o rodo (...) Maria lava uma ruma de roupa (...) Maria prepara um peixe (...) Maria limpa o banheiro (...)” e etc., similar à escalada “o tempo” de Maria brincando com o filho], por avaliar como mal escrito e apelativo [terminava assim: “Maria pensa que um dia será ela a flanar por sua casa, enquanto uma empregada fará o serviço que tanto já fez, e nunca mais fará de novo”] [cap. 16 parte I em 10/06/15].
Insiro a informação “O futebol tem disso: o que importa é o resultado” [esse absurdo chega até “oroboro baobá”: “A torcida é só aplauso e cânticos, esquecendo-se da atuação denunciada pelas vaias, pois o que lhe interessa é o resultado”]; retiro a frase “Nunca foi de dormir muito, e, de dia, nunca”, que vinha depois de “Muralha acorda às cinco e meia da manhã” [autobiográfica demais, passou da conta]; chega de fazer propaganda à toa, retiro as marcas do vinho e da cerveja no jantar no iate [cap. 12, 13 e 18 parte II em 12/06/15].
Modifico a explicação de Sanfilippo sobre Muralha, de “autista” para o original do xodó “Um alien, meu bem, Montanha é um alien!” — influenciado pelo “assombro” de Elieser Cesar, que viu o goleiro como um não-humano, “(...) se assemelha, de fato, a um herói dos quadrinhos, um cyborg no gol; uma máquina de pegar a bola (...) A impressão de que se trata de um robô, de um personagem de ficção científica enfiado num uniforme de goleiro”, antecipo a compreensão desse personagem como um além-humano, um “alien”, que só vai se confirmar como Mutujikaka mais à frente [cap. 19 parte II em 12/06/15].
Escrevo a ironia sobre Marcelino no enterro: “(...) fãs atônitos com a violência na cidade, sem saber que o próprio ídolo era um dos seus gerentes e cultivadores” [cap. 21 parte II em 13/06/15].
Segunda, 08 de junho de 2015, noite. Depois de terminar de ler o excelente “As noites difíceis”, do mestre Dino Buzzati, e passar no SSA shopping para comprar cartucho de tinta preta para a impressora, estreio no universo da revisão editorial [um trabalho que aprendi com Mayrant Gallo, apurei ao longo dos anos, e descobri que amo fazer].
Imprimo o original de “Muralha: O goleiro imbatível” e começo a revisar editorialmente o capítulo “O baba” [o trabalho é todo feito no home office do apê 703-B]. Funciona assim: ler em outro suporte facilita notar os erros e fraquezas do texto; com a caneta, risco e anoto as mudanças; depois, passo a limpo no original via computador.
Sigo a dica de Aurélio Schommer de abril passado, e retiro a informação “A jornada de José Santos é uma trilogia” do original. Corto “O samba nasceu na Bahia” e todo o trecho reflexivo da “Bahia pai canalha” da abertura do romance — avalio como excessivo e prefiro começar de uma maneira seca, com três linhas apenas.
Daí, por cinco dias seguidos, de terça a sábado [09 a 13/06/15], invisto quase trinta horas e reviso editorialmente o romance. Algumas novidades: percebo que só havia escrito sobre o uniforme de Muralha e o excepcional todo de branco de Porto Seguro na finalíssima [em homenagem a Marceleza], e resolvo honrar uma das simbologias principais do futebol [as cores dos times! — motivo original que me fez torcer pelo Flamengo], descrevendo os uniformes das adversárias [Bom Jesus da Lapa, São Francisco do Conde, Santaluz e Serrinha] e de Porto Seguro nas partidas do romance [cap. 3, 9, 12 e 19 da parte II].
Escrevo o original do xodó “recebe propostas de senhoras ricas; escolhe a que oferece o salário mais alto, para trabalhar exclusivamente como cozinheira — ainda assim, sente que é um valor insuficiente para honrar as qualidades do seu serviço” [cap. 4 parte I em 09/06/15]; corto o parágrafo que descrevia Maria trabalhando como doméstica na casa de Dona Tonica [“Maria passa o rodo (...) Maria lava uma ruma de roupa (...) Maria prepara um peixe (...) Maria limpa o banheiro (...)” e etc., similar à escalada “o tempo” de Maria brincando com o filho], por avaliar como mal escrito e apelativo [terminava assim: “Maria pensa que um dia será ela a flanar por sua casa, enquanto uma empregada fará o serviço que tanto já fez, e nunca mais fará de novo”] [cap. 16 parte I em 10/06/15].
Insiro a informação “O futebol tem disso: o que importa é o resultado” [esse absurdo chega até “oroboro baobá”: “A torcida é só aplauso e cânticos, esquecendo-se da atuação denunciada pelas vaias, pois o que lhe interessa é o resultado”]; retiro a frase “Nunca foi de dormir muito, e, de dia, nunca”, que vinha depois de “Muralha acorda às cinco e meia da manhã” [autobiográfica demais, passou da conta]; chega de fazer propaganda à toa, retiro as marcas do vinho e da cerveja no jantar no iate [cap. 12, 13 e 18 parte II em 12/06/15].
Modifico a explicação de Sanfilippo sobre Muralha, de “autista” para o original do xodó “Um alien, meu bem, Montanha é um alien!” — influenciado pelo “assombro” de Elieser Cesar, que viu o goleiro como um não-humano, “(...) se assemelha, de fato, a um herói dos quadrinhos, um cyborg no gol; uma máquina de pegar a bola (...) A impressão de que se trata de um robô, de um personagem de ficção científica enfiado num uniforme de goleiro”, antecipo a compreensão desse personagem como um além-humano, um “alien”, que só vai se confirmar como Mutujikaka mais à frente [cap. 19 parte II em 12/06/15].
Escrevo a ironia sobre Marcelino no enterro: “(...) fãs atônitos com a violência na cidade, sem saber que o próprio ídolo era um dos seus gerentes e cultivadores” [cap. 21 parte II em 13/06/15].
OROBORO BAOBÁ [10ª VERSÃO]
Domingo, 14 de junho de 2015, manhã. Escrevo no original as mudanças [revisadas ontem] no 23 da parte II e no último capítulo, e considero concluída a nova versão do romance “Muralha: O goleiro imbatível”, diferente da versão que está com o registro a tramitar na Biblioteca Nacional. Pela tarde, depois do almoço em família com a presença dos sobrinhos Maria Clara e Luiz Felipe, imprimo as três cópias [aff, que desperdício!] do romance para enviar ao prêmio pernambucano da Cepe.
Detalhe: penso em desistir da trilogia, juntar os três num livro só, chamado “O goleiro negro” [como pude pensar nisso, se havia acabado de gastar uma grana imprimindo mais de 500 páginas de uma versão que seria sacrificada? Que doido...].
DISPUTA POR PRÊMIO [1ª VEZ]
Na segunda, 15 de junho de 2015, manhã, depois de assistir ao último episódio da 5ª temporada de “Game of Thrones” [o começo da derrocada; embora tenha o incrível episódio “Hardhome”, a vez que o Rei da Noite mais botou para lenhar], faço todo o processo para participar do Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2015 com o meu romance “Muralha: O goleiro imbatível”: cartório para reconhecer firma, armarinho para encadernar as três cópias, Correios para enviar. Na torcida! PS: Devo ter investido uns duzentos reais [só de material e postagem] para participar.
MURALHA NA FOGUEIRA
Lá pela quarta 17/06/15, deixo o original que estava com Elieser Cesar com a atriz e produtora Daisy Andrade, que iria viajar à sua cidade natal, Vitória da Conquista, para curtir o São João em família [deixamos de ficar e desenvolvemos uma bela amizade]. Faço um pedido trabalhoso e ela topa: queimar a versão superada de “Muralha: O goleiro imbatível” em alguma fogueira dos festejos juninos [Daisy começou a ler o romance no ônibus, durante a viagem de mais de oito horas, e terminou em Conquista; depois, comentou as suas impressões].
Para mim, muito mais simbólico destruir a minha obra no fogo do que no lixo ou reciclá-la [embora que, ao longo dos anos, reaproveitei as muitas páginas superadas como papel de rascunho, proteção da cola do mouse pad estragado, lista de supermercado, etc.].
O pedido se torna um ritual. 23 de junho de 2015, noite de São João, Daisy não escolhe um lugar só: percorre várias ruas de Vitória da Conquista, de bairros distintos, na companhia do amigo músico João Omar [que fez as fotos], a queimar páginas do romance superado.
Na segunda, 15 de junho de 2015, manhã, depois de assistir ao último episódio da 5
MURALHA NA FOGUEIRA
Lá pela quarta 17/06/15, deixo o original que estava com Elieser Cesar com a atriz e produtora Daisy Andrade, que iria viajar à sua cidade natal, Vitória da Conquista, para curtir o São João em família [deixamos de ficar e desenvolvemos uma bela amizade]. Faço um pedido trabalhoso e ela topa: queimar a versão superada de “Muralha: O goleiro imbatível” em alguma fogueira dos festejos juninos [Daisy começou a ler o romance no ônibus, durante a viagem de mais de oito horas, e terminou em Conquista; depois, comentou as suas impressões].
Daisy Andrade lê o original de Muralha no ônibus para Vitória da Conquista
Para mim, muito mais simbólico destruir a minha obra no fogo do que no lixo ou reciclá-la [embora que, ao longo dos anos, reaproveitei as muitas páginas superadas como papel de rascunho, proteção da cola do mouse pad estragado, lista de supermercado, etc.].
O pedido se torna um ritual. 23 de junho de 2015, noite de São João, Daisy não escolhe um lugar só: percorre várias ruas de Vitória da Conquista, de bairros distintos, na companhia do amigo músico João Omar [que fez as fotos], a queimar páginas do romance superado.
2015 LITERÁRIO
Meses a trabalhar no romance, e tome-lhe mais literatura em 2015: “O grito do mar na noite” revisado e finalizado [com um posfácio incrível de Mayrant Gallo — aplaudido pelo mestre Hélio Pólvora quando vivo, que disse que deveria estar no começo da edição, e não no fim — e orelha do amigo escritor Márcio Matos] publicado pela baiana Via Litterarum, com excelente divulgação [fiz a assessoria de imprensa, que rendeu uma página inteira do jornal Correio, matéria no A Tarde, G1, TVE Revista, Soterópolis, Educadora FM... — apenas 1 pessoa desconhecida, uma gaúcha, foi ao lançamento por conta dessas matérias], lançado no bar & restaurante Confraria do França, no Rio Vermelho, na terça 30/06/15 [fotos aqui].
“Paisagem da insônia” revisado e finalizado. A 2ª edição do “Abrupta sede” [lançado em 2010], com os melhores contos reescritos [trabalhei pesado em julho], fundida ao “Paisagem da insônia” [título volta ao limbo], torna-se [no sábado 18/07/15] o próximo livro a ser lançado pela Via Litterarum, “Olhos abertos no escuro”, com 30 contos e homenagem a Mayrant Gallo [o título é retirado de um conto do mestre; o amigo escritor Carlos Barbosa escreveu o posfácio, e Victor Mascarenhas, a orelha].
Na cabeceira, a alegria de conhecer a grande obra do mestre russo Anton Tchekhov, principalmente o livro predileto “O beijo e outras histórias”, com o melhor conto: “Enfermaria nº 6”. Influenciado por essas leituras, resgato um conto e o reescrevo como o xodó “Despedaço” [só consegui porque li Tchekhov]. Outra alegria foi descobrir a obra do mestre italiano Dino Buzzati [do colosso “O deserto dos tártaros”].
Faço a revisão editorial, Acácia Melo Magalhães a revisão ortográfica, e “Olhos abertos no escuro” fica pronto na terça 25/08/15, enviado para registro na Biblioteca Nacional [dias depois, reviso a nova orelha de Victor e anuncio o fim nas redes sociais — um investimento de 263 horas de trabalho em 100 dias, de 2006 a 2015]. A pretensão da Via Litterarum é lançar em novembro ou dezembro.
Além dos livros, 2015 literário também na Flica, com a entrada do Governo da Bahia de uma maneira muito mais ampla, como patrocinador “apresenta”, demandando mais reuniões com as secretarias e visitas técnicas em Cachoeira.
PS [nada a ver]: A gravação do EP “Fluid” se estendeu por junho e julho [eu até gravei guitarra pela 1ª vez], e os instrumentos foram concluídos em agosto, restando apenas a voz para o EP da Orange Roots.
Meses a trabalhar no romance, e tome-lhe mais literatura em 2015: “O grito do mar na noite” revisado e finalizado [com um posfácio incrível de Mayrant Gallo — aplaudido pelo mestre Hélio Pólvora quando vivo, que disse que deveria estar no começo da edição, e não no fim — e orelha do amigo escritor Márcio Matos] publicado pela baiana Via Litterarum, com excelente divulgação [fiz a assessoria de imprensa, que rendeu uma página inteira do jornal Correio, matéria no A Tarde, G1, TVE Revista, Soterópolis, Educadora FM... — apenas 1 pessoa desconhecida, uma gaúcha, foi ao lançamento por conta dessas matérias], lançado no bar & restaurante Confraria do França, no Rio Vermelho, na terça 30/06/15 [fotos aqui].
Na função de autografar “O grito do mar na noite” em 30/06/15. Foto: Yomã Ferreira Mattiello
“Paisagem da insônia” revisado e finalizado. A 2
Na cabeceira, a alegria de conhecer a grande obra do mestre russo Anton Tchekhov, principalmente o livro predileto “O beijo e outras histórias”, com o melhor conto: “Enfermaria n
Anton Tchekhov (foto daqui)
Faço a revisão editorial, Acácia Melo Magalhães a revisão ortográfica, e “Olhos abertos no escuro” fica pronto na terça 25/08/15, enviado para registro na Biblioteca Nacional [dias depois, reviso a nova orelha de Victor e anuncio o fim nas redes sociais — um investimento de 263 horas de trabalho em 100 dias, de 2006 a 2015]. A pretensão da Via Litterarum é lançar em novembro ou dezembro.
Original de “Olhos abertos no escuro” enviado para registro
Além dos livros, 2015 literário também na Flica, com a entrada do Governo da Bahia de uma maneira muito mais ampla, como patrocinador “apresenta”, demandando mais reuniões com as secretarias e visitas técnicas em Cachoeira.
PS [nada a ver]: A gravação do EP “Fluid” se estendeu por junho e julho [eu até gravei guitarra pela 1
Sede da Mandacaru Filmes em Salvador (foto daqui)
REUNIÃO COM MANDACARU FILMES
Quarta, 19 de agosto de 2015, manhã. Participo de uma reunião com o pessoal da Mandacaru Filmes, na sede deles, proposta pelo diretor Márcio Cavalcante. Eles querem produzir um longa e Márcio indicou Muralha. Apresento a história aos sócios; eles comentam, querem que eu mude, torne mais comercial, mais “fácil” para o espectador, quem sabe com a inclusão de um relacionamento afetivo. Assim como a opinião de Zebrinha, aconselham a sintetizar a história num roteiro/filme só. Caso eu consiga, a Mandacaru Filmes topa o projeto de Muralha.
Acertamos o prazo de um mês para que eu finalizasse o roteiro. Doideira pura: a Flica tá na boca, o volume de trabalho aumentando a cada semana, e ainda tem o evento de lançamento em setembro. Enfim, não quero perder essa oportunidade que tanto desejei.
Tópicos do brainstorm Muralha com Márcio Cavalcante em 20/08/15
No dia seguinte, quinta 20/08/15, volto à sede da Mandacaru Filmes para o solícito Márcio Cavalcante me ajudar. À tarde, botamos a cabeça para funcionar numa reunião de brainstorm sobre mudanças para Muralha. Surge um monte de possibilidade. Cabe a mim botar no funil e escrever [#sqn; não aproveitei nada do que foi sugerido — na real, não aceitei inserir um romance na história].
Convidei Lorena para trabalhar na produção da Flica 2015 para aliviar o nosso desacerto na Aláfia Filmes, e fiquei feliz por ela ter topado.
FIM DA ALÁFIA FILMES
Quarta, 26 de agosto de 2015, noite. Por telefone, informo à produtora Lorena Hertzriken a minha desistência da Aláfia Filmes. Não queria mais tentar produzir cinema. Vou investir apenas em ser roteirista e, quem sabe um dia, diretor. Ofereço a ela a marca e o nome da empresa, mas Lorena não aceita. A nossa parceria acaba, antes de abrir a empresa.
PS: Ao menos uma alegria na reunião seguinte dessa quarta 26: via Skype, conheço o cantor e compositor baiano Jahgun, residente em Los Angeles há anos, indicado pelo amigo empresário Rafael Costa, do Surforeggae. Super disposto, topa ouvir as músicas do EP “Fluid” [curte e elogia o som, mais tarde]. No sábado 29/08/15, aceita a proposta e marca a gravação da sua voz no EP para o final de setembro.
Segunda, 31 de agosto de 2015, tarde. Motivado pelo interesse da Mandacaru Filmes na história do goleiro imbatível [muito por conta do diretor Márcio Cavalcante], decido recomeçar o trabalho no roteiro adaptado do romance “Muralha: O goleiro imbatível”, e modifico o título do longa para “Muralha” [mais fácil de trabalhar o comercial; de volta à origem]. No home office do apê 703-B [todo o processo é feito aí], reviso a cena de abertura em 45 minutos.
O diretor Márcio Cavalcante (foto daqui)
4º TRATAMENTO
Tome-lhe tesoura: enxugo o roteiro, o máximo que posso [excluo quase 80 cenas]. Desisto da treta Marcelino [diminuo a sua importância] vs Sanfilippo [mexo no dirigente: não é mais filho de Dom Brito, e já é quase o Juvêncio de “oroboro baobá”], corto partidas [três delas viram um clipe só; jogo cheio só a estreia de Muralha e a finalíssima — para baratear a produção] e excluo Santaluz [estádio e delegacia], troco o meu Amadô pelo Intermunicipal, transfiro a fuga de Muralha pela cidade para Porto Seguro depois do título, etc.
Terça, 1
O personagem Sanfilippo de “oroboro baobá” começa a surgir com a reestruturação de Bip-bip nesse 4
Daí, invisto quase 24 horas de trabalho em sete dias [02 a 05 + 07 + 10 e 11/09/15], para avançar nas mudanças do 4º tratamento. Algumas novidades:
Sexta, 04/09/15 — Depois de meia hora pensando em novos rumos para a história, invento: Na cena 27, insiro um novo diálogo, em que o dirigente apresenta a documentação falsa comprada para Muralha [o original do xodó “Qual é a desse sobrenome Barbosa?/ É uma homenagem! (...)/ Não vai dar azar, não?/ Nada.../ (...) E o cartório?/ Nosso contato no Oeste é correria. É Coelho que tá no esquema”].
Sexta, 04/09/15 — Depois de meia hora pensando em novos rumos para a história, invento: Na cena 27, insiro um novo diálogo, em que o dirigente apresenta a documentação falsa comprada para Muralha [o original do xodó “Qual é a desse sobrenome Barbosa?/ É uma homenagem! (...)/ Não vai dar azar, não?/ Nada.../ (...) E o cartório?/ Nosso contato no Oeste é correria. É Coelho que tá no esquema”].
Na cena 29, também crio diálogo: o original de “Sem ele, quem fará os gols?/ Paca resolve (...)/ Você vai ser demitido, Xandão (...)/ E assassinado”. Modifico a ordem das adversárias de Porto Seguro na fase final do campeonato, com São Francisco do Conde nas quartas, Serrinha na semifinal e Bom Jesus da Lapa na final, e insiro Jequié nas oitavas [apenas citada por Bip-bip na cena 30] — e assim seguiu até “oroboro baobá”, com a volta de Santaluz para o lugar de Serrinha.
Na cena 36, retiro o sarau de Bom Jesus da Lapa e insiro apenas Filosofalice em Porto Seguro [já que Bom Jesus da Lapa agora só aparece na final]. Crio a cena 39, o original de “No ponto de ônibus, há outros trabalhadores; com receio, espiam quem não se aproxima. O ônibus abre a porta. Sobe por último, deixando que a aglomeração entre”.
Sábado, 05/09/15 — Analiso os novos rumos e crio: na cena 48, Dom Brito não é mais o pai do dirigente de Porto Seguro; escrevo o original de “(...) Vamos ter badejo. (...) Goleiro? (...) Conversa fiada... (...) Não custa (...) Vou avaliar, Juvêncio, tens a minha palavra”.
Segunda, 07/09/15 — Em pleno feriadão, overdose de 4
Na cena 52, invento a entrevista exclusiva com Marceleza sobre Muralha no programa de Bip-bip; depois que Muralha amassa a foto da mãe e a joga numa lixeira, invento, na cena 56, que o xereta do Bip-bip resgata a foto e se bole todo para saber quem é aquela jovem.
Na cena 58, crio que [o agora jornalista investigativo] Bip-bip analisa a foto de Maria e se oferece para escrever um livro-reportagem sobre Muralha [presto uma “homenagem” a Agenor Gasparetto, editor da Via Litterarum — depois, modifico para um genérico editor paulista]; no final da cena 60, boto Bip-bip para se preocupar com a ausência de Muralha na comemoração, o original de “Assim como Bip-bip, o dirigente Juvêncio se preocupa (...) Cadê você, Montanha?”.
Quinta, 10/09/15 — Pela manhã, reunião com o produtor Ailton Pinheiro na Mandacaru Filmes [queria saber a quantas andava o roteiro; uma cobrança sadia, para adiantar o lado deles — até toparam aumentar o prazo de entrega para depois da Flica —; afinal, se não rolasse para Muralha, fariam outro longa]. À tarde, reviso uma cena e a transformo na nova 65, com novidades: coloco o iate no mar de Trancoso, o jantar é só entre Marceleza e Dom Brito, e o tiro de misericórdia no artilheiro é dado por Taca Fogo [bem melhor do que ser morto por um estranho na pensão].
Sexta, 11/09/15 — Crio a cena 67, em que a reflexão “Muralha não precisa de nada (...) É o que parece ecoar de suas atitudes...” passa a ser texto de Bip-bip para o livro-reportagem [assim como está em “oroboro baobá”, nos escritos de Sanfilippo]. Com o novo Sanfilippo quase Juvêncio, refaço a troca de alfinetadas com Dom Brito no diálogo da pensão, cena 68, criando o original do xodó “Não tarda e os abutres chegam (...) O principal tá na minha frente. (...) Dom Brito gosta do elogio”.
OROBORO BAOBÁ [11
O trampo no 4
Fui inconsequente ao aceitar a proposta da Mandacaru Filmes. Afinal, é preciso tempo para criar. E eu não teria tempo em setembro. No trampo da Flica, eu era o responsável pela logística, ou seja, montava todos os translados dos autores e negociava com eles, com a agência, hotel, etc. [fiz esse trabalho por cinco edições, de 2011 a 2015]. E a logística estava acontecendo em agosto e setembro.
Com Marcus Ferreira [sócio Cali] e os escritores Victor Mascarenhas, Cristovão Tezza, Carpinejar e Sônia Rodrigues, pós-almoço do evento de lançamento da Flica 2015
Além de fazer a coordenação geral de tudo na Flica, ajudar na captação e curadoria, fazer visita técnica, reuniões com o patrocinador Governo da Bahia, compliquei ainda mais o tempo: a minha empresa Cali e a parceira Icontent realizaram o evento de lançamento da Flica 2015 na Caixa Cultural de Salvador, em 18 e 19 de setembro, com abertura do governador Rui Costa, e cinco mesas literárias + programação infantil & musical. Socorro! Como é que dá para fazer isso tudo? [e ainda mantive o tempo do lazer para me divertir e relaxar mesmo, curtindo um namoro novo]
Com o imortal Antonio Torres, escritor homenageado da Flica 2015, no evento de lançamento da 5ª edição da festa, Caixa Cultural de Salvador. Foto: Egi Santana
Não deu. Segunda, 21 de setembro de 2015, quatro da tarde. Abro o arquivo do 4
Uma adaptação mal consegue representar a força da história de Muralha. Chega! Estou frustrado com o cinema [assistira a um monte de porcaria, enquanto que a literatura me proporcionara o encanto de mestres como Anton Tchekhov e Dino Buzzati]. Desisto do sonho/projeto de trabalhar com o audiovisual, para me dedicar apenas à arte literária [e, de quebra, continuar com a música, a minha cachaça]. Adiós, cinema...
PS: Aviso a desistência e agradeço a oportunidade ao pessoal da Mandacaru Filmes, e principalmente ao diretor Márcio Cavalcante, que acreditou no projeto. Jogo fora a 1
Gravei a entrevista do programa Ciclo de Literatura em 18/10/15, último dia da 5ª edição da Flica. Só veio a ser exibido pela TVE em 2020. Info aqui
NOVO TÍTULO [5ª VEZ]
Depois de produzir a gravação da voz [28 e 30/09/15] de Jahgun no EP da Orange Roots, e de coordenar a equipe de produção [pela última vez; cargo em que trabalhei nas edições de 2011 a 2015] na realização da 5ª edição da Flica [veja um resumo do evento aqui], decido retomar o romance “Muralha: O goleiro imbatível”.
Meses atrás, fiquei sabendo da maravilha do Prêmio Sesc de Literatura [a melhor opção para um autor inédito (na categoria): publicado pela editora Record, visibilidade na mídia nacional e oportunidade de participar de eventos como a Flip], e decidi participar da edição 2016. O engraçado foi que, depois de investir tempo e dinheiro na inscrição do romance no Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2015, passei a torcer para perder; avaliei que o concurso do Sesc era mais interessante para mim.
Quarta, 28 de outubro de 2015, manhã. Mesmo sem saber o resultado do Cepe, estou de volta ao romance, na função de revisá-lo e prepará-lo para a inscrição no Sesc, no começo de 2016. Modifico o título para “Muralha”, seguindo o que fiz no 4º tratamento [incompleto] do roteiro. Nessa onda, também desisto da trilogia de romances [por isso, descarto o posfácio de Elieser Cesar, sem avisar o amigo — como iria ganhar o prêmio, pensei que a editora é que decidiria os textos do posfácio e orelha; também por isso, não contatei CH Schroeder].
Quero atualizar o livro com as últimas ideias da história. Troco a estrutura dividida em partes [“O baba”, “Antes da Seleção”, “Camisa 23 de Porto Seguro” e “O imbatível”] por capítulos corridos. Reviso a abertura e sigo para a gravação da Orange Roots. Dedico mais um dia de trabalho e resolvo parar o processo [não adiantaria nada caso ganhasse o Cepe; tenho de aguardar o resultado].
PERDE PRÊMIO [1ª VEZ]
Finalmente o EP “Fluid”, da Orange Roots, com cinco músicas minhas [dentre elas, o single “My Heart is an Actor”], fica pronto na sexta 06/11/15. Os acertos para a sociedade no projeto se encaminham nesse novembro laranja [além de Rafael Costa e Jahgun, o artista Max Fonseca também topa]. E os acertos finais na edição de “Olhos abertos no escuro” também, que segue para a gráfica.
Alegria? Sim! Na segunda 16/11/15, divulgam o resultado e o meu livro toma fumo na 1ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura [ganha o romance histórico do mineiro Sérgio Correa de Siqueira]. Estou liberado para retomar “Muralha”, focado no prêmio do Sesc. Dia seguinte, lançamento agendado de “Olhos abertos no escuro” para 15 de dezembro, mais uma vez num bar/restaurante [nunca lancei uma obra em livraria, para correr da garfada de 50% no melhor dia para vendas].
A LIBÉLULA
Quarta, 29 de julho de 2015, noite de lançamento dos novos livros de Mayrant Gallo e Carlos Barbosa na Confraria do França, a amiga poeta Mônica Menezes apresenta a sua filha para mim. Imediatamente, sinto-me encantado. Dias a seguir, nos conectamos com muita afinidade e logo começamos a namorar. A fotógrafa Sarah Fernandes se torna o grande presente desse maravilhoso ano de 2015.
A relação me insere numa convivência familiar de muito apreço literário, com os então amigos escritores Mônica Menezes [mãe] e Carlos Barbosa [padrasto]; agora, sogros. Parceira, ela me prestigia na Flica, e uma das fotos que produz em Cachoeira, coloco na capa de “Olhos abertos no escuro”.
No sábado 07/11/15, na Sala de Arte da Ufba e no Palacete das Artes, em Salvador, Sarah Fernandes faz as fotos minhas para divulgação do lançamento de “Olhos abertos no escuro”, e ainda começa a gravar os vídeos comigo a promover o livro “O grito do mar na noite” [eu li trechos selecionados de todos os contos em locações diversas, todas gravadas por ela, e postei os vídeos no YouTube, mas não teve repercussão alguma e nenhuma venda aconteceu por conta deles — tempos depois, retirei todos, envergonhado pelo fracasso].
A FURIOSA
Domingo, 22 de novembro de 2015, tarde. A passear com Sarah na Praça Ana Lúcia Magalhães, Pituba, conversamos sobre “Muralha”. Começa aí a longa relação da fotógrafa com o romance.
Eu tomo a decisão de retirar do livro a história do passado do goleiro. Crio: posso reaproveitar esse conteúdo em uma nova obra, intitulada “A furiosa”, sobre uma lutadora invencível, que herdaria como mãe a Maria, tendo mais lógica uma história apenas com mulheres, mostrando a força delas. Daí, fico entupido de dúvidas sobre “Muralha”. Sarah apoia a nova ideia, argumenta com precisão e não me deixa desistir do romance.
Então, sem saco para escrever, dedico semanas a seguir em prol da divulgação dos meus livros de contos [o editor Agenor Gasparetto me alerta que a gráfica estava tendo uns atrasos, mas que os exemplares de “Olhos abertos no escuro” estariam garantidos no lançamento — senti um mal presságio].
NOVO TÍTULO [6ª VEZ]
Segunda, 07 de dezembro de 2015, apê 703-B. No feriadão enforcado & baiano de oito de dezembro, tô na função de divulgar os vídeos “O grito do mar na noite”, de pagar os fornecedores da Flica 2015, e com o sangue no olho para finalmente retomar o romance. Como de costume, começo pelo título: abandono “Muralha” [decisão tipo “ah, cansei”] por “O goleiro”. Separo os capítulos com a história de Maria e os arquivo [oh, glória, que bom que não apaguei!] no original de “A furiosa”, o próximo romance a ser escrito.
NOVO TÍTULO [7ª VEZ]
O encanto pelo livro “Correntezas e outros estudos marinhos” amplifica as mudanças no meu romance: nessa quarta 09/12/15, home office do apê 703-B, troco o título de “O goleiro” para “Uma porta fechada para o inútil”, um verso do poema “Desenlace”, de Lívia Natália.
PS: Nem tudo são flores. À tarde, a gráfica informa problemas, e, provavelmente, não entregará os exemplares de “Olhos abertos no escuro” a tempo do lançamento, semana que vem.
150º DIA OROBORO
Quinta, 10 de dezembro de 2015. Ou 150º dia de trabalho em “oroboro baobá”. Estou no apê 703-B, e quero ter um novo começo no romance, sem ter futebol logo de cara [nunca gostei de fato dessa sugestão de CH Schroeder]. Então, à tarde, desloco o trecho do baba na aldeia, que abria o romance, de volta à ordem original. Penso e decido criar um trecho mais reflexivo, ensaístico, para abrir a história [contrário à interpretação anterior, em que preferi começar “seco”]. Recupero o parágrafo “Bahia pai canalha”, cortado em 08/06/15, e o desenvolvo num novo texto, com quatro parágrafos [o original do xodó “À primeira vista, a Bahia é feminina (...)”, presente em “oroboro baobá” nos escritos de Sanfilippo em Caraíva].
Antes de embarcar para curtir um dos shows mais esperados da minha vida, do mestre maior da guitarra David Gilmour, em São Paulo, revejo três capítulos na manhã da sexta 11/12/2015. À tarde, na sala de embarque no aeroporto, recebo a notícia ruim via Agenor: problemas na montagem da capa de “Olhos abertos no escuro”. Suspendo a divulgação na imprensa. Que mico!
Na segunda 14/12/15, um dia antes do lançamento, a gráfica confirma que não consegue enviar os exemplares [só chegaram uma semana depois]. Cancelado na véspera. PQP! Fracassa toda a assessoria que fiz, fracassa a divulgação [quando lançamos “Olhos abertos no escuro” no mês seguinte, não saiu NADA na imprensa].
Fico tão PUTO com isso, que não quero saber do romance. Escrever para quê? Ser humilhado? Largo de banda, vou fazer outras coisas. Visito Andréia Gallo no hospital, mostro a homenagem que fiz ao seu companheiro Mayrant em “Olhos...”. Dias depois, ela perde a batalha contra o câncer e morre. Tristeza no velório, tristeza no funeral, quarta 30/12/15. O amigo e mestre está arrasado.
31 de dezembro, último dia de 2015, manhã. Sinto que é hora de retomar. Só isso. Em quase duas horas, no apê 703-B, faço pequenos ajustes nos capítulos já trabalhados. O prazo para inscrever no Prêmio Sesc de Literatura 2016 está apertadíssimo. Será que vou conseguir? À noite, na companhia de Sarah Fernandes, e dos escritores Mônica Menezes e Carlos Barbosa, me despeço de um ano que considero maravilhoso; apesar das perdas e fracassos, muitos sucessos e amor.
AGRADECIMENTOS 2015
Dedico-o, com reverência, a Martha Anísia e Kátia Moema, amadas mãe e irmã, que sempre me incentivaram a ser escritor, e à memória dos meus saudosos mestres: Hélio Pólvora (1928-2015), André Setaro (1950-2014) e Ildegardo Rosa (1931-2011).
Faço o meu agradecimento especial para os amigos Victor Mascarenhas, Fabrício Mota e Mayrant Gallo, que, de forma decisiva, sinalizaram problemas e falhas no enredo, o que me fez modificar os rumos desta fábula, e ao amigo português Filipe Sousa, que revisou as falas de Dom Brito.
Agradecimento especial também ao amigo Elieser Cesar, que, generosamente, escreveu sobre este romance. Agradeço também a Sarah Fernandes, Darino Sena, Márcio Cavalcante, Daisy Andrade, Aurélio Schommer, Ivan Dias Marques, Tom Correia, Lorena Hertzriken, Tabajara Ruas e Gustavo Castellucci, entre tantos outros, que ouviram ou leram a ficção e me deram dicas valiosas.
CONTABILIDADE 2015
Em 2015, invisto 394 horas e 25 minutos em 107 dias [em todos os meses, exceto julho] para escrever “oroboro baobá”.
4ª fase
15h e 20min | 07 dias*
Janeiro de 2015
[Conto “Muralha”]
[Conto “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”]
5ª fase
57h e 45min | 15 dias* **
Janeiro e Fevereiro de 2015
[Roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” — 1º tratamento]
* 24/01/15 teve trabalho na 4ª e 5ª fases
6ª fase
87h e 50min | 23 dias**
Fevereiro e Março de 2015
[Roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” — 2º tratamento]
** 02/02/15 teve trabalho na 5ª e 6ª fases
7ª fase
154h | 38 dias
Fevereiro a Maio de 2015
[Romance “Muralha: O goleiro que nunca tomou gol”]
[Romance “Muralha: O goleiro imbatível”]
[Roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” — 2º tratamento]
[Roteiro “Muralha: O goleiro imbatível” — 3º tratamento]
8ª fase
33h e 45min | 07 dias
Junho de 2015
[Romance “Muralha: O goleiro imbatível”]
9ª fase
32h e 10min | 11 dias
Agosto a Setembro de 2015
[Roteiro “Muralha” — 4º tratamento — incompleto]
10ª fase
13h e 35min | 08 dias
Outubro a Dezembro de 2015
[Romance “Muralha: O goleiro imbatível”]
[Romance “Muralha”]
[Romance “O goleiro”]
[Romance “Uma porta fechada para o inútil” — incompleto]
Depois de produzir a gravação da voz [28 e 30/09/15] de Jahgun no EP da Orange Roots, e de coordenar a equipe de produção [pela última vez; cargo em que trabalhei nas edições de 2011 a 2015] na realização da 5
Meses atrás, fiquei sabendo da maravilha do Prêmio Sesc de Literatura [a melhor opção para um autor inédito (na categoria): publicado pela editora Record, visibilidade na mídia nacional e oportunidade de participar de eventos como a Flip], e decidi participar da edição 2016. O engraçado foi que, depois de investir tempo e dinheiro na inscrição do romance no Prêmio Cepe Nacional de Literatura 2015, passei a torcer para perder; avaliei que o concurso do Sesc era mais interessante para mim.
A Flica 2015 foi a minha despedida da função de coordenador de produção [saudade, equipe!]
Quarta, 28 de outubro de 2015, manhã. Mesmo sem saber o resultado do Cepe, estou de volta ao romance, na função de revisá-lo e prepará-lo para a inscrição no Sesc, no começo de 2016. Modifico o título para “Muralha”, seguindo o que fiz no 4
Quero atualizar o livro com as últimas ideias da história. Troco a estrutura dividida em partes [“O baba”, “Antes da Seleção”, “Camisa 23 de Porto Seguro” e “O imbatível”] por capítulos corridos. Reviso a abertura e sigo para a gravação da Orange Roots. Dedico mais um dia de trabalho e resolvo parar o processo [não adiantaria nada caso ganhasse o Cepe; tenho de aguardar o resultado].
“O grande massacre das vacas”, de Sérgio Corrêa de Siqueira, foi o romance vencedor da 1ª edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura
PERDE PRÊMIO [1
Finalmente o EP “Fluid”, da Orange Roots, com cinco músicas minhas [dentre elas, o single “My Heart is an Actor”], fica pronto na sexta 06/11/15. Os acertos para a sociedade no projeto se encaminham nesse novembro laranja [além de Rafael Costa e Jahgun, o artista Max Fonseca também topa]. E os acertos finais na edição de “Olhos abertos no escuro” também, que segue para a gráfica.
Alegria? Sim! Na segunda 16/11/15, divulgam o resultado e o meu livro toma fumo na 1
A fotógrafa Sarah Fernandes
A LIBÉLULA
Quarta, 29 de julho de 2015, noite de lançamento dos novos livros de Mayrant Gallo e Carlos Barbosa na Confraria do França, a amiga poeta Mônica Menezes apresenta a sua filha para mim. Imediatamente, sinto-me encantado. Dias a seguir, nos conectamos com muita afinidade e logo começamos a namorar. A fotógrafa Sarah Fernandes se torna o grande presente desse maravilhoso ano de 2015.
A relação me insere numa convivência familiar de muito apreço literário, com os então amigos escritores Mônica Menezes [mãe] e Carlos Barbosa [padrasto]; agora, sogros. Parceira, ela me prestigia na Flica, e uma das fotos que produz em Cachoeira, coloco na capa de “Olhos abertos no escuro”.
“Janela verde”, foto de Sarah Fernandes, capa de “Olhos abertos no escuro”
No sábado 07/11/15, na Sala de Arte da Ufba e no Palacete das Artes, em Salvador, Sarah Fernandes faz as fotos minhas para divulgação do lançamento de “Olhos abertos no escuro”, e ainda começa a gravar os vídeos comigo a promover o livro “O grito do mar na noite” [eu li trechos selecionados de todos os contos em locações diversas, todas gravadas por ela, e postei os vídeos no YouTube, mas não teve repercussão alguma e nenhuma venda aconteceu por conta deles — tempos depois, retirei todos, envergonhado pelo fracasso].
Foto de Sarah Fernandes em 07/11/15, uma das minhas prediletas
A FURIOSA
Domingo, 22 de novembro de 2015, tarde. A passear com Sarah na Praça Ana Lúcia Magalhães, Pituba, conversamos sobre “Muralha”. Começa aí a longa relação da fotógrafa com o romance.
Eu tomo a decisão de retirar do livro a história do passado do goleiro. Crio: posso reaproveitar esse conteúdo em uma nova obra, intitulada “A furiosa”, sobre uma lutadora invencível, que herdaria como mãe a Maria, tendo mais lógica uma história apenas com mulheres, mostrando a força delas. Daí, fico entupido de dúvidas sobre “Muralha”. Sarah apoia a nova ideia, argumenta com precisão e não me deixa desistir do romance.
Então, sem saco para escrever, dedico semanas a seguir em prol da divulgação dos meus livros de contos [o editor Agenor Gasparetto me alerta que a gráfica estava tendo uns atrasos, mas que os exemplares de “Olhos abertos no escuro” estariam garantidos no lançamento — senti um mal presságio].
Gravação do programa Ciclo de Literatura [veja aqui].
Foto: Sarah Fernandes
NOVO TÍTULO [6
Segunda, 07 de dezembro de 2015, apê 703-B. No feriadão enforcado & baiano de oito de dezembro, tô na função de divulgar os vídeos “O grito do mar na noite”, de pagar os fornecedores da Flica 2015, e com o sangue no olho para finalmente retomar o romance. Como de costume, começo pelo título: abandono “Muralha” [decisão tipo “ah, cansei”] por “O goleiro”. Separo os capítulos com a história de Maria e os arquivo [oh, glória, que bom que não apaguei!] no original de “A furiosa”, o próximo romance a ser escrito.
Epígrafe de Lívia Natália garimpada para o meu romance
EPÍGRAFE [3ª ESCOLHA]
Na noite de oito de dezembro, vou para o lançamento de “Correntezas e outros estudos marinhos”, da poeta baiana Lívia Natália [atração da Flica 2015]. No dia seguinte, quarta, 09 de dezembro de 2015, devoro a obra com emoção. Estou impactado. Que beleza! Que versos! No apê 703-B, decido: troco as epígrafes de Tabajara Ruas e Eckhart Tolle por uma retirada do poema “Abandono”, de Lívia Natália [dedicado ao seu pai]: “Enquanto espero, tudo é horizonte/ e adivinho seu rosto antigo/ na anatomia das pedras”.
Garimpei esse verso de Lívia Natália para o título do meu romance
O encanto pelo livro “Correntezas e outros estudos marinhos” amplifica as mudanças no meu romance: nessa quarta 09/12/15, home office do apê 703-B, troco o título de “O goleiro” para “Uma porta fechada para o inútil”, um verso do poema “Desenlace”, de Lívia Natália.
PS: Nem tudo são flores. À tarde, a gráfica informa problemas, e, provavelmente, não entregará os exemplares de “Olhos abertos no escuro” a tempo do lançamento, semana que vem.
“Correntezas e outros estudos marinhos”, de Lívia Natália, é um dos livros prediletos dos anos 10
150
Quinta, 10 de dezembro de 2015. Ou 150
Pinto no lixo à entrada do show de David Gilmour em Sampa, 12/12/15. Foto: Sarah Fernandes
Na segunda 14/12/15, um dia antes do lançamento, a gráfica confirma que não consegue enviar os exemplares [só chegaram uma semana depois]. Cancelado na véspera. PQP! Fracassa toda a assessoria que fiz, fracassa a divulgação [quando lançamos “Olhos abertos no escuro” no mês seguinte, não saiu NADA na imprensa].
Fico tão PUTO com isso, que não quero saber do romance. Escrever para quê? Ser humilhado? Largo de banda, vou fazer outras coisas. Visito Andréia Gallo no hospital, mostro a homenagem que fiz ao seu companheiro Mayrant em “Olhos...”. Dias depois, ela perde a batalha contra o câncer e morre. Tristeza no velório, tristeza no funeral, quarta 30/12/15. O amigo e mestre está arrasado.
31 de dezembro, último dia de 2015, manhã. Sinto que é hora de retomar. Só isso. Em quase duas horas, no apê 703-B, faço pequenos ajustes nos capítulos já trabalhados. O prazo para inscrever no Prêmio Sesc de Literatura 2016 está apertadíssimo. Será que vou conseguir? À noite, na companhia de Sarah Fernandes, e dos escritores Mônica Menezes e Carlos Barbosa, me despeço de um ano que considero maravilhoso; apesar das perdas e fracassos, muitos sucessos e amor.
Martha Anísia e Kátia Moema em 22/08/15
AGRADECIMENTOS 2015
Dedico-o, com reverência, a Martha Anísia e Kátia Moema, amadas mãe e irmã, que sempre me incentivaram a ser escritor, e à memória dos meus saudosos mestres: Hélio Pólvora (1928-2015), André Setaro (1950-2014) e Ildegardo Rosa (1931-2011).
Faço o meu agradecimento especial para os amigos Victor Mascarenhas, Fabrício Mota e Mayrant Gallo, que, de forma decisiva, sinalizaram problemas e falhas no enredo, o que me fez modificar os rumos desta fábula, e ao amigo português Filipe Sousa, que revisou as falas de Dom Brito.
Agradecimento especial também ao amigo Elieser Cesar, que, generosamente, escreveu sobre este romance. Agradeço também a Sarah Fernandes, Darino Sena, Márcio Cavalcante, Daisy Andrade, Aurélio Schommer, Ivan Dias Marques, Tom Correia, Lorena Hertzriken, Tabajara Ruas e Gustavo Castellucci, entre tantos outros, que ouviram ou leram a ficção e me deram dicas valiosas.
Dos livros lidos e relidos [durante o processo de escrita e fora dos dias de trabalho no romance] em 2015, são estes acima os que eu considero como os mais importantes para a minha formação como leitor e escritor
Em 2015, invisto 394 horas e 25 minutos em 107 dias [em todos os meses, exceto julho] para escrever “oroboro baobá”.
4
15h e 20min | 07 dias*
Janeiro de 2015
[Conto “Muralha”]
[Conto “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol”]
5
57h e 45min | 15 dias* **
Janeiro e Fevereiro de 2015
[Roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” — 1
* 24/01/15 teve trabalho na 4
6
87h e 50min | 23 dias**
Fevereiro e Março de 2015
[Roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” — 2
** 02/02/15 teve trabalho na 5
7
154h | 38 dias
Fevereiro a Maio de 2015
[Romance “Muralha: O goleiro que nunca tomou gol”]
[Romance “Muralha: O goleiro imbatível”]
[Roteiro “Muralha: o goleiro que nunca tomou gol” — 2
[Roteiro “Muralha: O goleiro imbatível” — 3
8
33h e 45min | 07 dias
Junho de 2015
[Romance “Muralha: O goleiro imbatível”]
9
32h e 10min | 11 dias
Agosto a Setembro de 2015
[Roteiro “Muralha” — 4
10
13h e 35min | 08 dias
Outubro a Dezembro de 2015
[Romance “Muralha: O goleiro imbatível”]
[Romance “Muralha”]
[Romance “O goleiro”]
[Romance “Uma porta fechada para o inútil” — incompleto]
Comentários